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Adubação organomineral

O que são os fertilizantes organominerais?

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), por meio da Instrução Normativa nº 61, de 8 de julho de 2020, definiu fertilizantes organominerais como a combinação ou a mistura de fertilizantes minerais e orgânicos. Em outras palavras, é a mistura de uma ou mais matérias-primas de origem orgânica (animal ou vegetal) associadas a macronutrientes primários e secundários e micronutrientes.

            Para que possam ser registrados e comercializados, o MAPA exige que os fertilizantes organominerais atendam a uma série de exigências: conter o mínimo de 8% de carbono orgânico e o máximo de 30% de umidade, possuir a capacidade de troca de cátions (CTC) mínima de 80 mmolc.kg-1 e ter, no mínimo, 10% de macronutrientes declarados, isolados (N, P ou K) ou em mistura (NP, NK, PK, NPK). Já para os organominerais fluidos, são estabelecidos os seguintes parâmetros: ter de 3% de carbono orgânico e 3% de macronutrientes primários declarados. Além dos macros e micronutrientes, a fração orgânica dos organominerais contém aminoácidos e hormônios vegetais como auxinas, giberelinas, citocinina, ácido abscísico e etileno, que regulam processos fisiológicos etêm diversas funções no metabolismo das plantas.

            As matérias-primas de origem orgânica animal podem ser dejetos de aves e de suínos, composto de barn e materiais orgânicos derivados do setor industrial alimentício. Materiais de origem vegetal incluem principalmente subprodutos oriundos da indústria sucroalcooleira e outros resíduos da indústria agropecuária. Já a fração mineral dos organominerais são os adubos convencionais já conhecidos, como superfosfato simples, ureia, sulfato de amônio, cloreto de potássio (KCl), MAP, DAP e micronutrientes. Vale lembrar que, normalmente, utilizam-se fontes minerais solúveis.

No processo de fabricação, primeiramente, a matéria orgânica passa por um processo de compostagem e, logo em seguida, é destinada ao processo industrial, por meio do qual os nutrientes minerais são revestidos pela fração orgânica já compostada e com adequada relação C/N.

BENEFÍCIOS DOS ORGANOMINERAIS NO SISTEMA SOLO-PLANTA

            A presença da matéria orgânica nos fertilizantes organominerais melhora as propriedades físicas, químicas e biológicas dos solos. Nas propriedades físicas, ela promove melhorias na estruturação do solo, estabilidade dos agregados, aeração do solo, infiltração de água, retenção de umidade, porosidade e redução da densidade do solo e compactação. Nas propriedades químicas, essa matéria auxilia na diminuição de elementos tóxicos do solo, eleva a CTC do solo e diminui a lixiviação de nutrientes na forma catiônica (Ca2+, Mg2+, K+, NH4+) e a adsorção de fósforo. Além disso, as substâncias húmicas, presentes na matéria orgânica dos organominerais, atuam como agente quelante junto aos micronutrientes do solo, aumentando, assim, a disponibilidade deles. Por último, mas não menos importante, os organominerais possuem grande quantidade de carbono orgânico, estimulando a atividade de microrganismos benéficos do solo, inclusive aqueles capazes de atuar na solubilização do P e na mineralização do N.  

Um dos elementos de extrema importância para garantir o crescimento e o desenvolvimento nutricional das lavouras cafeeiras e de citros é a nutrição vegetal. Solos brasileiros apresentam pontos de melhorias e evolução nos manejos, como a correção da fertilidade do solo, a fim de que as lavouras cafeeiras possam expressar todo o seu potencial produtivo. Com o objetivo de fornecer e disponibilizar os nutrientes essenciais às lavouras, os fertilizantes organominerais se tornaram uma alternativa para aumentar a eficiência nesse processo. Quando comparados aos fertilizantes minerais convencionais, os organominerais disponibilizam os nutrientes gradativamente durante todo o ciclo produtivo ou vegetativo da cultura, promovendo uma nutrição mais eficiente e equilibrada.

MAIOR APROVEITAMENTO DE NUTRIENTES

Atualmente, sabe-se que a adubação de solo tradicional não é totalmente aproveitada devido às perdas naturais dos nutrientes dos fertilizantes pelas condições ambientais. Algumas formas de perdas de nutrientes conhecidas são lixiviação, volatilização, adsorção, precipitação, desnitrificação, imobilização e erosão. Parte dessas perdas pode ser reduzida pela matéria orgânica contida nos organominerais, pois os nutrientes se encontram mais protegidos e a liberação ocorre de forma mais gradual e, consequentemente, a eficiência de aproveitamento é maior. Além disso, as substâncias húmicas presentes nesses fertilizantes auxiliam no desenvolvimento radicular da planta, na maior exploração do volume de solo e na absorção de nutrientes.

A melhoria da fertilidade do solo, de forma localizada, realiza-se por meio do aumento de retenção da água no solo e do perfeito equilíbrio entre o mineral e a fração orgânica devido ao aumento da CTC e da promoção da atividade biológica no solo.

MANEJO DA ADUBAÇÃO ORGANOMINERAL EM CULTURAS PERENES

            De forma geral, os fertilizantes organominerais não exigem nenhum tratamento especial com relação à aplicação no solo. Eles podem ser aplicados no sulco de plantio ou na cova da muda; e, em superfície, na adubação de cobertura ao redor da muda para plantas mais jovens ou a lanço para áreas em produção. Esse processo é similar ao da adubação com fertilizantes minerais.

            Com relação aos fertilizantes minerais convencionais, seus nutrientes possuem maior risco de serem perdidos nos processos de volatilização, precipitação e lixiviação. No manejo nutricional com a tecnologia de organomineral, as perdas apresentam uma redução significativa devido a sua capacidade de maior retenção dos nutrientes.

            Esses processos de redução das perdas são evidenciados pela presença da matéria orgânica, que atua como condicionante dos nutrientes minerais aumentando o poder quelante deles e conferindo aos fertilizantes organominerais maior capacidade de reter os elementos, o que amplia sua eficiência nutricional.

            Essa matriz orgânica de qualidade, presente nos fertilizantes organominerais, dificulta a lixiviação do potássio e a volatilização do nitrogênio, uma vez que a fase orgânica é insolúvel em água, e o fósforo, por exemplo, torna-se protegido pela matéria orgânica, evitando seu contato direto com o solo, o que mitiga as perdas por fixação pelos óxidos de alumínio e ferro.

Conclui-se, dessa forma, que a adubação com fertilizantes organominerais contribui para a construção da fertilidade do solo, promove o equilíbrio e o condicionamento físico, químico e biológico do solo e aumenta a atividade microbiana, reduzindo os estresses da planta. Além disso, a matéria orgânica presente nos fertilizantes promove o efeito tampão do solo, evitando a oscilação do pH, ou seja, a acidificação. Portanto, trata-se uma excelente alternativa para melhoria da fertilidade do solo.

Autores:
Luis Felipe Rinaldi – Consultor Especialista em Citros – DTM
Emerson Tinoco da Silveira – Consultor Especialista em Café – DTM
Imagens autorais: Fotos Café Emerson Tinoco – Foto Citros Luis Felipe

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