CULTURAS

Seminário de inovações para citros aponta soluções para os desafios da citricultura moderna

Evento reuniu especialistas, produtores e empresas do setor citrícola para compartilhar inovações e desafios do cultivo de citros

No dia 19 de setembro, a Fundação Coopercitrus Credicitrus realizou o Seminário de Inovações para Citros, um evento que reuniu especialistas, produtores e empresas para discutir as últimas inovações e desafios enfrentados pelo setor citrícola. O auditório lotado refletiu o momento de forte crescimento da citricultura e a importância do evento para o setor.

Matheus Marino, presidente do Conselho de Administração da Coopercitrus, abriu o seminário ressaltando o crescimento expressivo da citricultura na cooperativa. “O citros é a cultura que mais cresce em vendas na Coopercitrus”, destacou Marino. Ele explicou que, embora esse sucesso traga muitas oportunidades, também impõe desafios. “Esse crescimento nos leva à introdução de novas tecnologias e à expansão para novos territórios. A questão que se coloca é: quais manejos, porta-enxertos e tecnologias vão entregar os melhores resultados nessas novas regiões?

Essas questões foram amplamente debatidas no seminário, que contou com o patrocínio da Agroallianz, ICL, Syngenta, Campo Digital, Sicoob Credicitrus e Vittia, além do suporte técnico da Agromillora, Citrograf, Embrapa, Fundecitrus e Teófilo Citrus.

Homenagem ao Dr. Eduardo Sanches Stuchi

Um dos momentos mais emocionantes do evento foi a homenagem póstuma ao pesquisador Dr. Eduardo Sanches Stuchi, da Embrapa Mandioca e Fruticultura, que teve um papel fundamental na Unidade Mista de Pesquisa e Transferência de Tecnologia Cinturão Citrícola, sediada na Fundação Coopercitrus Credicitrus. Em reconhecimento à sua contribuição para o desenvolvimento da citricultura, o Viveiro de Plantas Básicas Citros foi renomeado Viveiro Dr. Eduardo Sanches Stuchi. A homenagem foi marcada pelo descerramento de uma placa, com a presença de familiares do pesquisador.

Tecnologia e manejo em foco

Durante as apresentações, ficou claro que o manejo integrado, a escolha do porta-enxerto correto e o uso de tecnologias como irrigação, correção de solo e controle biológico serão fundamentais para garantir o sucesso da citricultura nas novas regiões onde a cultura está sendo expandida.

O Dr. Eduardo Girardi, pesquisador da Embrapa, abriu as palestras com o tema Variedades de citros: panorama e perspectivas, destacando a importância da diversificação de variedades para enfrentar desafios como o greening e a mudança climática.

Na sequência, a Dra. Mariângela Yaly, pesquisadora do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), apresentou as novas variedades IAC, ressaltando as características que as tornam mais produtivas e resistentes a doenças.

O especialista da Coopercitrus, MSc. Luís Felipe Rinaldi, trouxe uma abordagem prática com a palestra Vitrine Tecnológica de Citros: escolha a sua variedade, onde orientou os produtores sobre como selecionar as melhores variedades para diferentes regiões e condições climáticas.

Pesquisadores da Embrapa apresentam projetos de pesquisa sobre citros e greening

Pesquisadores da Embrapa apresentaram estudos sobre o impacto do greening em diferentes variedades de citros e porta-enxertos, destacando o desempenho das plantas em áreas afetadas pela doença.

Dra. Marina Vitória (Eng. Agr. Bolsista Embrapa): Laranja valência em diferentes porta-enxertos na presença do greening.
Eng. Agr. Natasha Rodrigues (Bolsista Embrapa): Laranja pera em diferentes porta-enxertos na presença do greening.
MSc. Giovanni Silva (Eng. Agr. Bolsista UNESP): Tangerina ponkan em diferentes porta-enxertos na presença do greening.
MSc. Larissa Nunes (Eng. Agr. Doutoranda UF): Lima-ácida tahiti em diferentes porta-enxertos na presença do greening.
Dr. Juan Arenas (Pesquisador Fundecitrus): Impacto do greening no limão Siciliano.


Visita a Campo

Além das apresentações, os participantes fizeram uma visita prática às áreas experimentais de citros. Dividida em estações, a demonstração focou em tecnologias e práticas inovadoras que estão transformando a citricultura.

