A exportação de gado vivo é um nicho de mercado que compõem as receitas do Brasil, eleva o reconhecimento do setor agropecuário e proporciona retornos diretos aos pecuaristas.
Em 2022, os países da União Europeia, México, Canadá, Austrália, Estados Unidos e Brasil desempenharam um papel significativo nas exportações de bovinos, representando coletivamente 91,88% do mercado global.
A participação brasileira no mercado mundial de bovinos vivos foi de 3,78%. Quando consideramos apenas os países mencionados (países da União Europeia, México, Canadá, Austrália, Estados Unidos e Brasil), a contribuição do Brasil correspondeu a 4,11% do mercado.
Principais exportadores de bovinos em pé em 2022, em mil cabeças
Em 2019, a exportação brasileira de bovinos em pé começou a diminuir, e o preço médio também, passando de US$2,27/kg em julho de 2018 para US$1,99/kg em julho de 2019 (Secex).
Com a pandemia a exportação de bovinos vivos caiu ao seu menor patamar em 2021, quando foram exportadas 57.779 cabeças, com faturamento de US$63,95 milhões, um dos poucos segmentos do agro nacional prejudicado pela pandemia.
Além do fator pandemia e seus entraves logísticos, aumentou o custo do frete marítimo, que é a principal via brasileira de escoamento dos bovinos vivos. Esse aumento fez com que os importadores optassem pelas regiões próximas, evitando as regiões distantes. A elevação nos preços dos insumos de produção, como milho e soja, teve impacto direto no custo, resultando em aumento nos preços da arroba do boi. Esse aumento contribuiu para a queda nas exportações, uma vez que tornou os produtos brasileiros menos competitivos no mercado internacional durante este período.
Entretanto, a recuperação da exportação de bovinos em pé é notável. Em 2022, foram exportadas 194 mil cabeças, com faturamento de US$191.746 milhões. Já em 2023, até início de outubro, foram exportadas 385.168 cabeças, com faturamento de US$350.729 milhões, crescimento de 55,0% no faturamento. Vale ressaltar, que ainda se tem um trimestre pela frente para incrementar esses números.
Comportamento da exportação de bovinos em pé, em milhares de cabeças, por ano
Faturamento em dólares com a exportação de bovinos em pé, por ano
Principais estados exportadores
Ao longo dos anos, o Pará tem mantido a liderança. Até setembro, foram exportadas pelo estado, 132.464 cabeças, gerando um faturamento de US$137.787 milhões. Esses números correspondem a 38,0% do faturamento total das exportações desse setor. Na sequência estão Rio Grande do Sul e São Paulo.
Desempenho na exportação de bovino em pé, dos principais estados, em 2023*
Região | No. de cabeças | Faturamento US$ |
Pará | 132.464 | 137.787.556,00 |
Rio Grande do Sul | 116.642 | 82.868.596,00 |
São Paulo | 20.893 | 16.404.745,00 |
Não declarados | 115.169 | 113.668.824,00 |
Não declarados: Referente aos embarques sem nota fiscal apresentada até o momento e/ou UF de origem.
Fonte: Secex / Elaborado por Scot Consultoria
Desde 2022, o embarque de bovinos vivos no Rio Grande do Sul vem aumentando, e em setembro, o estado exportou 116.642 cabeças, resultando em um faturamento de US$82.868 milhões, o que representa 23,0% do faturamento total.
Representatividade dos principais exportadores de bovinos em pé no Brasil, por faturamento, nos últimos anos.
Principais compradores
Os principais destinos das exportações de bovinos do Brasil, em 2023, se concentram nos países do Oriente Médio. A Turquia comprou 293.290 cabeças ou 83,75% da exportação. Seguido pelo Egito que comprou 25.853 cabeças, Líbano (24.945) e Iraque (14.233).
Participação dos principais países importadores de bovinos em pé do Brasil, nos últimos anos
Principais países importadores de bovinos em pé do Brasil, em porcentagem, em 2023*
Em resumo, o mercado de bovinos vivos é promissor, com perspectiva de crescimento. O rebanho brasileiro atende de forma satisfatória às demandas dos compradores em qualidade, raça, quantidade e preço.
As expectativas iniciais para 2023 apontavam para a exportação de cerca de 207 mil bovinos, o que representaria um aumento de 6,25% em relação a 2022. No entanto, surpreendentemente, o Brasil já exportou 385.168 cabeças até o início de outubro. As expectativas foram não apenas alcançadas, mas superadas de maneira notável, resultando em um aumento de 98,0% em comparação com 2022, até o momento.
Por Alcides Torres, engenheiro agrônomo, fundador e CEO da Scot Consultoria; e Ana Paula Oliveira, zootecnista, médica veterinária, me; analista de mercado da Scot Consultoria.