CULTURAS

Estratégias para formar um canavial no limpo

A formação de uma área livre de plantas daninhas é imprescindível para se conseguir um canavial longevo, isso por que, um dos maiores fatores de renovação ainda é a alta infestação de plantas daninhas, que compete com a cana planta, deixando falhas e matando a soqueira, sendo hospedeiras de pragas e/ou doenças, onerando custos de catação das plantas daninhas e de colheita.

As principais infestantes e responsáveis pela renovação das áreas ainda são as gramíneas, entre elas a braquiária e o colonião, mas nos últimos anos tem crescido o problema com plantas daninhas de sementes grandes: mamona, mucuna, merremias e bucha (folhas largas de difícil controle).

Temos visto muitas áreas de plantio sofrerem com escape ainda no início de sua formação, nos últimos anos foram escassas as chuvas após o plantio o que comprometeu muito a eficiência dos herbicidas em plantio, e as áreas chegaram na fase de nivelamento (“quebra lombo”) necessitando de uma aplicação previa para não piorar o problema.

Mas qual será a estratégia para eliminar o problema e garantir um canavial limpo ao final do primeiro corte?

Manejo Integrado
  • Rotação de culturas: modifica a perpetuação das plantas daninhas e reduz o banco de sementes: Ex. Soja RR- uso de glifosate; amendoim: imazapique, s-metolachlor; crotalária: trifluralina.
  • Método cultural: preparo de solo, época de plantio, alocação de variedades, correção e adubação, controle de pragas e doenças.
  • Método preventivo: impedir a disseminação para novas áreas. Ex. Limpeza das colhedoras.
  • Método químico: modalidade de aplicação, épocas, doses, sinergismo entre produtos e tecnologia de aplicação.
Qual o passo a passo?

1° Passo – Infestação de plantas daninhas da área: De acordo com a estratégia acima devemos começar conhecendo a matologia da área: Quais as espécies predominantes na área? Gramíneas? Folhas largas?

A)   Grama-seda                            B) Braquiária

Esse é um conhecimento que o produtor tem que ter de sua área, pois na maioria das vezes quando o agrônomo é chamado para fazer uma recomendação a área já está preparada para o plantio e não há como realizar o manejo com antecedência.

Conhecer a área é sempre importante para se planejar com antecedência e realizar o melhor manejo, por exemplo, áreas com infestações altas de capim braquiária ou conião exigem que a área seja dessecada com antecedência para iniciar o controle, além de aproveitar os produtos utilizados nas culturas em rotação para diminuir a infestação.

2º Passo – Dessecação e Desinfestação da área: No momento da destruição da lavoura antiga para início da preparação de uma nova área é importante antes da gradagem realizar uma dessecação da área, dessa forma, temos certeza que as touceiras antigas estão mortas e não haverá rebrote (principalmente no caso de instalação de uma outra variedade ou de cultura em sucessão), também é uma oportunidade de uso de pré-emergentes para auxiliar no manejo da sementeira (desinfestação). A escolha dos produtos depende da cultura em sucessão que será implantada na área e das plantas daninhas infestantes.

Alguns cuidados devem ser tomados evitando as interações negativas como: ametrina, amicarbazone, atrazina, diuron, hexazinona, metribuzin e tebuthiuron (inibidores do fotossistema II), exigem aumento de 30% da dose de glifosate.

No entanto, existem algumas interações posistivas que melhoram ou aceleram a dessecação são elas: carfentrazone, oxyfluorfen, sulfentrazone, flumioxazina, sulfentrazone e saflufenacil (inibidores de protox).

3º Passo – Preparo de Solo: área livre de torrões: Preparo da área com torrões grandes como da foto abaixo, impede um bom funcionamento do herbicida, as sementes das plantas daninhas ficam retidas abaixo e entre os torrões de solo e a quantidade de herbicida pulverizado não chegara ao seu alvo para impedir a germinação da infestante.

Foto: Área com presença de torrões (preparo do solo com pouca umidade)

4º Passo – Pré plantio incorporado (PPI): O principal manejo e que mais tem garantido a formação das áreas limpas é o PPI (pré-plantio incorporado): de posse da informação das principais plantas infestantes deve-se realizar uma aplicação com no mínimo uma semana antes do plantio, sendo ideal de 15 à 20 dias. O herbicida deve ser incorporado ao solo e estará em contato apenas com a solução do solo e não entrará em contato com a gema do tolete  no fundo do sulco inibindo a sua germinação ,e terá condições de impedir o primeiro fluxo de vegetação das infestantes. As premissas desse manejo são: a incorporação potencializa a eficiência do herbicida e altera a seletividade

Nos últimos dois anos temos visto áreas com aplicação de excelentes produtos apenas no pós-plantio com escape de plantas daninhas (foto), não por ineficiência do produto, mas por falta de umidade para que o produto inicie o controle, quando há chuvas, as plantas daninhas já estão em pós emergência e o produto tem ação apenas em pré.

Como no caso da foto abaixo, a umidade foi suficiente para propiciar a germinação das plantas daninhas, mas não houve chuvas para ativar o herbicida, para evitar a germinação das plantas daninhas e realizar o controle.

Foto:  Cana-planta com escape de braquiária.

5º Passo – Herbicida em pós plantio: O herbicida deve ser aplicado logo após o plantio da cana, o ideal é que seja feito no máximo na mesma semana, é comum que os produtores aguardem a brotação da cana ou mais de 15 dias para realizar essa aplicação, neste caso as plantas daninhas já iniciaram o processo da germinação, os herbicidas pré-emergentes não conseguiram mais realizar o controle e haverá danos de fitotoxidez na cultura, a aplicação ficará mais cara e menos eficiente. Além de realizar a aplicação no momento correto é importante conhecer as plantas infestantes na área, na foto abaixo a área possuía alta infestação de Digitaria nuda (tipo de capim-colchão), que não é controlada por qualquer graminicida, foi realizada a aplicação e houve escape, como esta planta tem efeito alelopático e interfere no perfilhamento e crescimento da cana, foi necessário realizar uma reaplicação para não comprometer o desenvolvimento inicial da cultura.

Foto: Cana planta com excelente controle de plantas daninhas antes do nivelamento

6º Passo– Aplicação de pós-nivelamento (“Quebra-lombo): Essa aplicação consiste no reforço da dose de herbicida após a operação de “quebra lombo”, isso por que, a maioria dos produtos perdem a eficiência no momento em que o solo é revolvido e a cana planta leva mais de 200 dias para fechar a área, nesse período está sujeita a reinfestações, os herbicidas que utilizamos tem uma meia vida em torno de 150 dias, ou seja, se não reaplicarmos nesse momento teremos problemas de escape antes do fechamento da cultura.

Existem muitos equipamentos adaptados com pingente acoplado direto no “quebra lombo”, dessa maneira é possível otimizar a aplicação, outra forma é realizar o nivelamento do solo e depois voltar na área com pingente.

Considerações finais

A formação de um canavial no limpo, depende do conhecimento da matologia da área e do planejamento, com enorme importância para dessecação e aplicação em pré-plantio incorporado (PPI) para redução da pressão de infestação e otimização dos resultados dos herbicidas de pós plantio e pós nivelamento, para obtenção de canavial limpo e longevo em questão de plantas daninhas. Procure a Coopercitrus mais próxima para auxiliá-lo das plantas daninhas em sua área de plantio.

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