CULTURAS

Está na hora de controlar o bicho mineiro em sua lavoura. Mas qual estratégia deve-se adotar?

Considerado uma das principais pragas do cafeeiro devido seu alto potencial para a desfolha das plantas, o bicho mineiro do café (Leucoptera coffeella) é motivo constante de preocupação para os cafeicultores nas mais diversas regiões de cultivo. Dessa forma, é de extrema importância conhecer a praga de forma a reconhecê-la em suas diversas fases, entender seu comportamento biológico e suas interações com fatores bióticos, como inimigos naturais, e fatores abióticos, como temperatura e pluviosidade. Assim, têm-se informações suficientes para elaborar a melhor estratégia de controle possível, de modo a maximizar o controle, associando-o a maiores ganhos em produtividade e, consequentemente, lucratividade para o cooperado. Em primeiro lugar, conforme apresentado na imagem 01, a praga em questão apresenta essencialmente quatro fases de desenvolvimento: adulto, ovos, lagartas e crisálidas, das quais apenas as lagartas são capazes de causar danos à cultura, uma vez que se alimentam no mesófilo da folha, formando galerias dentro dela, conforme evidenciado na imagem 02, e causando necrose associada à desfolha, reduzindo significativamente a capacidade fotossintética das plantas. No entanto, embora a fase de dano seja apenas uma, o manejo integrado da praga deve englobar todas as fases, de modo a assegurar melhor desempenho.

Imagem 01. Ciclo de vida e aspecto das diferentes fases do bicho mineiro (Almeida et al., 2020).

Imagem 02. Aspecto das lesões, em forma de minas, causadas pela praga. Deriva daí o nome comum do inseto (Arquivo pessoal).

Conforme destacado na imagem 01 e informado na revisão feita por Almeida et al (2020), o clima influencia diretamente a duração do ciclo da praga. Esse fato, inclusive, influencia a dinâmica populacional do bicho mineiro, o qual é mais observado nos meses mais quentes e secos do ano (Imagem 03). Apesar disso, é importante destacar: durante as estações mais secas do ano, o uso de inseticidas de longo residual é pouco eficiente, uma vez que esses, em sua maioria, dependem diretamente da presença de água no sistema, bem como da turgescência da planta, para alta performance. Logo, o manejo integrado do inseto deve englobar estratégias de controle populacional ao longo de todo o ano.

Imagem 03. Dinâmica populacional do bicho mineiro, com destaque para a influência da ausência de pluviosidade e menor umidade relativa do ar para o aumento populacional (Silva, 2018). Importante destacar: embora não haja relação aparente entre temperaturas altas e a incidência da praga no gráfico anterior, esse fator climático influencia diretamente a duração do ciclo do inseto. No entanto, durante o verão, os altos volumes de chuva e alta umidade relativa do ar influenciam negativamente o desenvolvimento do bicho mineiro, uma vez que podem ocasionar maior mortalidade de lagartas, redução da cópula dos adultos, menor taxa de oviposição e redução da viabilidade dos ovos (Conceição, 2005).

Dessa forma, pode-se entender as razões pelas quais as estratégias de controle variam de acordo com o estado da lavoura, condição ambiental, presença de inimigos naturais e fase e nível de infestação da praga encontrado na gleba. Portanto, é fundamental a presença de profissionais capacitados para executar o correto levantamento populacional da praga, bem como identificar, nos talhões, as mais diversas fases do seu ciclo de vida. Em posse desses dados e considerando as interferências do ambiente, conforme destacado anteriormente, tanto sobre o ciclo da praga quanto para a maior eficiência dos inseticidas, a estratégia de controle pode ser elaborada. Conforme destacado anteriormente, a estratégia global de controle deve se basear na redução máxima da população durante o verão de modo a ter menor presença da praga durante as fases de maior frequência populacional, ou seja, no inverno. Para tanto, recomenda-se uso de inseticidas de solo no início e no fim do verão, intercalando tais aplicações com pulverizações foliares com inseticidas mais seletivos quando possível, de modo a fechar possíveis janelas de infestação da praga, preservando a presença de inimigos naturais que contribuem com o controle natural do inseto, especialmente os crisopídeos (Imagem 04), cujo uso comercial como estratégia de controle biológico está em plena expansão. O uso de inseticidas de maior residual, por sua vez, deve ter seu uso incentivado nas pulverizações que antecedem a colheita, respeitando carência recomendada e garantindo controle durante o período mais seco do ano. A seguir, apresenta-se uma tabela dos principais grupos químicos de inseticidas foliares usados para controle de bicho mineiro, destacando sua eficiência para as fases da praga, bem como o residual proporcionado pelo seu uso.

Imagem 04. Crisopídeo, importante inimigo natural do cafeeiro. Aspecto da fase adulta, de ovo e de pupa do inseto (Arquivo pessoal).

Imagem 05. Principais grupos químicos de inseticidas usados para controle de bicho mineiro, destacando sua eficiência conforme fase da praga e seu residual de controle da praga.

BIBLIOGRAFIA:

ALMEIDA, J. et al. Bicho mineiro (Leucoptera coffeella): uma revisão sobre o inseto e perspectivas para o manejo da praga. 2020.

CONCEIÇÃO, C. Biologia, dano e controle do bicho-mineiro em cultivares de café arábica. Campinas, SP, v. 86, 2005.

SILVA, M. R. et al. Incidência do bicho-mineiro (Leucoptera coffeella) em cafeeiro fertirrigado sob diferentes níveis de adubação. 2018.

Escrito por Thiago David de Oliveira, Consultor de Desenvolvimento Técnico de Mercado da Coopercitrus, na cultura do Café.

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