A função de olhar as pragas que atacam as plantações comerciais é uma ocupação consolidada no agronegócio mundial e fortemente considerado no brasileiro nos dias atuais. Podemos dizer que a ideia surgiu com os estudos, desenvolvimento e adoção dos sistems de MIP-Manejo Integrado de Pragas, nas plantações agrícolas. Essas ações foram motivadas pelo mal uso dos defensivos agrícolas para matar as pragas nocivas à produção. O MIP, que integrava o controle químico com o biológico, apareceu após desequilíbrios biológicos entre os insetos e ácaros pragas, e seus inimigos naturais, por volta dos anos 50 do século passado, na California. Como o MIP era um sistema integrado de táticas de ações, previa-se a necessidade de um profissional que cuidasse exclusivamente da amostragem de insetos e ácaros pragas visando quantificação em determinada área de plantação para tomada de decisão de manejo em função de níveis econômicos de infestações.
Homens. Inicialmente, nos anos 70, quando lançamos a idéia do MIP em várias culturas, foram as de soja pela Embrapa, as de citros, café, algodão e tomate, pela Unesp de Jaboticabal em que se buscou implementar o sistema através de campos pilotos demonstrativos para convencer os agricultores. E foi aí que se iniciou a contratação de pessoas, seguido de treinamentos adequados para as operações de amostragem (inspeção). As primeiras formações eram só profissionais do gênero masculino que se interessavam. Aos poucos as equipes iam aumentando a ponto de chegarmos a estimar mais de 6 mil amostradores na citricultura paulista, até 1987 quando apareceu a doença CVC e quebrou parcialmente o sucesso que o MIP vínhamos experimentando. Nas safras de algodão, tomate e café, alguns produtores também contratavam Pragueiros (o outro nome dado ao profissional).
Inspetora Fernanda executando tarefa diária de inspeção de pragas e inimigos naturais percorrendo sistematicamente os 11 talhões de tangerina semanalmente
Mulheres. Lá pelos meados dos anos 80 em diante, já começavam ser contratadas mulheres para a função, também sob treinamentos prévio é claro. O motivo de estar escrevendo este artigo mencionando as mulheres nesta nobre função que o MIP e com mais razão ainda o MEP abriga, é que a intenção é homenagea-las pelo brilhante trabalho que realizam como PRAGUEIRAS (Inspetoras). Muitas fazendas contam com equipes inteiras de mulheres na função, atualmente. Outras continuam prestigiando o gênero masculino e há equipes mistas também. O fato é que O Dia Internacional das Mulheres, 8 de março, não deixará de ser lembrado por nós que lidamos com o Manejo de Pragas no agronegócio brasileiro, tão prestigiado nos dias atuais, contando com o trabalho preciso das amostragens de pragas e benéficos para as tomadas de decisões de manejo sustentável nas lavouras brasileiras.