O tomate Lycopersicum esculentum L. é a principal hortaliça produzida no país e se concentra em quatro regiões brasileiras (Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul).
O plantio das cultivares do grupo indeterminado, sob sistema de tutoramento, é o mais comum no Sudeste e no Sul e o mais representativo dessas regiões; já o rasteiro para mesa está concentrado no Nordeste e no estado de Goiás. Quanto ao processamento, boa parte da produção está nos estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo, próxima às indústrias.
Atualmente, o Brasil ocupa a 10ª posição na produção mundial de tomate, estando atrás apenas de outros grandes produtores: China, Índia, Estados Unidos da América, Turquia, Egito, Itália, Irã e Espanha. No país, o tomate é cultivado em praticamente todos os estados em maior ou menor escala, sendo Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro os principais produtores.
O tomateiro é uma cultura bastante suscetível ao ataque de pragas e doenças, como a mosca-branca, que é considerada uma das principais pragas. Na prática, os ataques desse inseto podem afetar o desenvolvimento das plantas e reduzir a produtividade e a qualidade da produção. A gravidade dos danos pode variar de acordo com a cultura.
A população dessa praga tem aumentado nos últimos anos, e os ataques têm sido mais severos, o que implica grandes perdas na cultura em regiões importantes de produção de tomate no Brasil, como no Nordeste, mais especificamente no Vale do São Francisco, o qual sofreu redução de área plantada e desestabilização da tomaticultura.
A melhor forma de eliminar essa praga é conhecê-la, saber como ela age na lavoura e as técnicas de combatê-la eficazmente.
O que é a mosca-branca?
A mosca-branca é um inseto sugador que se alimenta da seiva das plantas lhes transmitindo várias viroses.
Seu ciclo de vida é de 25 a 30 dias – podendo variar de acordo com o clima – e se divide em quatro fases: ovo, ninfa, pupa e adulto. Além disso, sua reprodução acontece de forma rápida. Atualmente, esse inseto é um dos mais comuns e dispersos no mundo. Estudos Tomate x mosca-branca:
desafios no controle apontam que existem mais de 40 biótipos da espécie e, no Brasil, o biótipo B é o predominante.
A mosca-branca é bastante agressiva e apresenta um difícil controle devido às suas características: potencial reprodutivo, ciclo biológico curto, grande número de plantas hospedeiras, adaptação a adversidades ambientais, resistência a inseticidas e transmissão de viroses.
Ciclo de vida da mosca-branca
Identificação
Para identificação da mosca-branca, é necessário verificar a existência de adultos e ovos, os quais são normalmente encontrados na parte de baixo das folhas.
Os adultos possuem coloração amarelo-palha e as fêmeas são maiores que os machos; já os ovos têm formato de pera e ficam agrupados nas folhas.
Para identificar a mosca-branca na lavoura, fique de olho na coloração de cada fase do inseto.
No primeiro ínstar, possui coloração branco-esverdeada e formato de corpo plano.
No segundo ínstar, apresenta coloração branco-esverdeada.
No terceiro ínstar, as ninfas são ligeiramente transparentes, com coloração entre verde-pálida e escura e olhos vermelhos.
No quarto ínstar, as ninfas têm formato oval e parecem ter uma cauda. Elas são planas e transparentes e com olhos vermelhos visíveis.
Danos e Sintomas
A mosca-branca pode causar danos diretos e indiretos.
Por ser um inseto de hábito sugador, ela se alimenta da seiva de plantas e transmite viroses, como as Begomovirus e Crinivirus, que injetam toxinas nas plantas ocasionando queda de vigor, maturação desigual dos frutos e isoporização da polpa (perda de textura e sabor). Esses danos reduzem a produtividade e a qualidade dos frutos.
Isoporização da polpa
O principal dano causado pela mosca-branca no tomateiro é a transmissão do vírus denominado geminivírus, que pode causar perdas de 20 a 100% na produtividade.
As plantas contaminadas podem apresentar inicialmente folíolos com clorose internerval, que evolui para um mosaico amarelo; as folhas se tornam coriáceas, com intensa rugosidade, e podem sofrer dobramento ou enrolamento dos bordos para cima.
