CULTURAS

Do solo ao carbono: como as pastagens ajudam a salvar o planeta

Quando se fala em mudança climática, é comum associar o agronegócio à emissão de gases de efeito estufa. No entanto, um olhar mais atento revela que o campo também abriga parte importante da solução. As pastagens, muitas vezes vistas apenas como alimento para o gado, desempenham um papel silencioso e poderoso na captura de carbono da atmosfera e na regeneração dos solos.

O ciclo do carbono nas pastagens

As gramíneas tropicais, como Brachiaria, Panicum e Pennisetum, são verdadeiras máquinas de fotossíntese. Ao crescer, elas capturam dióxido de carbono (CO2) e o transformam em biomassa vegetal. Uma fração significativa desse carbono é transferida para o solo por meio das raízes, formando matéria orgânica estável. Estudos mostram que solos bem manejados sob pastagens podem armazenar de 2 a 5 toneladas de carbono por hectare por ano, dependendo da espécie e das condições de manejo.

Esse processo é conhecido como sequestro de carbono, e atua diretamente na mitigação do aquecimento global, compensando parte das emissões geradas pela pecuária. Ou seja, o mesmo sistema que produz carne e leite também pode remover carbono da atmosfera, desde que conduzido de forma sustentável.

O manejo faz toda a diferença

Pastagens mal manejadas, degradadas e superpastejadas perdem cobertura vegetal, expõem o solo e liberam o carbono acumulado de volta ao ar. Já pastagens bem conduzidas (com adubação equilibrada, controle de lotação e rotação de piquetes) funcionam como sumidouros de carbono de longo prazo.

Práticas como o pastejo rotacionado, o uso de espécies de raízes profundas e a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) têm mostrado resultados expressivos. A ILPF, por exemplo, pode aumentar em até 30% o estoque de carbono no solo, além de melhorar a fertilidade e reduzir a necessidade de insumos químicos.

Capim, solo e biodiversidade: uma aliança natural

O capim também contribui para a vida no solo. As raízes alimentam microrganismos benéficos que transformam nutrientes e melhoram a estrutura física, favorecendo infiltração de água e resistência à erosão. Esse solo vivo é mais fértil e resiliente, reduzindo o risco de desertificação e melhorando a produtividade animal.

Além disso, sistemas de pastagem equilibrados mantêm microclimas mais amenos, ajudam na recarga de aquíferos e podem servir de abrigo para espécies nativas de fauna. Em outras palavras, o manejo correto da pastagem cria um ciclo virtuoso: mais solo vivo, mais carbono retido e maior equilíbrio ambiental.

Brasil: potência verde do pasto

O Brasil tem mais de 150 milhões de hectares de pastagens, uma área capaz de transformar o país em líder mundial no sequestro de carbono. Iniciativas públicas e privadas já investem em certificação de carbono em propriedades rurais, monetizando práticas regenerativas e criando novas fontes de renda para o produtor.

A tendência é clara: o capim deixou de ser apenas alimento. Ele é um ativo ambiental, um instrumento de mitigação climática e um símbolo de sustentabilidade tropical.

Conclusão

As pastagens, quando bem manejadas, são muito mais do que o “tapete verde” do gado. Elas representam uma das maiores oportunidades de conciliar produção e preservação. Cada metro quadrado de solo coberto por capim saudável é um aliado do planeta, ajudando a capturar carbono, regenerar o solo e sustentar o equilíbrio climático.

Cuidar do pasto é, portanto, cuidar da Terra, literalmente!

Dr. Luis Gustavo Rossi – Desenvolvimento Técnico de Mercado Coopercitrus

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