  • Luiz Gustavo Parolin, Gerente da Fundação Coopercitrus Credicitrus (FCC), apresentou a coleção de citros, destacando as principais variedades cultivadas e suas características.
  • O Dr. Alécio Moreira, da Embrapa, abordou os sistemas de plantio mais eficientes para aumentar a produtividade e sustentabilidade.
  • Carla Santana (UNESP) demonstrou o Sistema Bouché-Thomas de plantio, técnica inovadora para otimização de espaço e recursos.
  • Sabrina Trajano (UNESP) mostrou a performance da laranja folha murcha em diferentes porta-enxertos na presença do greening, destacando a importância do manejo adequado para essa doença.
  • O Dr. Eduardo Girardi (Embrapa) apresentou os híbridos de citros australianos, que mostraram resiliência na presença do greening.
  • Dra. Marina Vitória (Embrapa) demonstrou resultados do cultivo da laranja pera em citrandarins, enfatizando sua resistência e produtividade.
  • Luís Felipe Rinaldi (Coopercitrus) apresentou a Vitrine Tecnológica de Citros, onde os participantes puderam conferir diferentes variedades e suas respostas ao manejo tecnológico.
  • Daniel Petreli (Agroallianz) fez uma demonstração de pulverização via drone e destacou o uso de adjuvantes, tecnologia que otimiza a aplicação de defensivos e aumenta a precisão do manejo.

Citricultura em expansão:

desafios e oportunidades

Após um período de desestímulo causado pelos baixos preços e o impacto de pragas, o setor volta a crescer, com uma importante expansão para novas regiões. Esse movimento, no entanto, traz desafios que exigem adaptação e inovação.

O pesquisador da Embrapa, Eduardo Girardi, destacou que a expansão para regiões com clima mais quente e solos menos explorados demanda um planejamento cuidadoso. “O sucesso dessas novas áreas depende diretamente da irrigação e do manejo correto do solo”, afirmou.

Girardi observou que o perfil do citricultor mudou nas últimas décadas. Muitos produtores de hoje são parte de uma nova geração, mais qualificada tecnicamente, que está retornando às propriedades familiares após passarem por universidades e especializações.

“Os produtores estão mais abertos à adoção de novas tecnologias e buscam constantemente o apoio da ciência. Isso estreita a relação entre pesquisa e campo, e eleva o nível técnico da citricultura”, comentou o pesquisador. A presença de jovens cooperados e produtores no seminário reflete essa mudança, que tem contribuído para tornar o setor mais dinâmico e profissional.

Três grandes desafios

Para Girardi, a citricultura enfrenta três grandes desafios nesta nova fase:

Expansão para novas regiões – A migração para áreas diferentes, muitas vezes mais quentes e com solos mais pobres, exige irrigação eficiente e técnicas de manejo adaptadas. Esses fatores são fundamentais para garantir a produtividade e viabilidade do cultivo nessas áreas.

Escolha das variedades e porta-enxertos – Em áreas com escassez hídrica, é essencial optar por variedades com maior tolerância à seca, garantindo uma produção estável. “O produtor precisa saber escolher a variedade que melhor se adapta às condições da sua região”, ressaltou Girardi.

Controle rigoroso do greening – Apesar dos avanços no desenvolvimento de novas variedades, nenhuma delas é imune ao greening, o que torna o controle do psilídeo, vetor da doença, indispensável. “O manejo constante do vetor é uma necessidade. Não importa a variedade escolhida, o greening continuará sendo uma ameaça se o controle não for rigoroso”, alertou o pesquisador.

Poda: um tema a ser desmistificado

O Dr. José Antônio Silva, da APTA/Colina, apresentou as vantagens do adensamento e irrigação no Norte de SP para otimizar a produtividade das lavouras de citros. Apesar dos benefícios comprovados, muitos produtores ainda resistem a essa prática. “Alguns preferem espaçar mais as plantas para evitar a poda, mas isso pode comprometer o potencial produtivo”, explicou. Segundo ele, a poda bem feita nos primeiros anos pode aumentar a produtividade e antecipar safras, trazendo retorno financeiro mais rápido.

Para 2025, a Fundação deverá realizar um evento voltado à poda de citros com intuito de desmistificar a prática, demonstrando como ela pode ser uma ferramenta importante na condução dos pomares, especialmente em áreas de adensamento.

