Prof. Dr. Marcos Fava Neves
Vinícius Cambaúva
Beatriz Papa Casagrande
Para demostrar todo o avanço que o agronegócio brasileiro vem atingindo nos últimos anos, nada melhor do que falar sobre as AgTechs. Essas empresas buscam soluções inovadoras para os mais diversos desafios enfrentados pelos produtores no campo. Com isso, trazem mais competitividade para as atividades agrícolas, otimizando processos e viabilizando práticas que antes nem seriam consideradas. Inseridas em uma abordagem colaborativa, as AgTechs atuam em diferentes etapas da cadeia produtiva, contribuindo para produzir cada vez mais com menor impacto ambiental, além de trazer melhor eficiência e auxiliar nas tomadas de decisões dos produtores.
Felizmente, o ecossistema de inovação do agronegócio no Brasil está sendo cada vez mais desenvolvido, com recursos que contribuem para a transformação da tecnologia em soluções através do empreendedorismo. É assim que as startups do agro trazem significativa contribuição tanto para o desenvolvimento sustentável, quanto econômico do país. Além de sintonizar valores socioambientais em suas criações, as AgTechs aumentam a geração de emprego e renda, atuam na capacitação de mão-de-obra (um dos principais problemas do agro na atualidade), facilitam o acesso a mercados e fortalecem a digitalização dos negócios.
O Radar Agtech Brasil 2023 registrou um aumento de 14,7% no número de startups em operação em um ano, totalizando 1.953 empresas, ou 250 novas empresas. Embora a região Sudeste continue liderando, sua participação diminuiu de 61,4% para 56,9%, com São Paulo mantendo-se como o principal polo de inovação (43,2% de representatividade). Em contrapartida, a região Norte obteve um aumento relevante, passando de 1,5% para 5,9% a sua participação, com destaque para as empresas que atuam na Amazônia Legal.
O estudo também indica que os produtores direcionam a inovação principalmente para: alimentos inovadores e novas tendências alimentares (14,2% do total de agtechs); sistema de gestão de propriedade rural (8,7%); plataforma integradora de sistemas, soluções e dados (7,4%); market-places e plataformas de negociação e venda de produtos agropecuários (5,3%); drones, máquinas e equipamentos (5,1%).
A sustentabilidade foi uma das temáticas que mais embasou o crescimento das startups do agro em 2023, representando um aumento de 55,1% em relação ao total de empresas com tecnologias sustentáveis em 2022. As categorias abrangem a biodiversidade (a), bioenergia e energias renováveis (b), segurança e rastreabilidade de alimentos (c), controle biológico de pragas (d) e embalagens recicláveis (e).
Olhando para a disposição das startups ao longo da cadeia, a atividade tecnológica foi dividida em 3 segmentos: antes, dentro e depois da fazenda. A fim de identificar onde estão as principais oportunidades de inserção de novos negócios, o Radar Agtech Brasil 2023 mapeou 331 agtechs (16,9%) atuando antes da fazenda, 815 dentro da fazenda (41,7%) e 807 depois da fazenda (41,3%).
Não há como negar que as agtechs estão desempenhando um papel fundamental na transformação do agronegócio, impulsionando uma revolução tecnológica que promove maior eficiência, produtividade e sustentabilidade. Por meio de inúmeros avanços, os agricultores estão sendo equipados com ferramentas poderosas para enfrentar os desafios inerentes à produção de alimentos, fibras e energia, como as mudanças climáticas e escassez de recursos.
E aproveitando o espaço, gostaríamos de enaltecer a nossa felicidade por estarmos, através desse texto, chegando a centésima edição da nossa coluna na revista Coopercitrus. O nosso muito obrigado pela oportunidade de contribuirmos com o nosso agro, exaltando o que o nosso país tem de melhor. Seguiremos nesta missão de compartilhar conhecimento para gerar oportunidades a todos.
Marcos Fava Neves é professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP (Ribeirão Preto – SP) da FGV (São Paulo – SP) e da Harven Agribusiness Scholl (Ribeirão Preto – SP). É especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio. Confira textos e outros materiais em DoutorAgro.com e veja os vídeos no Youtube (Marcos Fava Neves).
Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group, mestrando em Administração pela FEA-RP/USP e Instrutor “In Company” na Harven Agribusiness School. É especialista em comunicação estratégica no agro.
Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group, aluna de mestrado em Administração de Organizações na FEA-RP/USP e especialista em inteligência de mercado para o agronegócio.