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Cana-de-açúcar: nutrição em fase final de ciclo

A cana de açúcar é uma cultura com alta exigência nutricional. Para garantirmos canaviais com altas produtividades, um dos pilares em que devemos focar é a nutrição. Para suprir a reposição nutricional extraída nos ciclos anteriores, devemos ter análises de solo em mãos para tomar as decisões corretas sobre a adubação.

Podemos realizar a adubação em 3 momentos no decorrer do desenvolvimento da cultura. O primeiro deles é a via solo, realizado logo após a colheita do canavial, na qual suprimos os principais macro e micronutrientes exigidos pela cultura.

Em um segundo momento realizamos a complementação nutricional pela via foliar, com o objetivo de suplementar a adubação via solo. A aplicação foliar ocorre no período de maior taxa de desenvolvimento vegetativo da cana (novembro a fevereiro), com o objetivo de fornecer nutrientes, principalmente os micronutrientes não inseridos via solo. O terceiro momento é a adubação foliar em fase final de ciclo ou pré-maturação, que deve ocorrer de março até o momento da pré-colheita. Essa última etapa vem sendo vista como uma estratégia produtiva para favorecer processos fisiológicos da planta, aumento dos teores sacarose, aumento da produtividade e redução dos impactos do estresse hídrico. Por isso, este artigo visa apresentar a importância do manejo nutricional em fase final de ciclo ou pré-maturação com o objetivo de favorecer o acúmulo de sacarose, reduzir estresse hídrico e garantir um equilíbrio nutricional.

Figura 1: Momentos das aplicações nutricionais

Uso de pré-maturadores no início de safra

Os maturadores ou reguladores vegetais são utilizados para a maturação da cana-de-açúcar em períodos de alto crescimento vegetativo da planta, garantindo a precocidade da maturação. Esses reguladores atuam fisiologicamente na planta reduzindo seu desenvolvimento e desencadeando o acúmulo de sacarose nos colmos. Com isso, podemos realizar a antecipação da colheita e promover melhoria na qualidade da matéria-prima entregue para a indústria, e consequentemente maior retorno econômico. A prática de associar o manejo nutricional (pré-maturadores) com os maturadores é uma alternativa para aumentar os ganhos, como vimos anteriormente.

O manejo nutricional no final de ciclo visa corrigir possíveis deficiências ou desequilíbrio nutricional e prepara a planta para o ciclo de maturação. Os pré-maturadores contêm macro e micronutrientes associados ou não com aminoácidos. Esses nutrientes estão relacionados com o transporte e acúmulo de sacarose na planta.

O potássio está associado a enzimas responsáveis pela produção de sacarose e atua na abertura e fechamento dos estômatos. O magnésio e o nitrogênio são essenciais para fornecimento de energia para a fotossíntese. Além dos macronutrientes, os micros também são de suma importância no processo de melhoria da qualidade da matéria prima.

O boro atua auxiliando o transporte da sacarose. O cobre, manganês e molibdênio são essenciais em processos enzimáticos. Os nutrientes presentes no adubo foliar vão auxiliar a planta em seus processos fisiológicos, proporcionando maior acúmulo de sacarose nos colmos. O uso de adubo foliar em fase final de ciclo também tem a finalidade de atenuar os efeitos desfavoráveis dos maturadores, além de aumentar o ATR do canavial e potencializar a resposta dos maturadores. Existem diversos pré-maturadores disponíveis no mercado; verifique com seu consultor técnico comercial para escolher a melhor opção para seu canavial.

Tecnologia de aplicação

No mercado há diversas tecnologias que são essenciais para garantirmos resultados mais eficientes para adubação foliar. Entre elas podemos citar: tipo de ponta de pulverização, uso de adjuvantes, formulações, fontes da matérias-primas, entre outros. A escolha da ponta de pulverização é de suma importância para, a partir dela, garantirmos a deposição do adubo sobre a planta, tamanho da gota, vulnerabilidade a fatores climáticos como umidade, temperatura e vento.

Sempre é importante consultar o fabricante sobre os limites aceitáveis para garantir melhores resultados. No dia a dia, nos deparamos com diversas situações em que junto ao adubo foliar são adicionados ao tanque de pulverização herbicidas, inseticidas ou fungicidas. Por isso, com essa mistura, temos a possibilidade de adicionar adjuvantes com o objetivo de melhorar as condições físico-químicas da calda. Os micronutrientes da adubação foliar podem vir na forma de quelatos, suspensões concentradas e sais. Cada fonte possui suas características específicas e precisamos nos atentar a elas. De maneira geral, os quelatos são mais utilizados, já que são menos suscetíveis à precipitação no tanque de pulverização. Abaixo, temos uma tabela com as vantagens e desvantagens de cada formulação das fontes dos adubos foliares.

Figura 2: Características das principais fontes para adubação foliar. Fonte: Otto (2021).

De maneira geral, por conta do porte do canavial, a aplicação de adubo foliar em fase final de ciclo é realizada com aviões ou drones. Para cada modalidade, é importante ficarmos atentos aos limites climáticos exigidos pelos fabricantes, às condições do equipamento em uso e modo de preparo da calda. Cada formulação tem uma ordem de mistura que devemos respeitar para uma boa homogeneidade da calda.

Com isso, a adubação foliar em final de ciclo é uma importante fonte de nutrientes para alcançarmos melhores resultados em nossas lavouras, buscando aumentar o TCH e TAH, além de atenuar os efeitos do estresse hídrico. Todas as informações expostas neste material podem ser obtidas com nosso time Coopercitrus. Para mais informações, procure uma de nossas unidades ou entre em contato com nossos consultores técnicos comerciais.

Rafael Alves, Desenvolvimento Técnico de Mercado da Coopercitrus.

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