Expansão citrícola exige planejamento realista

Leandro Fukuda, consultor da Farmatac, destacou o momento favorável da citricultura, mas alertou sobre os desafios associados à produção citrícola, como o greening e as condições climáticas. Apesar das boas oportunidades, ele frisou que os produtores devem estar atentos a esses riscos. “A curto prazo, a plantação em São Paulo fica praticamente inviável, e a migração para outras regiões nos levará a ambientes mais hostis. Para as áreas de migração, necessitamos de estratégias de manejo para fugir das adversidades de clima, além de conhecimento de solo de cerrado”, pontuou.

Para os produtores que planejam expandir para fora do estado de São Paulo, Fukuda destacou a importância da logística, da produtividade e da preparação para enfrentar anos de frustração de safra em regiões com climas mais severos. “A análise de viabilidade é fundamental. Precisamos ser realistas em relação aos preços, reconhecendo que eles não se manterão altos indefinidamente. Devemos ser conservadores nas projeções de caixa e planejar para 20 anos, considerando custos de controle do greening, caso seja necessário no futuro”.

Recomendações de Fukuda para garantir bons resultados

Projetos realistas, baseados em uma análise financeira conservadora.
Áreas irrigadas e com planejamento consistente, capazes de suportar condições climáticas adversas.
Escolha cuidadosa de variedades e porta-enxertos adequados para a nova região.

Diversificação de porta-enxertos: a chave para uma citricultura mais resistente

Um dos grandes dilemas enfrentados pelos citricultores atualmente é saber escolher as melhores combinações entre variedades de copa e porta-enxertos. “Temos visto produtores que, por falta de conhecimento, plantaram materiais inadequados, e tiveram problemas graves, como baixa produtividade e até a erradicação precoce dos pomares”, explica Luís Felipe Rinaldi, especialista da Coopercitrus.

“É fundamental que o produtor entenda as diferenças entre os porta-enxertos mais tradicionais e os novos materiais disponíveis no mercado para fazer uma escolha mais assertiva e adequada à sua realidade”, recomenda.

O viveirista César Graf destacou que não existe uma bala de prata para resolver todas as questões da citricultura como as mudanças climáticas e o avanço de doenças como o greening, e enfatizou a importância de diversificar os porta-enxertos. “No passado, a citricultura paulista sofreu grandes perdas ao depender de variedades como o limão-cravo, o que aumentou a vulnerabilidade a doenças como o declínio e a morte súbita. Hoje, a nova geração de porta-enxertos, como os citrandarins, oferece vantagens como tolerância à seca e resistência a pragas, aumentando a segurança e o desempenho nas lavouras” explicou.

Uma vez que ainda não existe solução tolerante ao greening, Graf reiterou a importância de seguir as recomendações, como a erradicação de plantas doentes e o controle do psilídeo. “Não existe uma solução única. É o conjunto dessas ações que vai permitir que o citricultor tenha uma melhor relação com a doença, minimizando os prejuízos e mantendo a produtividade”, recomendou.

Graf destacou o papel do viveirista como um difusor de tecnologia, ajudando a levar inovações diretamente aos citricultores. Além de fornecer mudas de qualidade, o viveirista orienta os produtores na escolha dos porta-enxertos mais adequados para cada região e necessidade, contribuindo para o sucesso dos pomares.

“O mercado busca inovações, especialmente aquelas que apresentem tolerância à seca e menor incidência de doenças. Essas características são fundamentais para enfrentar as mudanças climáticas e o greening”, explicou Graf.

Rinaldi e Graf apresentaram uma Vitrine Tecnológica de Variedades com o objetivo de atualizar os citricultores sobre novas tecnologias e as melhores práticas. “Nossa missão é mostrar ao citricultor as opções disponíveis e orientá-lo sobre as características de cada material, auxiliando na tomada de decisão sobre o porta-enxerto mais adequado para a sua propriedade e região”, destacou Rinaldi.

Recomendações de Graf para garantir bons resultados

Diversificação de porta-enxertos
Evitar a dependência de um único tipo para reduzir riscos de doenças e garantir a longevidade dos pomares.
Tolerância à seca e resistência a doenças
Escolher variedades adaptadas às condições climáticas e com menor incidência de greening.
Abordagem integrada de manejo
Preparar o solo, controlar o psilídeo e adotar práticas eficientes para minimizar o impacto das doenças.
Consulte um especialista
Conte com os especialistas da Citrograf e da Coopercitrus para escolher o porta-enxerto mais adequado para cada realidade.

