Sistema adotado pelo cooperado Caio Grisotto em parceria com a Coopercitrus e a ESALQ/USP eleva a produtividade por área, com o gado chegando mais cedo e mais pesado na recria.
O Brasil é um gigante da pecuária global, liderando o fornecimento de carne bovina para o mundo. Com cerca de 159 milhões de hectares de pastagens, o país possui uma diversidade de ecossistemas que favorecem a criação de bovinos em larga escala. No entanto, dados do Ministério da Agricultura revelam que cerca de 78% dessas áreas de pastagem estão em estado de degradação intermediária a severa. Nesse cenário, a intensificação de pastagem surge como uma estratégia essencial para a recuperação desse solo. Esse sistema de produção integra diversas técnicas, visando otimizar o uso da terra e potencializar a produção, aproveitando todos os recursos naturais que promovem uma gestão sustentável.
Para auxiliar os cooperados na adoção de técnicas de intensificação de pastagens e melhorar os resultados da pecuária, a Coopercitrus desenvolveu um programa em parceria com a equipe do professor Dr. Moacyr Corsi, da Esalq/USP, referência internacional em pastagem.
Por meio desse programa, os cooperados da Coopercitrus têm acesso a uma consultoria especializada para adotar técnicas de intensificação de pastagens, com visitas periódicas dos especialistas da cooperativa e dos pesquisadores da Esalq — dentre eles, o próprio Dr. Corsi e nomes como Dr. Miguel José Thomé Menezes e Dr. Marco Antônio Penati.
Um exemplo de sucesso é a Cláritas Agronegócios, empresa familiar gerenciada por Caio Carmignani Grisotto, que revolucionou os resultados da recria em sua propriedade, na região de Piracicaba (SP). Ele administra a fazenda da família, com uma área de 3 mil hectares divididos entre a pecuária e o cultivo de cana-de-açúcar. Há três anos, em busca de melhores resultados, o cooperado decidiu participar do programa com o objetivo de acelerar o ganho de peso e melhorar o desempenho das novilhas na recria.
O projeto teve início com uma pequena parte da fazenda, em cerca de 60 hectares, para testar e avaliar as práticas, podendo ser expandido gradativamente para áreas maiores. Grisotto, engenheiro agrônomo formado na Esalq/USP e da terceira geração de uma família de pecuaristas, identificou que a qualidade e a produtividade do pasto estão intrinsecamente ligadas ao sucesso das demais operações.
As práticas e estratégias adotadas redefiniram a dinâmica do manejo e os resultados foram além do esperado. “O projeto trouxe uma mudança de paradigma, pois até então trabalhávamos apenas com pastos maiores. Reformamos a área que estava degradada, adubamos e reformamos com braquiarão. Com o investimento na intensificação de pastagem, aceleramos o ganho de peso e melhoramos o desempenho das novilhas na recria”, afirma o cooperado. “Para mim é uma satisfação estar atualizando o trabalho iniciado há mais de 50 anos pelo nosso avô, João (Babico) Carmignani”, complementa, com orgulho.
A fazenda é de atividade de cria e, segundo o cooperado, a grande vantagem é que as novilhas começaram a entrar na estação de monta mais cedo e mais pesadas. Acompanhando todos os detalhes da intensificação na propriedade, o especialista em pastagem da Coopercitrus, Luís Gustavo Rossi, destaca que o programa tem como foco aumentar a rentabilidade do pecuarista. “O capim é o alimento mais barato que existe para o animal. Muitos pensam que é preciso reduzir custos para aumentar a margem, mas na verdade é preciso investir para aumentar essa margem”, diz, atribuindo o aumento da produtividade de Grisotto à dedicação do produtor.
