A demanda global por carne aumenta ano a ano e, mesmo com as restrições dos EUA, o Brasil mantém o protagonismo na exportação e é referência de competitividade no mercado mundial.
Com o desencadeamento da “guerra” comercial pelos Estados Unidos, o mundo começou a olhar além das barreiras levantadas.
E, quando o assunto é carne bovina, todos os olhos, ou melhor, bocas, se voltam para o Brasil.
Em um primeiro momento, o acordo comercial entre o Mercosul e União Europeia começa a se desenrolar, mas precisa da aprovação de alguns países europeus. Mas, caminha para uma cota de 99 mil toneladas para a carne bovina.
Essa é uma excelente oportunidade para os países do Mercosul (Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai), que terão menos restrições para a exportação de mel, soja, açúcar e outros produtos do agronegócio.
Sobre os Estados Unidos, as rotas comerciais de abastecimento de carne bovina foram “desbalanceadas” e alteradas, mesmo assim os norte-americanos continuam comprando a carne bovina brasileira.
No último relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), referente aos dias de 24/8 a 30/8, o Brasil continua vendendo carne aos estadunidenses, representando 11,7% das compras de carne in natura. Quando falamos da carne bovina processada, representamos 62,4% das compras, mas deve-se ressaltar que nesse período, a processada respondeu apenas por 5,9% das compras totais de carne bovina dos EUA.
De acordo com dados da Secex, em agosto os norte-americanos participaram de 2,4% das compras de carne in natura brasileira, com 6,4 mil toneladas. No mês, foram 268,6 mil toneladas exportadas, um recorde para os meses de agosto.
Um aspecto importante é que os Estados Unidos já vinham reduzindo as compras de carne brasileira há, pelo menos, dois meses anteriores à medida. Ou seja, a participação norte-americana nas exportações já estava diminuindo, mas, mesmo assim, o Brasil manteve o ritmo dos embarques e o preço da carne.
Mesmo com a redução do volume destinado aos EUA, julho foi recorde frente a qualquer outro mês.
Um dos fatores que explicam a redução das compras norte-americanas nos últimos meses são as cotas de importação concedidas ao Brasil. O Brasil tem direito a cerca de 65 mil toneladas anuais dentro da cota, enquanto a Austrália dispõe de aproximadamente 380 mil toneladas.
Ou seja, podemos tirar duas conclusões: a primeira é que mesmo com a tarifa de 50%, a carne bovina brasileira continua competitiva por lá, o que é, no mínimo, notável e mostra o quanto somos capazes.
A segunda é que mesmo com pouca quantidade vendida aos EUA, ainda conseguimos vender muita carne a outros destinos, o que é outra coisa notável – figura 1.
Figura 1. Volume de carne bovina in natura exportada pelo Brasil por semana em 2025, em mil toneladas.