COM A PALAVRA, O COOPERADO: Depoimentos de cooperados ilustram a relevância do Seminário

Ataíde Lemos da Silva – Severínia e Olímpia (SP)

Com mais de 30 anos de experiência no cultivo de citros, Ataíde Lemos da Silva enfrentou desafios significativos ao longo de sua trajetória. Em 2004, devido aos preços baixos da laranja e aos altos custos para o controle de pragas e doenças, optou por converter parte de sua área citrícola para o cultivo de cana-de-açúcar. Hoje, sua propriedade conta com cerca de 140 hectares de citros, com pomares que variam de 3 a mais de 15 anos.

Desde 2005, Ataíde luta contra o greening em sua propriedade localizada em Severínia e Olímpia (SP). Apesar dos desafios, ele vem mantendo uma boa produtividade graças ao uso intensivo de tecnologias como a irrigação e o controle rigoroso do psilídeo, vetor da doença.

“Estamos expandindo a irrigação e alcançando entre 1.200 e 1.300 caixas por hectare. O greening chegou em nossos pomares mais antigos, mas nos novos conseguimos manter a incidência baixa”, diz Lemos.

Ele também destacou a importância de eventos como o Seminário de Inovações para Citros para se manter atualizado sobre novas práticas e controle de pragas. Para ele, as palestras sobre poda e novos porta-enxertos foram essenciais.

“A Coopercitrus está sempre ao nosso lado, nos ajudando em várias decisões, como a escolha dos porta-enxertos. Valeu muito a pena participar do seminário e estou ansioso pela parte prática.”
Marcelo Renato Sentinelo – Vitória Brasil (SP) e Campina Verde (MG)

Com mais de 40 anos de experiência na citricultura, Marcelo Renato Sentinelo é um produtor que viveu diferentes ciclos da laranja e tem adaptado sua produção às mudanças do setor. Sua propriedade está localizada em Vitória Brasil (SP), perto de Jales, e em Campina Verde (MG), onde ele cultiva laranjas desde 1979.
Sentinelo, que viu a citricultura passar por altos e baixos, afirma que atualmente o setor vive um momento promissor, mas repleto de desafios. Para ele, o uso de tecnologias é crucial para manter a competitividade e a rentabilidade.

“Hoje, os desafios da citricultura são grandes; é como ‘matar um leão por dia’. Mas o setor é muito promissor e o investimento que fazemos está dando retorno”, afirma.
Na gestão de sua propriedade ele utiliza irrigação e análise de solo de precisão para garantir que a saúde das plantas esteja sempre monitorada. Além disso, tem apostado em insumos de última geração como aminoácidos e hormônios vegetais para otimizar o desenvolvimento das plantas e melhorar a produtividade.

Durante o seminário, Sentinelo destacou a importância das novas variedades de porta-enxerto discutidas — especialmente para sua região, marcada por altas temperaturas. Ele também ressaltou a parceria com a Coopercitrus como fundamental para o seu sucesso.

“A Coopercitrus nos dá muito suporte, especialmente com o especialista Neusir, que nos orienta em várias decisões. O seminário foi excelente, principalmente pelas novidades sobre porta-enxerto que vão nos ajudar a tomar decisões mais assertivas.”
Pabllo de Carvalho Lopes – Itápolis e Borborema (SP)

Pabllo de Carvalho Lopes está à frente de uma propriedade que produz limão e soja em Itápolis e Borborema (SP). No entanto, ele decidiu diversificar sua produção e, neste ano, iniciou o plantio de laranja em uma área de 51 hectares, que há mais de 35 anos era destinada à pastagem. Sua motivação principal foi o retorno financeiro que a citricultura pode oferecer.

“Estamos começando a investir na produção de laranja. O seminário foi fundamental para definir quais porta-enxertos vamos usar e entender melhor as tecnologias disponíveis”, comenta Lopes.

Ele também está implementando um sistema de irrigação em sua propriedade, utilizando a proximidade do Rio Tietê para garantir água suficiente para o desenvolvimento dos pomares. O sistema já está sendo planejado e mapeado com o uso de tecnologias de georreferenciamento.
Outro ponto importante para Lopes foi a palestra sobre a viabilidade do setor que destacou os incentivos da indústria para o cultivo da laranja por meio de contratos futuros, o que dá maior segurança para quem está entrando no mercado.

