A cigarrinha-das-raízes (Mahanarva fimbriolata) é uma das pragas de maior importância econômica da cana-de-açúcar. Seus prejuízos à lavoura chegam a 50% de reduções em produtividade e 30% na qualidade de matéria-prima. A palha depositada pela colheita mecanizada é o ambiente ideal para a sobrevivência e proliferação dessa praga, uma vez que auxilia na proteção dos ovos que estão em diapausa durante o inverno, além de proporcionar abrigo para todas as fases do ciclo biológico da cigarrinha, dificultando seu controle. O início das chuvas, associado ao aumento de temperatura, é o momento de maior atenção, pois favorece a eclosão dos ovos.
O ciclo de vida da cigarrinha dura, em média, 80 dias e possui três fases de desenvolvimento: ovos, ninfas e adultos.
Os danos causados na fase de ninfa são perfurações nas raízes para alimentação e liberação de toxinas. Assim, os colmos passam a ser ocos, rachados ou enrugados e apresentam redução de espessura.
Quando adultos, apresentam aparelho bucal que suga a seiva das folhas e colmos, além de liberar toxinas prejudiciais ao desenvolvimento da cultura. As folhas apresentam sintoma de queima (manchas amareladas que ficam avermelhadas e, posteriormente, opacas), reduzindo a capacidade fotossintética. Observe abaixo os danos à produtividade em função das diferentes épocas da colheita:
Portanto, controlar a primeira geração de cigarrinhas é primordial, pois o número de insetos neste momento é menor. Caso a população inicial passe despercebida, a infestação tende a se intensificar, dificultando o controle de gerações subsequentes.
O monitoramento deve começar de 20 a 30 dias após o início das chuvas (com periodicidade quinzenal). A eclosão dos ovos em diapausa depende da presença de umidade no solo por 15 dias consecutivos.
O levantamento consiste na contagem de ninfas/m na linha da cultura e deve ser realizado por meio de entradas nos talhões, de modo a se amostrar pelo menos 5 pontos/ha, analisando 5 metros de 2 linhas paralelas em cada ponto. Para isso, avalia-se o desenvolvimento de espuma esbranquiçada, semelhante a espuma de sabão densa (imagem 1), pois, ao se alojar nas touceiras, as ninfas produzem a espuma para proteção até atingir a fase adulta.
Já o monitoramento de adultos pode ser feito com armadilhas para contagem de insetos. Nesta fase, as fêmeas apresentam coloração marrom-avermelhada e os machos tons mais avermelhados, com faixas pretas longitudinais (Williams et al.,1969), sendo as fêmeas maiores.
O nível de dano econômico é de 4 a 12 ninfas/m e 1 adulto/cana, e o nível de controle é de 2 a 4 ninfas/m e 0,5 a 0,75 adulto/cana. Porém, não é indicado que se atinjam tais níveis, pois no campo existem vários imprevistos operacionais que podem afetar o controle da cigarrinha. Assim, a presença de uma ninfa ou um adulto já é suficiente para o início das aplicações.
Um bom controle depende, além das práticas culturais (uso de variedades resistentes, precoces e bem nutridas) de um manejo que integre todas as ferramentas disponíveis (físicas, biológicas e químicas). O método físico consiste na remoção da palha da linha de plantio (enleiramento), expondo a praga ao clima e garantindo maior contato com o alvo em controles químicos e biológicos.
O manejo biológico apresenta resultados muito positivos para o controle da cigarrinha e é uma ferramenta interessante para a época do início das chuvas (1ª geração da praga). O fungo entomopatogênico Metarhizium anisopliae se mostra muito eficiente para a redução das populações. Embora de difícil acesso no passado, sendo obtido através da lavagem de arroz que servia como meio de cultura, hoje o Metarhizium possui formulações práticas para aplicação que estão disponíveis para todos os cooperados da Coopercitrus.
Já o controle químico se dá por meio do uso de inseticidas de choque ou residuais. Os de choque são focados em baixar a população de ninfas e adultos de maneira imediata; normalmente são utilizados pirazóis e piretróides. O residual é alcançado com moléculas a base de neonicotinoides, comumente já utilizados no controle de Sphenophorus levis.
Toda a aplicação deve ser compatível com o local de alojamento da praga e a capacidade operacional da propriedade. Por isso, devemos focar no uso de pingentes, corte de soqueira e, em último caso, aplicações aéreas.
Portanto, a atenção no período úmido que se inicia deve ser redobrada para controle efetivo da primeira geração da praga, evitando altas populações. O manejo integrado, com os métodos adequados para cada realidade, vai garantir o sucesso no manejo da cigarrinha-das-raízes. Por isso, procure a unidade de negócios da Coopercitrus mais próxima e agende uma visita de nossos agrônomos para auxiliá-lo em todo o sistema de produção de cana-de-açúcar.
Marcus Vinicius Alves – Desenvolvimento Técnico de Mercado da Coopercitrus