Pasto rotacionado
O sistema adotado na propriedade da família é o rotacionado, onde o pasto é dividido em vários piquetes que passam períodos alternados de descanso e de pastejo. A área escolhida para o projeto de intensificação foi dividida em dois módulos de 30 hectares, com oito piquetes em cada módulo, que recebem 160 cabeças. Na prática, enquanto um lote é pastejado, o outro piquete descansa. Após consumir a forragem disponível, esse lote é transferido para o piquete seguinte. “A orientação é que o pasto precisa estar com 40 cm para o gado entrar e 20 cm para sair e seguimos isso de forma rigorosa. O gado fica em cada piquete de 3 a 5 dias. Depois, passa para o seguinte e assim por diante. Desse modo, cada piquete tem o tempo necessário para o capim se estabelecer numa altura adequada novamente, pois após cada saída dos animais ele é adubado, obtendo qualidade nutricional”, conta o produtor.
Rossi explica que a intensificação seguiu um conjunto de ações, incluindo manejo adequado de acordo com cada espécie e variedade, adubação e correção de solo, divisão das áreas com cerca eletrificada, controle de pragas e plantas daninhas, além da implantação de cultivares mais produtivas.
“Quando o manejo não está adequado, não tem como fazer a reposição de nutrientes. O solo perde força e produtividade, dando espaço para erosão, ataques de pragas e a consequência é a sua degradação. A nossa missão é intensificar essas áreas degradadas, e começamos com o uso da análise do solo. A partir disso, entendemos quais elementos são necessários para a correção do pH, como a aplicação de calcário, aplicação de gesso, se necessária, e a reposição de macro e micronutrientes. Com o fortalecimento desse solo, o capim se desenvolve mais rápido e obtém uma qualidade melhor”.
Segundo Grisotto, um passo importante foi implantar a cerca elétrica. “A partir do momento que você resolve fazer intensificação, se não utilizar a cerca elétrica, o custo eleva muito. Então a gente foi atrás de formação, trouxe uma pessoa para capacitar os funcionários aqui na implantação e deu super certo. Hoje já estamos expandindo”.
Para ajudar no controle e organização da operação, o pecuarista tem uma caderneta criada pelo programa, onde sua equipe faz as anotações de controle de campo, dia a dia. “A equipe transmite todas as informações para o controle de campo e, com base nelas, orienta se houver algum erro. Analisamos a produtividade, as taxas de lotação, os custos e a margem, no período das águas e da seca. O que mensuramos são os investimentos e os custos com a depreciação do pasto. Neste caso, ele reformou o pasto, então houve um custo alto inicial, mas geralmente os investimentos não são altos”, explica o professor Dr. Marco Antônio Penati, que acompanha a propriedade de Grisotto.
Penati destaca que, após a intensificação das pastagens, as novilhas passaram a entrar mais cedo e mais pesadas na remonta. O gado passou a ganhar 600 gramas por dia, atingindo peso de 336 quilos. “Só é possível aumentar a taxa de arroba/hectare se o desempenho for melhorado, como a taxa de prenhez, taxa de desmame, peso da desmama, ganho de peso, e aumentando a lotação. Para ter um ganho de produtividade é preciso fazer essas ações em conjunto”, revela o professor.
Investimento que compensa
Os resultados são mensurados em dois módulos, chamados de azul e vermelho, a título de comparação entre os piquetes e resultados dos animais. As análises também são separadas por períodos das águas, que acontece de 1 de novembro a 30 de abril, e das secas, que vai de 1 de maio a 31 de outubro.
Em 2023, no período das águas, a produção de arroba/hectare foi de 24,80 no módulo azul e 29,30 no módulo vermelho, com o custo de arroba/hectare variando entre R$ 11,30 a R$ 13,05, respectivamente. Já no período da seca, a produção de arroba/hectare foi de 4,5 no módulo azul e vermelho, com o custo variando entre R$ 2,59 e R$ 2,64 respectivamente.
Contente, Grisotto pretende ampliar o projeto para outras áreas: “O projeto agregou muito à nossa produtividade. Estamos estudando em qual área iremos ampliar, pois o relevo da região dificulta essa ampliação, especialmente em virtude da logística. Existem áreas onde não conseguimos entrar com o trator ou fazer uma boa localização dos bebedouros, por exemplo”.
