A biotecnologia é o conjunto de procedimentos envolvendo manipulação de organismos vivos para fabricar ou modificar produtos. A palavra tem origem grega: “bio” significa vida, “tecnos” remete à técnica e “logos” quer dizer “conhecimento”. Nessa perspectiva, o termo Biotecnologia Moderna é utilizado para se referir ao uso da biotecnologia atualmente e está ligado às técnicas de manipulação de material genético e à fusão de células, o que vai além das barreiras de reprodução normal.
A contribuição da biotecnologia para a agricultura ocorre, principalmente, por meio da adoção de plantas que recebem, ou têm genes modificados usando técnicas moleculares muito precisas. Graças à biotecnologia, o melhoramento genético pode ocorrer sem a necessidade de transmissão de características apenas entre plantas da mesma espécie.
Presentes nas lavouras do mundo há mais de 20 anos, as plantas geneticamente modificadas (GM) aumentaram a produtividade no campo, pois a maioria das modificações feitas até o momento torna as plantas resistentes a determinadas pragas e a herbicidas. Dessa maneira, em diversos casos, a utilização de plantas geneticamente modificadas otimizou o uso de defensivos agrícolas.
Além de plantas resistentes a insetos e tolerantes a herbicidas, o uso da biotecnologia também pode desenvolver variedades mais resistentes a doenças, cultivares adaptadas a fazendas urbanas e plantas mais adaptadas às adversidades climáticas, como a seca.
Com a adoção do plantio direto, inúmeros benefícios foram atribuídos ao sistema de produção, como o aumento da produtividade, a diminuição de erosões superficiais e perdas de nutrientes do solo. Contudo, com a adoção desse sistema em conjunto ao cultivo de soja com a tecnologia RR, a qual permite a utilização de glifosato para o controle de plantas daninhas, algumas plantas acabaram desenvolvendo resistência ou tolerância ao herbicida.
As principais plantas daninhas que desenvolveram a resistência no milho e na soja são: a buva (Conyza sp.) e o capim-amargoso (Digitaria insularis), os quais apresentam considerável interferência na produtividade da soja e do milho.
Na busca de facilitar o melhor controle e buscar maiores produtividades, algumas empresas, como Bayer e Corteva, lançaram recentemente no mercado algumas novas biotecnologias para as culturas de soja e milho.
Corteva Soja
Corteva Agriscience traz a tecnologia Enlist® para essas culturas. Trata-se de uma biotecnologia que permite a utilização dos herbicidas 2,4-D, do glifosatoe do glufosinatodeamônio para o controle de plantas daninhas em pós-emergência na cultura da soja.
Conkesta E3 são tolerantes ao Enlist Colex-D (novo 2,4-D sal colina), ao glifosato e ao glufosinato de amônio e trazem também duas proteínas Bts (Cry1F e Cry1Ac) para o manejo das principais lagartas na cultura da soja.
Corteva Milho
Para o milho, a biotecnologia Enlist®, além dos herbicidas 2,4-D, doglifosatoe glufosinatodeamônio, ainda permite a utilização do herbicida haloxifope.
Bayer Soja
A soja Intacta 2 Xtend® é a terceira geração de biotecnologia em soja. Essa tecnologia é baseada na agregação de três proteínas (combinaçãodas proteínas Cry1A.105, Cry2Ab2 e Cry1Ac), que atuam simultaneamente para garantir maior proteção contra as principais lagartas da cultura da soja. Além disso, também possui tolerância aos herbicidas dicamba e glifosato, conferindo maior flexibilidade ao manejo de plantas daninhas. A soja Intacta 2 Xtend® proporciona proteção contra seis espécies de lagartas que incidem na cultura da soja, principalmente contra as duas espécies de relevante potencial de dano ao sistema de produção: Helicoverpa armigera e Spodoptera cosmioides. A piramidação de duas proteínas, aliadas à Cry1Ac, nessa tecnologia, reduz a probabilidade de quebra da resistência do Bt da primeira geração (Cry1Ac).
Bayer Milho
O VTPRO4®, contribuirá ainda mais para o controle das principais lagartas que afetam a cultura.
Um dos principais diferenciais dessa nova biotecnologia da Bayer é possuir dois modos de ação que reforçam o controle contra lagartas na parte radicular e três que ajudam a defender a espiga e a planta. Para reforçar o controle da parte aérea da planta, o VTPRO4® agrega a expressão da proteína VIP3A às proteínas Cry1A.105 e Cry2Ab2.
Além de biotecnologias contra pragas e plantas daninhas ainda em fase de aprovação no mercado chinês e na Europa, teremos a tecnologia HB4, que consiste em um gene oriundo do girassol e inserido em outras culturas de interesse econômico, como a soja. A ideia dessa tecnologia é promover uma maior tolerância a períodos de seca. Espera-se que a liberação dessa nova biotecnologia para a soja ocorra na próxima safra.
Considerações Finais
Todas essas biotecnologias somam as já conhecidas ferramentas de controle de plantas daninhas e pragas, otimizando o melhor controle nas principais pragas e doenças. , . Para um melhor direcionamento da melhor biotecnologia que se adeque ao seu manejo, procure a Coopercitrus mais próxima.
Pablo de Carvalho Lopes é engenheiro agrônomo e consultor especialista em cereais no Departamento de Tecnologia Agrícola Coopercitrus.