Os preços no mercado brasileiro da soja têm acompanhado o mercado internacional, flutuando com as notícias relacionadas às lavouras norte-americanas.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil produziu na safra 2022/23, 154,5 milhões de toneladas de soja, crescimento de 23,1% frente às 125,5 milhões de toneladas produzidas na temporada passada.
Com o aumento da produção e com um quadro de oferta e demanda internacional menos apertado que o observado em anos anteriores, os preços sofreram forte queda na safra 2022/23 (figura 1).
Figura 1.
Preço médio da soja em Paranaguá-PR, em R$/saca de 60 quilos.
Apesar de preços menores que os do ano passado, o mercado, desde junho/23 tem acompanhado a safra norte-americana e a cotação reagiu.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que até julho/23, manteve as estimativas para a produção local, reduziu, em agosto/23, a produtividade e produção no país. O clima passou a pesar nas regiões produtoras do grão nos Estados Unidos, com a falta de chuvas e temperaturas elevadas, boa parte das lavouras passaram a conviver com a seca na safra 2023/24.
A produção norte-americana em 2023/24 está estimada em 114,5 milhões de toneladas, 2,1% menor frente às expectativas de julho/23 e 1,6% menor que no último ano safra.
Devido ao quadro apresentado nos EUA, houve um aumento nos preços da oleaginosa na Bolsa de Chicago, colaborando com uma retomada momentânea de preços no Brasil entre julho e agosto, junto a um dólar trabalhando mais próximo aos R$5,00.
A exportação também colaborou com a recuperação nos preços. O Brasil embarcou, até julho/23, 72,4 milhões de toneladas de soja em grão, 20,0% acima do mesmo período do ano passado.
Em agosto, até a terceira semana, foram exportadas 5,4 milhões de toneladas (384,0 mil toneladas por dia), um incremento de 48,6% na média diária ante agosto/22 (258,5 mil toneladas).
Expectativas
Em curto prazo, os preços deverão acompanhar o mercado internacional, com as notícias relacionadas às lavouras norte-americanas e à dinâmica do clima local na expectativa de produção global.
A perspectiva mais longínqua, por ora, é de que o consumo global da oleaginosa em 2023/24 crescerá 5,7% em relação à safra 2022/23, já a exportação brasileira, aumentará 2,7% (tabela 1).
Safras | 2021/2022 | 2022/2023 | 2023/2024* |
Consumo global | 363,96 | 363,27 | 383,95 |
Exportação brasileira | 79,06 | 94,00 | 96,50 |
Consumo doméstico Brasil | 53,96 | 56,80 | 59,70 |
Para o mercado interno, a perspectiva é de que o consumo aumente 5,1%, pautado no crescimento da exportação do farelo e do óleo de soja e no maior consumo dos derivados no país.
Referências
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA)
Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços
Scot Consultoria
Colaboração de:
Juliana Pila, zootecnista e analista de mercado da Scot Consultoria.