CULTURAS

Cebolicultura Brasileira: Dicas de Cultivo para Maior Produtividade

A cebolicultura brasileira é principalmente voltada para o consumo interno, enfrentando uma demanda não atendida que resulta na necessidade de importações de outros países. A cebola é uma das hortaliças mais economicamente relevantes, devido à sua grande produção e à renda gerada. Em nível nacional, de acordo com o censo agropecuário de 2017, Santa Catarina lidera a produção dessa hortaliça, seguido por Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo, que também têm uma significativa participação na produção de cebola.

A cebola contém compostos nutracêuticos que, além de suas funções nutricionais básicas, auxiliam na redução do risco de doenças e na manutenção da saúde (ANJO, 2004). A importância nutracêutica da cebola é atribuída principalmente a substâncias antioxidantes como a quercetina e os tióis. Essas substâncias demonstraram ter efeitos na redução de inflamações, alergias, doenças virais e na prevenção de condições como câncer, catarata e doenças cardiovasculares (BOOTS et al., 2008; MURAKAMI et al., 2008). Como resultado das pesquisas sobre as propriedades medicinais de certas hortaliças na prevenção de doenças e na promoção da longevidade e saúde, a cebola emergiu como um alimento essencial desse grupo, impulsionando assim o seu consumo no Brasil.

Variedades

Com base na duração do ciclo e nas necessidades fotoperiódicas, é possível agrupar as variedades em três categorias distintas: ciclo precoce, ciclo intermediário e ciclo tardio.

  • Ciclo precoce: ciclo curto, com duração de 3,5 a 4 meses. Essas variedades requerem menos luz e conseguem formar bulbos com 10 a 11 horas de luz.
  • Ciclo intermediário: com um ciclo de 4 a 6 meses, essas variedades necessitam de 11 a 13 horas de luz para a formação dos bulbos.
  • Ciclo tardio: apresentam um ciclo mais longo, variando de 6 a 8 meses, e são altamente dependentes de um fotoperíodo superior a 13 horas.

Clima e Época de Plantio

A escolha adequada da variedade a ser cultivada deve considerar a altitude e o suprimento de água, levando também em conta características como casca, formato do bulbo e resistências específicas da variedade.

Após selecionar a variedade mais adequada à região (levando em conta o fotoperíodo), a temperatura se torna um fator limitante na produção. Condições amenas a frias durante o desenvolvimento vegetativo e temperaturas mais elevadas durante a formação dos bulbos são benéficas.

Métodos de Plantio

Por transplante: as sementes são inicialmente plantadas em um viveiro protegido, em bandejas geralmente com cerca de 280 células. Após 40 a 60 dias da semeadura, as mudas são transplantadas para o campo aberto.

Por semeadura direta: as sementes são plantadas diretamente nos canteiros usando uma plantadora pneumática, geralmente com 4 a 5 linhas.

Por meio de bulbilhos: essa técnica é menos comum atualmente. Envolve o uso de variedades específicas para esse propósito. As sementes são semeadas de forma espaçada em sementeiras tradicionais e os bulbilhos, com 10 a 30 mm de diâmetro e com três meses de crescimento, são colhidos. Esses bulbilhos são curados, armazenados e posteriormente plantados no campo. É importante notar que, após o estabelecimento de sementes para o cultivo de verão, esse método perde sua vantagem.

Irrigação

A água é o recurso primordial na agricultura, sendo essencial para ativar qualquer atividade metabólica. A irrigação na cultura da cebola deve ser feita de maneira espaçada, com uma lâmina de água adequada. A planta nunca deve passar por estresse hídrico, pois isso pode reduzir a produção e prejudicar diversas reações metabólicas. O excesso de irrigação pode levar ao surgimento de doenças bacterianas e fúngicas, além de possibilitar a disseminação dessas doenças pela plantação. Portanto, a irrigação deve ser realizada de forma equilibrada.

Preparo do Solo e Nutrição

A cebola se desenvolve melhor em solos de textura média, com boa drenagem e ricos em matéria orgânica, favorecendo o desenvolvimento das raízes e dos bulbos. Devido à sua alta exigência por cálcio, é importante realizar a calagem antes do plantio, tanto para ajustar o pH do solo como para neutralizar elementos tóxicos como o alumínio e o manganês, se necessário. A calagem também contribui para a agregação do solo e fornece nutrientes. Em termos de manejo físico do solo, é recomendado o uso do subsolador após a preparação inicial do solo, a fim de romper camadas compactadas que podem ter se formado durante o preparo anterior. Vale lembrar que o uso do subsolador deve ocorrer com solo seco, pois o uso em solo úmido pode agravar a compactação.

A rotação de culturas desempenha um papel crucial no sucesso do cultivo de cebolas. A sucessão após culturas como cenoura, por exemplo, é altamente benéfica para a cebola, apresentando sinergias entre as duas culturas. Ao planejar a rotação com culturas de maior porte, as gramíneas, como milho, milheto, painço e capins, são opções mais indicadas, ao passo que a rotação com leguminosas deve ser evitada, devido às sapopinas presentes nelas, que prejudicam as sementes de cebola e causam um impacto negativo. Portanto, semear soja e feijão antes do cultivo de cebola não é recomendado.

A utilização de canteiros contribui para a formação adequada dos bulbos. Os requisitos de nitrogênio, fósforo e potássio variam de acordo com o tipo de solo e a região de cultivo, impedindo a definição de uma única estratégia de manejo. No entanto, uma regra geral para a adubação é dividir a aplicação de nitrogênio e potássio, o que melhora a absorção pela planta e reduz a gravidade de doenças. A deficiência de nitrogênio se manifesta cedo na cebola, com plantas pequenas, crescimento lento, folhas finas e curtas, coloração verde-água e, posteriormente, pontas avermelhadas e morte das folhas mais antigas. Atualmente, a deficiência de nitrogênio é rara em cultivos de hortaliças, enquanto o excesso é mais comum, afetando a pós-colheita e beneficiando o desenvolvimento de doenças e pragas.

É importante destacar que a aplicação excessiva de potássio com o objetivo de aumentar a produção pode ter efeitos negativos. O potássio por si só não impulsiona a produção; seu papel está na conservação e qualidade dos bulbos. Cuidado especial também deve ser dado a outros nutrientes como cálcio, magnésio, boro, cobre, zinco, enxofre e manganês. Esses elementos são essenciais para garantir a produção de alimentos saudáveis para a população, a padronização dos bulbos e uma produtividade elevada. Nenhum nutriente isolado pode aumentar a produção; o equilíbrio nutricional ao longo do ciclo da cultura é fundamental.

O cultivo de hortaliças, especialmente no segmento de HF, requer atenção minuciosa aos detalhes e decisões rápidas. A Coopercitrus oferece um departamento dedicado às culturas de hortaliças, fornecendo suporte técnico e acompanhamento especializado no campo. Os detalhes realmente fazem a diferença no cultivo e contribuem para uma produtividade aprimorada.

Debora dos Santos Lopes
Consultora especialista em Hortifrúti da Coopercitrus

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