“O apoio da Coopercitrus nos dá a possibilidade de acessar tecnologias avançadas, o que facilita muito para pequenos e médios produtores como eu. A palestra sobre a viabilidade do setor foi muito esclarecedora, principalmente sobre os contratos futuros que garantem segurança no investimento.”
Felipe Pacagnelli – Aguaí e Casa Branca (SP)

A história de Felipe Pacagnelli com a citricultura remonta a 1986, quando seu pai começou a produzir laranja na região de Limeira (SP). Com o tempo, as mudanças climáticas e o avanço do greening forçaram a família a migrar para novas áreas em Aguaí e Casa Branca (SP), onde Felipe agora administra a produção.

“Tivemos que mudar de área por conta do clima e das doenças. O greening chegou em nossas propriedades e fizemos controle semanal do psilídeo. Na parte nutricional, adotamos uma estratégia de adubação parcelada, sempre baseada em análise de solo para garantir a saúde das plantas”, explica.
Felipe foi ao seminário para se atualizar sobre as novas tecnologias e saídas para os desafios que a citricultura enfrenta, especialmente no combate ao greening. Segundo ele, as palestras trouxeram informações valiosas.

“A Coopercitrus tem sido uma parceira essencial para o nosso desenvolvimento. Gostei muito das palestras do Leandro Fukuda e do Eduardo Girardi, que trouxeram novas ideias para lidar com os desafios que enfrentamos no campo.”
José Cláudio Ruiz – São José do Rio Preto (SP)

Com mais de 30 anos de experiência na produção de laranjas, tangerinas e limões, José Cláudio Ruiz mantém propriedades na região de São José do Rio Preto (SP). Nos últimos anos, a crescente incidência do greening e os desafios climáticos forçaram o produtor a adotar novas tecnologias como irrigação e fertirrigação para manter a viabilidade de sua produção.

Agora, o produtor se prepara para migrar parte de sua produção para uma nova região em Paranaíba, no Mato Grosso do Sul, onde irá expandir a área de cultivo para 600 hectares. Ele espera encontrar condições mais favoráveis em um território ainda livre da doença.

 “A escolha dessa nova região foi pensada para evitar áreas com alta incidência de greening e aproveitar melhores condições de arrendamento. Claro que enfrentaremos desafios, como o clima quente e o solo arenoso, mas com a irrigação e a escolha de porta-enxertos adequados, estamos confiantes de que teremos bons resultados”.

O cooperado participou do Seminário de Inovações para Citros em busca de novas tecnologias e soluções para enfrentar os desafios da citricultura. Ele destacou as palestras como fundamentais para seu planejamento futuro.

“As apresentações trouxeram novas ideias sobre custos e expansão para áreas novas, o que é muito relevante para o que estamos planejando. Esses eventos são essenciais para nos mantermos atualizados e tomarmos decisões mais assertivas”.


Queda nos estoques eleva preços

Os estoques brasileiros de suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ) atingiram 116.710 toneladas em 30 de junho de 2024, um dos níveis mais baixos da história, apesar de uma recuperação de 37,7% em relação ao ano anterior. Segundo Ibiapaba Netto, diretor executivo da CitrusBR, essa redução nos estoques é resultado de uma sequência de safras com baixa produção causada por ondas de calor e falta de chuvas nas regiões citrícolas de São Paulo e Minas Gerais.  As expectativas para a safra 2024/25 também não são positivas, com a produção esperada no menor nível dos últimos 30 anos. “Vivemos um momento bastante desafiador, com cinco ciclos consecutivos de produção baixa”, explica Netto.

Além das adversidades climáticas, a doença do greening continua impactando a produtividade dos pomares. Isso, combinado com a redução da produção na Flórida, maior concorrente do Brasil, levou a uma valorização sem precedentes dos preços do suco de laranja no mercado internacional. “Os preços nunca estiveram tão altos. Hoje, o suco está cotado a cerca de US$ 7 mil por tonelada, enquanto o normal seria em torno de US$ 2,5 mil”, ressalta Netto. Esse aumento, embora positivo para a remuneração da cadeia, também gera preocupações sobre a sustentabilidade da demanda.

Com o preço do suco em alta, a demanda global tem se retraído, já que o consumidor está optando por produtos substituíveis, mais baratos. Netto alerta para os riscos: “O consumidor vê o produto caro nas prateleiras e migra para outras opções. Algumas marcas já reportaram quedas de 30 a 40% no consumo”. O setor agora enfrenta o desafio de manter o equilíbrio entre a produção e a demanda, enquanto o mercado se ajusta aos novos patamares de preço.


Assista à íntegra das apresentações do seminário em nosso canal no YouTube.

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