Outro dano causado e de grande impacto é a fumagina nas folhas, nos ramos e nos frutos do tomate. Fungos oportunistas do gênero Capnodium sp se desenvolvem na planta e se alimentam das excreções açucaradas liberadas pela alimentação da mosca-branca, o que é altamente prejudicial à atividade fotossintética da planta, pois causa danos severos e queda na produção e qualidade de frutos.
Manejo e controle da mosca-branca
Nos períodos secos e quentes, são observados maiores picos populacionais. Por isso, para iniciar um plantio de tomate, deve-se avaliar a presença ou ausência do inseto na área e a suscetibilidade do cultivar ao vírus. O manejo da praga geralmente exige medidas preventivas e curativas distribuídas em três fases durante ciclo do tomate: controle da mosca-branca na sementeira e na fase de plântula; controle da mosca-branca durante o período crítico da cultura; e controle da mosca-branca
após o período crítico.
Os métodos de controle que podem ser empregados são controle cultural, controle químico, controle
biológico, controle com parasitóides e predadores. O tratamento preventivo é essencial no controle da
mosca-branca e antecipar o tratamento da muda ou semente é uma alternativa. A “vacina” das mudas nos viveiros a fim de adquirir uma planta tratada é outra forma de prevenção que minimiza riscos que possam ocorrer no tratamento do campo. A eliminação dos restos de cultura, o preparo do solo antecipado, o escalonamento do plantio, a adoção de barreiras vivas, a eliminação de plantas hospedeiras, como Corda-de-viola, Guanxuma, Leiteiro, Malva-branca, Maxixe, Melão-de-São-Caetano, Serralha e Picão-preto, no local e entorno e o monitoramento constante são técnicas necessárias que auxiliam no controle.
O uso de inseticidas tem sido a base do controle desse inseto. Os principais grupos químicos de inseticidas usados no controle de B. tabaci são os de ação neurotóxica neonicotinoides (acetamiprido, imidacloprido, tiametoxam), os piretroides, como a cipermetrina e organofosforados (acefato), os reguladores de crescimento (buprofezin, pyriproxyfen,) e os de ação no tecido muscular (ciantraniprole e clorantraniliprole), porém, devido ao uso repetitivo e intensivo de produtos com o mesmo ingrediente ativo (I.A) e ao mecanismo de ação, tem-se notado uma queda na eficácia de alguns produtos, por isso a rotação entre grupos químicos deve ser utilizada para aumentar a vida útil dos inseticidas. Não se recomenda realizar a aplicação de um único produto e aumentar sua dose, pois isso favorece a resistência da população de insetos, além disso a mistura de inseticidas não é eficiente e não deve ser efetuada, com exceção de misturas registradas.
Fica evidente a necessidade da adoção de técnicas do manejo integrado de pragas (MIP), rotatividade de ingredientes ativos, associação de uso de inseticidas biológicos, podendo citar o uso de Beauveria bassiana, e adoção de medidas de controle adequadas – tais como práticas culturais, cultivares resistentes e uso racional de inseticidas.
Perspectivas para o Futuro
O crescente consumo mundial de alimentos vem refletindo no aumento do uso de produtos químicos e
biológicos na agricultura. Os biológicos têm ganhado mais espaço no mercado de hortaliças e se tornado
uma ferramenta eficiente para o controle de diferentes pragas e doenças. Investimentos em estudos e no desenvolvimento de novas moléculas têm sido realizados a fim oferecer uma maior diversificação.
Atualmente, existem 55 produtos biológicos registrados para o controle da mosca-branca B. tabaci biotipo B em todas as culturas, e eles estão disponíveis para consulta no Agrofit.
Várias espécies de inimigos naturais têm sido identificadas em associação com o complexo de espécies de mosca-branca. No grupo de predadores, foram identificadas dezesseis espécies das ordens Hemiptera, Neuroptera, Coleoptera e Diptera. Entre os parasitóides, identificaram-se 37 espécies de micro-himenópteros.
Os parasitóides dos gêneros Encarsia, Eretmocerus e Amitus são os mais encontrados. No grupo de entomopatógenos, várias espécies são citadas, como: Verticillium lecanii, Aschersonia aleyrodis, Paecilomyces fumosoroseus e Beauveria bassiana. Portanto, as boas práticas agrícolas vêm sendo aprimoradas dia após dia garantindo uma maior segurança alimentar com frutos
de alto padrão e qualidade, além de alta seguridade dos alimentos produzidos.