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Panorama e expectativas para o mercado de ovos

O crescimento da produção está atrelado ao aumento do consumo de ovos.

O Brasil é o sexto produtor mundial de ovos, tendo produzido 48,15 bilhões de ovos em 2021 (IBGE). São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo são responsáveis por 29,6%, 10,5% e 9,2% da produção brasileira de ovos respectivamente.

A produção brasileira cresceu 4,5% ao ano de 2010 a 2021.

O consumo per capita brasileiro também aumentou, com forte incremento nos últimos anos em função da pandemia, atingindo 257 unidades em 2021, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal. Entre 2010 e 2021, o consumo médio anual de ovos cresceu 5,2%. Acompanhe na figura 1.

Figura 1

Produção brasileira, em bilhões de ovos, no eixo da esquerda, e consumo per capita, em unidade de ovo por ano, no eixo da direita.

Perceba que o consumo de ovos cresceu a uma taxa maior que a produção nos últimos dez anos.

O peso do custo de produção na oferta de ovos

Cerca de 70% do custo de produção na avicultura de postura é a alimentação (Embrapa).

A dieta de aves de postura é composta, em grande parte, por milho em grão e farelo de soja. Em função disso, esses dois alimentos pesam no custo da produção.

Estima-se que cerca de 80% da ração seja composta por esses dois componentes e 56% do custo de produção esteja ligado às oscilações dos preços do milho e do farelo de soja.

Nos últimos anos, os preços do milho e do farelo de soja, em razão de quebras de produção e, consequentemente, menor oferta, subiram.

Devido ao menor poder de compra do brasileiro ao longo de 2021, assistimos a uma substituição do consumo de proteínas, caindo, por exemplo, o consumo de carne bovina e subindo o consumo de ovos. Com esse estímulo, a produção cresceu e os preços aumentaram.

Em 2022, o quadro tem sido semelhante, com expectativa de manutenção da produção vigente e uma demanda firme.

Nesse contexto, os preços atingiram a maior referência em termos nominais (figura 2).

Figura 2

Preço nominal e real (deflacionado pelo IGP-DI), em R$/caixa com dúzias de ovos, nas granjas em São Paulo

Mas o poder de compra do avicultor melhorou?

Com o forte incremento nos preços dos ovos e a cotação dos insumos mais “controlados”, a relação de troca para o avicultor de postura melhorou em 2022.

Acompanhe o comportamento da relação de troca com os insumos na Figura 3.

Figura 3

Caixas com trinta dúzias de ovos necessárias para a compra de uma tonelada de farelo de soja (em azul) e de milho (em laranja), de 2010 até 2022, em São Paulo

Apesar da melhora no poder de compra do avicultor, a relação de troca com os principais insumos continua historicamente elevada, o que tem pressionado as margens da atividade.

Expectativas para 2023

Para o próximo ano, a expectativa é de que a oferta seja ajustada ao consumo, e esse quadro deverá ditar os preços. Assim, é esperado que não haja fortes quedas nos preços dos ovos ao avicultor.

O poder de compra do brasileiro ainda deverá seguir impactado pelas consequências econômicas causadas pela pandemia, mantendo o elevado consumo de ovos.

No fim de 2022 e no primeiro trimestre de 2023, sazonalmente, há uma demanda mais fraca por ovos e poderemos ver preços mais frouxos.

Atenção, porém, à expectativa de preços mais frouxos para a carne bovina no próximo ano, que, se refletir no mercado varejista, poderá influenciar também os preços da carne suína e de frango e dos ovos.

Com relação aos insumos, a expectativa é de menor pressão sobre os preços, com possível incremento na oferta de milho e de soja no Brasil. Atenção, porém, ao mercado do milho, que, por conta de fatores externos, deverá trabalhar firme.

No mercado de soja em grão, a expectativa é de recorde na safra 2022/23 brasileira. Há tendência da exportação se estabilizar, aumentando a oferta da oleaginosa e resultando em queda no preço do farelo de soja.

Atenção ao clima, que poderá mudar as expectativas de produção previstas — no Brasil e países vizinhos — e elevar as cotações.

No mercado de milho, a expectativa também é de recorde e crescimento na oferta do cereal no mercado brasileiro.

Atenção ao cenário em que importantes exportadores do grão no mundo devem trabalhar com menor oferta em 2023, caso da Ucrânia e dos Estados Unidos.

O Brasil poderá aumentar a exportação, minguando a possibilidade de preços mais frouxos no próximo ano.

Assim, a expectativa é de que o avicultor de postura trabalhe com uma relação de troca com o milho apertada em 2023, já para o farelo de soja, se confirmado o cenário, o poder de compra deverá ser melhor.

Referências

Associação Brasileira de Proteína Animal, ABPA
Central de Inteligência de Aves e Suínos, CIAS
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE
Scot Consultoria

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