CULTURAS

A preservação florestal na citricultura e cafeicultura é a moradia dos crisopídeos predadores

Escrito por Santin Gravena

Nas andanças pelos pomares de citros e plantações de café em consultorias por clientes em busca de sustentabilidade de ecológica nas suas produções, na maioria para exportação como suco de laranja, limão tahiti e café, encontramos com incrível frequência os crisopídeos predadores. Estes são conhecidos no meio rural de Bichos Lixeiros, isso porque têm o comum hábito de carregar o lixo nas costas, isto é, no dorso deles há alguns tubérculos que exibem espinhos prendedores que servem para prender o lixo. Mas o lixo na verdade são os restos das presas (vítimas) que estes insetos atacam e consomem para sobreviver e se reproduzir.

A captura dos cadáveres tem, no entanto, uma função muito importante que é a proteção dos crisopídeos contra os seus próprios predadores que seriam os percevejos pentatomídeos maiores e aranhas caçadoras. São duas as espécies mais comuns: Ceraeochrysa everes e C. cubana (Neoroptera: Chrysopidae). Tudo começa com outro instinto auto protetor que é o nascimento de um ovo que fica preso num fio de seda produzido pela fêmea ao ovipositar sobre a folha ou fruto ou galho (foto topo).

Ao nascer a larvinha desce pelo fio e já inicia a caçada por insetos menores do que eles com outros recém-nascidos ou ácaros ou ovos de outros insetos. Outro órgão peculiar e curioso destes insetos predadores é que eles não são mastigadores como a maioria dos predadores, são sugadores por meio de duas mandíbulas transformadas em canudos pelos quais eles introduzem nas presas e sugam seus conteúdos até o secamento e em seguida num ato contínuo elevam a casca da presa para o dorso onde fica preso e o camufla contra os outros predadores já citados.

Conforme a larva cresce, cresce também o tamanho das vítimas. Tem hábito canibal também. Larvas maiores predam larvas menores deles mesmos e o filamento do ovo também tem esse propósito, de proteger-se do seu próprio canibalismo ao nascer. Ao empupar, a larva pára de se alimentar e forma uma carapaça que toma o formato de uma esfera e mantem o lixo, com isso se protegendo dos predadores e dos inseticidas. Esse é o crisopídeo presente naturalmente nas lavouras.

Tem outro grupo de espécies que só não é lixeiro. O corpo é liso, mas o restante é tudo semelhante ao citado. É o Chryoperlla externa muito comum em culturas anuais e no mato natural nas entrelinhas dos pomares e cafezais. Esta espécie é a que está sendo produzida em diversos laboratórios e disponível comercialmente. Já é utilizado no controle biológico do Bicho Mineiro do Café. A eficiência das duas espécies é muito alta porém são generalistas. Para eficácia a soltura é tipo inundação. A C. everes, para se ter uma ideia, mais de 100 cochonilhas brancas em cada uma das 3 fases larvais. A C. externa preda 30 pulgões/dia.

Os adultos não predam. Pois bem, as florestas abrigam árvores e arbustos que são atacados por pulgões, moscas brancas, cochonilhas que criam naturalmente esses crisopídeos que ao emergirem os adultos parte deles migram para as lavouras de citros e café. Mesmo que sejam pulverizados frequentemente os adultos fêmeas botam seus ovos como na foto e o controle biológico na sua fase inicial é garantido de qualquer praga que estiver no seu início como ácaros, cochonilhas, mosca branca cochonilha branca nos citros e bicho mineiro no café.

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