Com espírito inovador e apoio de cooperativas, Paulo Faioto tornou-se referência regional na fruticultura
Em Olímpia (SP), a propriedade de Paulo César Faioto é hoje um exemplo de como a diversificação de culturas, aliada à assistência técnica e ao cooperativismo, pode gerar bons frutos — literalmente e financeiramente.
Seu pai, João Faioto (in memoriam), foi produtor de café e viveirista de mudas, e um dos primeiros cooperados da Coopercitrus em Olímpia. Desde o início, João acreditava que diversificar era o caminho para manter a fazenda saudável financeiramente, e passou essa visão aos filhos.
Na década de 1980, o clima passou a dificultar a cafeicultura na região e a família a migrou para a citricultura. Com o passar dos anos, a propriedade de 40 hectares passou a produzir laranja para indústria e para mesa, além de dar espaço para outros cultivos.
Atualmente, são cerca de 14 mil plantas de laranja e 2 mil de atemóia, além de áreas com seringueira e abacate. Paulo começou a ajudar nos negócios aos 16 anos e, após o falecimento de seu pai, em 2022, passou a ser o responsável pela produção, adotando um modelo focado no trabalho, diversificação e inovação.
A diversificação começou como resposta a um momento crítico. “Passamos por algumas crises, principalmente em 2011 e 2012, e isso nos fez buscar novas alternativas. Já trabalhávamos com abacate, mas queríamos diversificar mais”, relembra o produtor.
A entrada na cultura da atemóia começou quase por curiosidade. “Um amigo começou com algumas árvores e aquilo nos despertou o interesse. Era uma cultura diferente, bonita, e queríamos testar. Por ser da família das anonáceas, ela se adapta bem ao nosso clima quente”, relata.
A aposta se revelou acertada. A variedade Gefner se adaptou bem ao calor da região e permite antecipar a colheita em relação a áreas mais frias, favorecendo a comercialização.
Hoje, são 8 hectares dedicados à atemóia, com aproximadamente 2 mil plantas cultivadas com microaspersão. A produção tem como destino o mercado interno e também abriu portas para o exterior. “Já estamos exportando através de parceiros. No ano passado, mandamos frutas para o Canadá, Japão e alguns países da Europa”, revela Faioto.


Manejo técnico
Entre os principais desafios da produção de atemóia, o cooperado destaca a mão de obra, já que o manejo exige poda manual. “Comecei fazendo as podas com meu irmão, mas hoje a demanda é grande. O processo é semelhante ao da maçã, mais artesanal, com uso de tesoura elétrica e muito cuidado”, comenta.
Ele também alerta para o manejo preventivo contra pragas e doenças, incluindo a antracnose Theobromicola, uma cepa nova que exige controle rigoroso com aplicações semanais de fungicidas. “A antracnose Theobromicola é uma cepa nova e altamente agressiva. Na região de Itapetininga houve áreas com perdas severas. Aqui, felizmente, conseguimos sair um pouco da previsão de antracnose”, conta.
A laranja ainda é o carro-chefe da produção. São cerca de 14 mil plantas, a maioria da variedade Pera Rio, voltada para o mercado. Parte da produção ainda segue para a indústria, sob os cuidados da mãe, Maria Helena Godoi Faioto, cooperada da Coperfam, com apoio dos irmãos de Paulo. “O plano é fortalecer o foco no mercado de mesa, que paga melhor e nos permite um manejo mais livre para controle de pragas”, explica.
Faioto ressalta que o mercado de mesa oferece maior flexibilidade na aplicação de produtos registrados. “A indústria tem limitações mais rígidas, e alguns citros de mesa ainda permitem um manejo dentro de zonas de carência. Essa estratégia vem sendo planejada desde 2016, 2017. Se o cenário apertar na indústria, vamos migrar totalmente para o mercado de mesa”, diz.
Outro destaque da propriedade é o consórcio entre laranja e melancia, prática que alia tradição e eficiência no uso da água. “Quando instalamos o sistema de gotejamento nos novos pomares, aproveitamos para plantar melancia entre as linhas. É compatível com a adubação e pulverização, e o resultado foi excelente”, relata.
O produtor explica que a prática, comum entre agricultores antigos, ajuda a diluir o custo de implantação e protege o solo com cobertura verde. “Após a colheita da melancia, fica uma boa camada de massa vegetal que melhora o solo. Também fazemos aplicação de Trichoderma no solo, além de condicionadores à base de leonardita. O resultado foi tão bom que conseguimos duas safras na mesma área, com excelente desenvolvimento do pomar”, comemora.


