O plantio de sorgo na reforma dos canaviais vem ganhando destaque e importância, especialmente pela possibilidade de suprimir a grama-seda (Cynodon dactylon), considerada uma planta invasora de difícil controle. Essa espécie pode produzir até 5 metros de rizomas em apenas 80 dias, tornando-se um desafio agronômico relevante.
Atualmente, duas tecnologias têm sido aplicadas ao cultivo de sorgo em áreas de reforma de canavial: iGrowth e Herbiblock, cada uma com seus benefícios, cuidados e pontos de atenção.
Descrição das Tecnologias
- iGrowth: Tecnologia de tolerância a herbicidas que confere ao sorgo resistência aos produtos do grupo das imidazolinonas (inibidores da ALS). Desenvolvida por mutagênese (não transgênica), permite aplicações desses herbicidas sem causar fitotoxicidade à cultura do sorgo.
- Herbiblock: Híbrido de sorgo granífero resistente aos herbicidas do grupo das imidazolinonas (IMI), comercializado como alternativa para reforma de canaviais e manejo de plantas invasoras.
Aplicação na Reforma de Canaviais
Essas tecnologias são especialmente úteis em áreas de reforma, pois:
- Permitem o uso de herbicidas imidazolinonas para controle de plantas invasoras, inclusive gramíneas, sem causar danos ao sorgo.
- O sorgo atua como cobertura temporária do solo, reduzindo erosão, melhorando a estrutura do solo e podendo gerar renda por meio da produção de grãos ou forragem.
Benefícios Práticos
- Controle eficiente de invasoras com herbicidas seletivos, especialmente da grama-seda e outras espécies que dificultam o estabelecimento da cana-de-açúcar.
- Cobertura rápida do solo, protegendo contra erosão e favorecendo o preparo para o plantio da nova lavoura.
- Geração de renda durante o período de reforma, com produção de grãos ou forragem.
Limitações e Riscos
- Resíduos no solo e fitotoxicidade: Os herbicidas imidazolinonas têm persistência variável. Se aplicados antes do plantio da cana ou em períodos inadequados, podem afetar culturas sensíveis. É essencial respeitar os intervalos recomendados entre aplicação e plantio.
- Seleção de resistência: O uso contínuo da mesma família química pode favorecer o surgimento de plantas daninhas resistentes. Recomenda-se a rotação de mecanismos de ação e práticas culturais.
- Compatibilidade com o plano de manejo da usina: Algumas usinas podem ter restrições quanto ao uso de determinados herbicidas ou à intercalação de culturas. É importante consultar o setor técnico/agronômico.
- Monitoramento das chuvas: Em períodos secos, a persistência dos herbicidas IMI tende a ser maior.
Boas Práticas Recomendadas
- Consultar o rótulo e as fichas técnicas dos híbridos e herbicidas (dose, janela de aplicação, intervalos).
- Planejar a rotação de mecanismos de ação, evitando dependência exclusiva das imidazolinonas.
- Avaliar o histórico de uso de herbicidas na área, especialmente se já houve uso intenso de IMI.
- Sincronizar o uso das tecnologias com o calendário de reforma da usina, evitando conflitos entre aplicação e plantio da cana.
Manejo para Supressão da Grama-Seda em Áreas de Reforma
- Aplicação de Glifosato (2,5 L/ha) + Imazapir (2 L/ha) ou Imazapique (350 g/ha).
- 1ª gradagem: 12 dias após a aplicação dos herbicidas, para fragmentar os rizomas da grama-seda.
- Plantio de canteiro para verificar possível residual no solo.
- 2ª gradagem: 12 dias após a primeira, reforçando o controle da grama-seda.
- Aguardar mínimo de 50 mm de chuva acumulada entre o preparo do solo e o plantio da nova cultura.
Pontos de Atenção Adicionais
Verificar o efeito residual de outros herbicidas utilizados no sistema de produção, que podem impactar o cultivo do sorgo, como:
- Diclosulam
- Hexazinona
- Indaziflam
- Clomazone
- Iodosulfuron
- Sulfentrazone
- Metsulfuron
- Flumioxazina
Considerações Finais
Tanto o sorgo iGrowth quanto o Herbiblock IMI são soluções eficazes para cobertura do solo e controle de invasoras na reforma de canaviais. Ambos permitem o uso de herbicidas imidazolinonas sem prejudicar o sorgo, trazendo benefícios agronômicos e econômicos. No entanto, eles exigem cuidados específicos de manejo para evitar fitotoxicidade em culturas subsequentes e reduzir o risco de seleção de resistência.
Siga sempre as recomendações dos rótulos, fichas técnicas dos híbridos e herbicidas, e consulte o engenheiro agrônomo responsável pelo manejo da área.






