Em região pouco propícia para a cafeicultura, a cooperada Ana Carolina Columbeli aposta em manejo sustentável e apoio da Coopercitrus para criar um modelo produtivo eficiente e inovador
Produzir café especial em uma região de clima quente, solo arenoso e fora do eixo tradicional dessa cultura exige mais do que técnica; requer visão de futuro, coragem e planejamento. É exatamente isso que a cooperada Ana Carolina Columbeli, 34 anos, vem colocando em prática no Sítio Ouro Branco, em Pirangi (SP).
Na propriedade da família, antes dedicada à cana-de-açúcar, Ana implantou um sistema de produção que integra cafeicultura e avicultura, com foco em sustentabilidade, tecnologia e gestão eficiente. Com apoio técnico da Coopercitrus, ela dribla os desafios para adaptar o modelo e alcançar resultados consistentes.
Hoje, a produtora cultiva 105 mil pés de café em 25 hectares e mantém três aviários com capacidade para 105 mil aves. O grande trunfo está no modelo de economia circular, que reaproveita resíduos, reduz custos, promove o equilíbrio ecológico e agrega valor à produção.
Raízes familiares e visão de futuro
A história começou em 2016, quando Ana Carolina retornou à fazenda da família com o desejo de revitalizar a terra e implantar um novo modelo produtivo. Formada em Zootecnia pela UNESP de Jaboticabal, com MBA em Agronegócio pela FGV e especialização em cafeicultura, ela uniu conhecimento técnico e propósito para implantar um sistema integrado entre lavoura e granja.
“Desde pequena eu acompanhava meu pai nas visitas à Coopercitrus. Quando decidi assumir a propriedade, tive a ideia de usar os dejetos das granjas como adubo e fechar esse ciclo com o café. Deu certo. Hoje temos produtividade, equilíbrio e propósito”, relata.
Produzir café em clima quente?
Produzir café em Pirangi é, por si só, um desafio agronômico. A altitude inferior a 500 metros, o clima seco e os solos arenosos exigem manejo técnico e estratégias adaptadas.
A lavoura é 100% irrigada para garantir água nos períodos mais críticos. Entre as linhas de café a produtora cultiva braquiária como cobertura vegetal para proteger o solo e melhorar a retenção de água e nutrientes. Outro diferencial é o uso de adubação orgânica, baseada em compostos produzidos na própria fazenda.
A sustentabilidade também se estende à granja, abastecida por uma usina solar fotovoltaica. E, para fechar o ciclo, um sistema de captação de água da chuva está sendo implantado para reforçar a autonomia hídrica da propriedade.
“Nos eventos, sempre me perguntam se dá café em Pirangi. Dá, sim. Com técnica e manejo certo, dá muito bem”, afirma a cooperada.
Economia circular
O modelo implantado por Ana Carolina é referência em economia circular. A casca do café é utilizada como forração para os pintinhos nas granjas. Após cinco ciclos produtivos, a cama de frango retorna às lavouras como adubo.
Além disso, a propriedade utiliza um biocompostador, que transforma aves descartadas em adubo. A combinação desses elementos resulta em uma adubação orgânica eficiente, de baixa emissão de carbono e altamente sustentável.
“Com essa estratégia, conseguimos suprir 70% da demanda nutricional dos cafeeiros e reduzir o impacto ambiental”, explica.
Tecnologia e gestão
O bicho mineiro, principal praga da cultura do café na região, é controlado com o uso de crisopídeos, liberados por drones, além de biológicos como Bacillus, Beauveria e Metarhizium. Com isso, cerca de 60% do manejo já é feito com biológicos.
“Depois que comecei com os biológicos, o cenário da propriedade mudou. O ecossistema se reequilibrou, surgiram animais como tatu, tucano, siriema… Isso mostra que o ambiente está mais saudável”, diz Carol.
Desde o plantio, a Coopercitrus é parceira estratégica da produtora. A cooperativa forneceu mapeamento por drone, sistematização com GPS, assistência técnica, insumos, defensivos e suporte comercial.
“Viemos observar, discutir práticas de poda em alguns talhões e solicitar análise de solo para montar um plano de manejo nutricional, sempre com foco na qualidade da bebida. É trabalho de formiguinha. Vamos testando, adaptando, conversando todo dia. Mas é isso que faz a diferença”, afirma Bryan Gonçalves, consultor técnico da cooperativa.
Em 2023, a propriedade alcançou uma produtividade média de 54 sacas por hectare, superando com folga a média nacional de 28,9 sacas por hectare estimada para 2023, segundo dados da Embrapa.
Soluções sustentáveis do sítio Ouro Branco
Uso de casca do café como forração para pintinhos | Cobertura com braquiária para retenção hídrica e estruturação do solo |
Cama de frango compostada como adubo para o cafeeiro | Energia solar fotovoltaica nas granjas |
Controle biológico do bicho mineiro com crisopídeos liberados por drone | Projeto de captação de água da chuva em andamento |
Compromisso com o cooperado
“A Coopercitrus me atendeu desde o início. No começo, a unidade de Bebedouro nem tinha todos os insumos específicos para café, mas se adaptaram à minha realidade e hoje oferecem tudo que eu preciso. Isso mostra o verdadeiro espírito cooperativista”, destaca a cooperada
“A cultura do café deixou de ser comum na nossa região. Pouquíssimos produtores trabalham com ela por aqui. Quando a Carol nos procurou, foi uma surpresa e, ao mesmo tempo, um grande desafio. Nós precisamos nos aperfeiçoar, buscar conhecimento, entender as necessidades da cultura e nos preparar para acompanhar o desenvolvimento do projeto”, conta Francisco Ferreira, gerente da unidade de Bebedouro.
Para Francisco, a história vai além da técnica. “A Carol é um exemplo para todos nós: de sucessão, de empreendedorismo e, principalmente, da força da mulher no campo. Ela escolheu investir em uma cultura não tradicional e está abrindo caminho com garra. É uma inspiração para outras mulheres e para a agricultura da região.”
Café com identidade e futuro especial
O projeto também evolui comercialmente. A virada veio quando Carol decidiu torrar e moer seu próprio café. Hoje, a produtora investe na criação de uma marca própria, na estruturação de torrefação e embalagens, e no ingresso em clubes de assinatura e mercado de cafés especiais.
“Tratar a propriedade como empresa é essencial. Faço de tudo: produção, compras, vendas, manutenção. Mas quero focar no que agrega valor: a qualidade do café e o vínculo com o consumidor”, conclui.
O apoio da Coopercitrus no sítio Ouro Branco
Máquinas e equipamentos
Equipamentos agrícolas adquiridos na Coopercitrus Expo | Suporte técnico com fornecedores parceiros |
Insumos
Fertilizantes, corretivos e adubos |
Defensivos químicos e apoio em planejamento de uso |
Defensivos biológicos para controle de pragas e doenças |
Tecnologia de agricultura de precisão
Mapeamento e sistematização com GPS |
Atendimento especializado
Assistência com consultores da Coopercitrus e empresas parceiras |
Planejamento de manejo nutricional e de poda |
Atendimento próximo e personalizado |
“Eu consigo suprir até 70% da demanda de adubação do café com fontes orgânicas”
“Depois que comecei a usar biológicos, o cenário da propriedade mudou completamente”
“Adaptando o manejo com ferramentas biológicas e químicas, conseguimos uma produtividade que se aproxima das 60 sacas por hectare” – Bryan Gonçalves
“A Carol é um exemplo para todos nós: de sucessão, de empreendedorismo e, principalmente, da força da mulher no campo” – Francisco Ferreira