Lado a lado com o cooperado
O programa oferece aos pecuaristas uma visão clara de sua produtividade atual, definindo os objetivos a longo prazo. O primeiro passo é entender a realidade da propriedade e seu sistema de produção para definir os objetivos. “Essa avaliação é necessária, pois cada propriedade tem sua particularidade e necessidades diferentes. No caso da família Grisotto, um dos desafios foi encontrar uma área adequada: “A região tem relevo recortado, mas essa característica não impediu que o produtor atingisse o resultado esperado. Além disso, o pasto estava com baixa produtividade e a cultivar não era a mais adequada. Por isso, tivemos que reformar e implantar outro tipo de capim, mas nem sempre é preciso fazer essa substituição. A partir da primeira análise, definimos o protocolo e passamos a fazer um acompanhamento técnico”, detalha o professor.
Penati explica que, antes de implantar o pastejo rotacionado, é preciso avaliar a forragem que será explorada, o número de dias necessários para o descanso, as estruturas de cochos e bebedouros e a disponibilidade adequada de sal, suplemento e água. “O pecuarista deve corrigir, adubar o solo, verificar os dias de ocupação que os animais farão no piquete e não se esquecer de treinar seus colaboradores para o manejo do novo sistema”, salienta o professor.
“Cada propriedade tem sua particularidade e existem protocolos diferentes que devem ser executados. Por isso a importância desta avaliação para atingir os resultados pretendidos”, reforça Rossi.
Não existe receita pronta para colher os melhores resultados na pecuária, mas, sim, uma combinação entre planejamento, tecnologia e boas práticas para equilibrar os custos e maximizar os rendimentos. Em todas essas etapas a Coopercitrus é parceira do agricultor.
“Além de dar toda essa assistência, os produtos da Coopercitrus são de qualidade e têm o custo acessível. Participamos muito das campanhas, conseguindo produtos com boas condições”, conta Grisotto, que é um exemplo inspirador de como a transformação no manejo da pastagem pode impulsionar os ganhos na pecuária.
Cooperado, O Programa de Intensificação de Pastagens está disponível a todos! A Coopercitrus disponibiliza as técnicas avançadas de intensificação, e subsidia o custo da consultoria, proporcionando uma oportunidade ainda mais viável para a adoção dessas práticas inovadoras. Para saber mais sobre essa oportunidade de transformar suas áreas de pasto, procure a unidade da Coopercitrus mais próxima.
Oportunidade de Investimento em Pecuária Sustentável
No cenário atual, em que a busca por práticas sustentáveis ganha cada vez mais destaque, uma nova oportunidade se apresenta aos pecuaristas. O Governo Federal lançou o decreto nº 11.815, em 6 de dezembro de 2023, que pode transformar a realidade da pecuária brasileira de forma sustentável.
O decreto propõe a conversão de pastagens degradadas em Sistemas de Produção Agropecuários e Florestais Sustentáveis. Essa medida visa recuperar cerca de 40 milhões de hectares de pastagens degradadas em um prazo de 10 anos, impulsionando não apenas a produção agrícola, mas também a geração de empregos e oportunidades, sem prejudicar as florestas.
O Ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, destaca a importância do programa: “O programa de conversão de pastagens em áreas agricultáveis vai permitir com que o Brasil possa não só dobrar a produção, mas dobrar a geração de empregos, de oportunidades, e com uma diferença: não será sobre a floresta. Será feito sobre as pastagens degradadas e com uma velocidade muito maior do que já tivemos até agora”, salienta.
O retorno econômico previsto é significativo, estimado em média em R$ 80,00 para cada real investido, contribuindo para a economia nacional. Esse ganho se deve, em grande parte, ao aumento da produtividade, à redução da degradação do solo e ao acúmulo de carbono (matéria orgânica) no solo. Além disso, a iniciativa está alinhada aos compromissos nacionais de atingir o desmatamento zero até 2030, demonstrando responsabilidade ambiental. Também está em conformidade com metas internacionais ratificadas pelo Brasil, como as Convenções de Combate à Desertificação, Diversidade Biológica e Clima, e contribui para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.