Os fatores climáticos que influenciam no processo de crescimento e produção do cafeeiro são, principalmente, a temperatura e a disponibilidade de chuvas, criando obstáculos para o sucesso da produção e exigindo sempre um melhor desempenho dos cafeicultores brasileiros, de modo a aperfeiçoar práticas de manejo, superando desafios no cenário cafeeiro. Tais desafios estão ligados às principais fases da cultura: vegetação e formação das gemas foliares, indução e maturação das gemas, florada, granação e maturação dos frutos. Todo o ciclo produtivo atingirá o seu sucesso a partir da construção de uma boa florada, e claro, com um bom vingamento dela.
A florada em si é somente um evento de abertura das flores, mas, para que ela aconteça, é necessária uma interação das condições: planta, ambiente e solo.
É necessário entendermos que o período conhecido como “Pré-florada” é aquele onde as peças florais que compõem a flor do cafeeiro são formadas. Por exemplo: grão de pólen, pestíolo, estame, tubo polínico, ovário, óvulo, etc. E para que haja um bom vingamento de florada é importante que essas estruturas estejam completas.
Esquematização das seis fases fenológicas do cafeeiro arábica, durante 24 meses, nas condições climáticas tropicais do Brasil. Fonte: Camargo e Camargo, 2001.
Mas por quê? O café arábica é uma planta que possui a flor hermafrodita, autógama, com reprodução via autofecundação, ou seja, o acontecimento da fecundação ocorrerá ainda com o botão fechado. O grão de pólen desce pelo tubo polínico, chega ao ovário e fecunda o óvulo, seguindo assim, o que conhecemos como: vingamento da florada.
Fonte: Syngenta
Estabelecer níveis ideais de nutrientes via solo fará com que haja uma resposta significativa na melhor formação dos botões florais, vingamento da florada e, consequentemente, no pegamento do chumbinho. Devemos realizar a correção de solo via calagem e gessagem antecipadas ao final das últimas chuvas de acordo com a demanda pela análise de solo, de modo a ter Cálcio e Magnésio disponíveis no momento da florada. É importante lembrar que a utilização de fontes solúveis de cálcio e boro são ferramentas importantes na antecipação da florada. O estabelecimento de bons níveis de cálcio, será primordial para o crescimento do tubo polínico até o óvulo, tanto quanto a adequação dos níveis ideais de boro, fundamental para a fecundação das flores, reduzindo o número de calose dentro do tubo polínico e atuando na germinação do grão de pólen.
Fases fenológicas da cultura do café. Fonte: Desconhecida
No momento da abertura da flor, ela já foi fecundada!
E, para o sucesso do vingamento da florada, devemos atender alguns requisitos:
- Clima: Temperatura amena e boas condições de água na planta, para manter o botão floral hidratado.
- Estado fisiológico da planta: Onde a planta esteja com um bom enfolhamento e folhas de coloração verde escura, representando uma boa atividade fotossintética e produção de energia.
- Nutrição equilibrada: Equilíbrio de macro e micronutrientes, com destaque para cálcio e boro.
- Desequilíbrio hormonal: Maior produção de hormônios de crescimento e menor produção de hormônios inibidores de crescimento. No momento da florada o desequilíbrio hormonal será necessário para a eficiência produtiva, pois, haverá uma maior produção de hormônios de crescimento: auxina, giberelina e citocinina, e menor produção de hormônios inibidores: ácido abscísico e etileno.
Portanto, nas fases críticas da fenologia do cafeeiro, Pré e Pós-Florada, torna-se essencial diminuirmos os estresses fisiológicos causados, bióticos e abióticos, aumentando a resistência da planta para que ela possa suportar todo o processo de florada e contribuir para que tenha uma boa demanda energética em todo ciclo, deixando uma planta mais resistente e nutrida desde o início da Florada até o início de um novo ciclo produtivo do cafeeiro.
Com isso, para suportar melhor as situações de estresse, podemos estabelecer pulverizações foliares pré-floradas compostas por bioestimulantes, aminoácidos e reguladores hormonais.
O uso de aminoácidos e bioestimulantes é uma ferramenta importante para a redução de estresses climáticos fortemente influenciados pela umidade, pois a ocorrência de veranicos em fases determinantes acarretará prejuízos na produção e na qualidade de frutos.
A síntese de aminoácidos ocorre naturalmente pelas plantas, mas, para que isso aconteça, é demandado um gasto energético considerável. O fato de incorporar aminoácidos via pulverização, de forma disponível, economiza rotas metabólicas e estimula a formação de proteínas e enzimas que aceleram a formação de novas brotações e enfolhamento. Os bioestimulantes são compostos derivados de produtos naturais que atuam de forma eficiente na melhora do uso de nutrientes e na tolerância a múltiplos estresses: hídricos, temperaturas altas e ataque de pragas e doenças, auxiliando na proteção das plantas.
A nutrição foliar via pulverização é uma importante ferramenta ao retorno da atividade do metabolismo da planta. Incluir fertilizantes foliares compostos de manganês, zinco, cobre e cobalto traz benefícios em nutrição e processos fisiológicos do cafeeiro.
E não podemos esquecer que o sucesso na produção do cafeeiro está ligado à arte de reter folhas. São elas que produzirão a energia necessária para todas as estruturas envolvidas no ciclo produtivo do cafeeiro; portanto, devemos realizar as demais atividades em dia e também antecipadamente, como correção de solo e adubações, tratos fitossanitários, escolha das variedades para novos plantios e manejos culturais.