Com carreira internacional e forte atuação na liderança de projetos voltados para o setor sucroenergético, Guilherme Nastari é hoje uma voz relevante da nova geração do agro brasileiro. Economista pelo IBMEC-SP e mestre em Agroenergia pela FGV, ele é diretor da DATAGRO, consultoria global em açúcar, etanol e biocombustíveis e organizadora do GAFFFF, o Global Agribusiness Festival, que busca aproximar o agro dos grandes centros urbanos.
Nesta entrevista à seção Tendências no Agro, Nastari aborda os desafios e as oportunidades do agronegócio sustentável no Brasil, fala sobre o papel estratégico das cooperativas na inclusão produtiva e tecnológica, compartilha sua experiência pessoal com a sucessão familiar na DATAGRO e reforça o potencial brasileiro como protagonista na produção de energia, alimentos e soluções para o clima.
Coopercitrus – Na sua visão, o que diferencia o agro brasileiro de outros países quando se fala em sustentabilidade produtiva?
Guilherme Nastari – O Brasil se tornou o grande exemplo de uma operação em escala continental, eficiente e com uma das gestões mais sustentáveis e responsáveis do mundo. O caso brasileiro é utilizado em muitas regiões como um exemplo prático de que é possível produzir comida e energia de forma complementar e acessível.
Coopercitrus – Enquanto alguns países ainda associam o agro à emissão de carbono, o Brasil tem exemplos reais de soluções sustentáveis. O que precisamos mostrar com mais força?
Guilherme Nastari – Apesar de atualmente o agro brasileiro ser essa potência em escala e eficiência global, ainda precisamos desenvolver muito nossas capacidades de comunicação e valorização de marcas. Novas ferramentas de marketing podem potencializar muito o acesso e a consolidação de mercados internacionais.
Coopercitrus – A DATAGRO é organizadora do GAFFFF. Qual é o propósito do evento?
Guilherme Nastari – O GAFFFF surge em 2012 com o objetivo de proporcionar um ambiente para discussões das principais pautas internacionais que impactam diretamente toda a cadeia de produção e distribuição. O GAFFFF tem como objetivo promover o agro em todos os lugares, e especialmente nos grandes centros urbanos, fazendo com que tenhamos um melhor reconhecimento e valorização do grande trabalho que é realizado diuturnamente por um contingente enorme de pessoas dedicadas e muitas vezes abnegadas. O Global Agribusiness Festival, o GAFFFF, possui 4 pilares: Fórum, Fair, Food e Fun.
Fórum: através de ambiente neutro e independente, promover discussões e debates de assuntos que impactam o agronegócio brasileiro e mundial. Fair: promover a conexão comercial e institucional de todos os elos da cadeia. Food: através dos alimentos, conectar o cliente ao produtor. Fun: trazer parte importante da cultura do agro para os grandes centros urbanos.
Coopercitrus – Como você vê o papel das cooperativas, como a Coopercitrus, nesse contexto?
Guilherme Nastari – O cooperativismo certamente é uma das formas mais eficientes de organização do lado produtivo. Países com cooperativas fortes também possuem um agronegócio forte. As cooperativas conectam o produtor com o que tem de mais novo e atualizado no mundo, trazendo atualização, inovações, novas tecnologias, competitividade e abrindo mercados que não seriam acessíveis caso os produtores estivessem operando de forma individualizada.
Coopercitrus – Você é filho do Dr. Plínio Nastari, referência no agro, e hoje toca a DATAGRO com protagonismo. Conte sobre sua experiência de sucessão familiar.
Guilherme Nastari – Tenho muito orgulho de ser filho de um brasileiro como o Dr. Plínio Nastari. Nós aqui na DATAGRO seguimos de forma diligente, focados e com muito amor às orientações que recebemos dele. O Dr. Plínio é um exemplo de dedicação, simplicidade e eficiência para todos da Família DATAGRO. Sucessão se faz todo o dia e para todo mundo. O Dr. Plínio começou o processo de sucessão há 46 anos, quando decidiu começar a DATAGRO com a dona Rute.
Coopercitrus – O que pode inspirar jovens a assumirem as propriedades e os negócios familiares com propósito?
Guilherme Nastari – Para a sucessão acontecer, o patriarca precisa transferir conhecimento e metodologia, mas o mais importante é o respeito pela história e a responsabilidade em perpetuar os valores e os princípios éticos que constituíram a base da empresa, permanecendo sempre atuais e conectados com o que há de mais avançado no mundo. Não existe setor mais atual e moderno do que o agronegócio no Brasil.
Coopercitrus – Se pudesse deixar uma mensagem para os cooperados da Coopercitrus sobre o agro sustentável, qual seria?
Guilherme Nastari – O Brasil é o país do futuro. Só depende de nós aproveitarmos as inúmeras oportunidades que recebemos quase diariamente. Grande parte da comida, da energia e da possibilidade concreta de redução das emissões de carbono vão vir do Brasil no futuro.
Coopercitrus – O que você gostaria que o mundo ouvisse do agro brasileiro?
Guilherme Nastari – Que o Brasil é uma opção viável e barata para auxiliar o mundo a resolver os principais desafios da humanidade nos próximos 100 anos.