Olhar para o futuro
Sempre em busca de inovação, Faioto estuda introduzir a cultura da manga para atender mercados externos. “Temos um parceiro exportador que trabalha com o mercado europeu e o Canadá, e que precisa de manga fora da época de safra do Nordeste. Aqui, pela logística aérea, conseguimos atender essa janela”, explica.
As variedades em estudo são Palmer e Maçã, que se adaptam bem ao clima da região. “A manga iria muito bem aqui, mas é preciso testar manejo, adaptar irrigação e buscar consultoria técnica para garantir qualidade”, comenta.
O produtor reforça que o segredo está em experimentar com método e informação. “A gente faz o cultivo, testa, observa, consulta especialistas e busca conhecimento o tempo todo. Não dá pra ficar no achismo”, orienta o cooperado.
A força do cooperativismo
Faioto atribui grande parte de seu sucesso à parceria duradoura com a Coopercitrus. “Meu pai foi um dos primeiros 30 cooperados aqui em Olímpia. Hoje, utilizo toda a estrutura da cooperativa, seja em Barretos, Rio Preto ou Monte Azul. Por termos culturas menos comuns na região, a Coopercitrus nos fornece produtos muito específicos e que não encontramos facilmente”, afirma o cooperado.
Para ele, o verdadeiro valor do cooperativismo vai além do fornecimento de insumos: está na difusão de informação.
“Toda a experiência que adquiri ao longo dos anos foi graças também ao pessoal da Coopercitrus. Compartilho muita coisa com eles, e eles também nos trazem muita informação que soma e melhora os resultados da produção”, resume o produtor.
O cooperativismo, segundo Faioto, também fortalece a operação familiar. Ele trabalha junto dos irmãos Wilson, Leon, Scott e a irmã Marisa, organizando responsabilidades e tarefas na propriedade. Além da Coopercitrus, a família também participa da Coperfam e Paul ajudou a fundar a Coopbar, cooperativa de agricultores familiares que forneceu frutas para programas de merenda escolar em cidades da região.
O Gestor da Coopercitrus de Olímpia, Guilherme Henrique dos Santos, destaca que Paulo é uma grande referência para outros produtores na região, pelo cuidado com o manejo e busca constante por inovação, mostrando que é possível atingir altos níveis de produtividade sem deixar de lado a sustentabilidade e a qualidade.
“Essa parceria com a Coperfam tem sido muito importante para a gente e para o cooperado. Quando há confiança e transparência entre as partes, o resultado aparece no campo. O pessoal da cooperativa sempre esteve aberto ao diálogo, buscando entender as necessidades do produtor e oferecendo soluções que realmente fazem diferença na lavoura de citros. É uma parceria construída no dia a dia, com troca de experiências, acompanhamento técnico e muito comprometimento. Quando a gente trabalha junto, todo mundo cresce: o produtor, a cooperativa e a comunidade em volta”, afirma Santos.
“Ele troca experiências, busca soluções e está sempre disposto a compartilhar informações. Essa parceria beneficia não só ele, mas toda a rede de cooperados”, finaliza Ricardo Tomazini, consultor técnico da Coopercitrus.

Diversificar com planejamento:
O planejamento é a base para reduzir riscos e aumentar a rentabilidade. A história de Paulo Faioto mostra como a estratégia e o apoio da Coopercitrus fazem a diferença.
1. Análise do ambiente
Antes de qualquer plantio, faça uma análise detalhada para entender se as condições de solo e clima são compatíveis com a nova cultura que pretende implantar.
2. Avalie a demanda e a logística de mercado
Diversificar não é apenas plantar algo diferente, é plantar o que o mercado deseja. Pesquise a demanda por culturas específicas, como frutas in natura (mesa) ou nichos de exportação.
3. Planeje a infraestrutura e o manejo
Culturas alternativas frequentemente exigem manejo específico (como a poda, colheita manual), maquinário e investimento em tecnologia.
4. Use o consórcio para otimizar custos e solo
Consorciar culturas é uma tática inteligente para diluir os custos de implantação de um novo pomar e proteger o solo, utilizando soluções como as de cobertura verde.
5. Busque atualização constante e troque experiências
Converse com produtores mais experientes, participe de dias de campo, feiras, cursos e busque informações em universidades e centros de pesquisa.
6. Avalie a viabilidade financeira
Antes de investir, faça contas. Estime os custos de implantação, o tempo até o primeiro retorno e o capital necessário para manter a cultura até a colheita.
7. Conte com a Coopercitrus
Seja um cooperado ativo! A Coopercitrus trabalha para garantir um portfólio completo e assistência mesmo para culturas de nicho, viabilizando sua diversificação.
Atemóia: potencial e cuidados

A atemóia é uma fruta híbrida resultante do cruzamento entre a cherimoia (Annona cherimola) e a fruta-do-conde (Annona squamosa). Ela pertence à família das anonáceas e se destaca por:
- Polpa branca, macia e muito doce.
- Sabor suave, semelhante ao da pinha, mas com menos sementes.
- Casca verde, com aspecto escamoso, que escurece quando madura.
- Pode ser consumida in natura ou em sucos, sorvetes e doces.
Ciclo e produtividade
- Ciclo produtivo: entre 2 e 3 anos para iniciar a colheita comercial.
- Produtividade média: de 15 a 25 toneladas por hectare ao ano, com bom manejo.
- A variedade Gefner tem boa adaptação a climas quentes e possibilita antecipação da colheita.
Manejo e cuidados
- Irrigação localizada (gotejamento ou microaspersão) é essencial para garantir produtividade e qualidade dos frutos.
- Poda anual para controle do crescimento, ventilação da copa e estímulo à frutificação.
- A polinização manual pode ser necessária para garantir o pegamento dos frutos em maior escala.
- Controle fitossanitário com foco em doenças como antracnose e pragas como brocas, cochonilhas e mosca-das-frutas.
Fontes:
EMBRAPA infoteca.cnptia.embrapa.br
CATI – Coordenadoria de Assistência Técnica Integral www.cati.sp.gov.br







