CULTURAS

Cochonilhas no pomar cítrico atual: o desequilíbrio

Nos anos 70 e 80, se realizavam 5 ou 6 pulverizações de fungicidas, inseticidas e acaricidas, em média, quando muito para as pragas e doenças da época, nas condições dos ecossistemas que tínhamos nos pomares citrícolas de então. Nestas condições convivíamos com altas populações de inimigos naturais que garantiam um razoável equilíbrio populacional entre pragas e inimigos naturais, de tal forma que conseguíamos implementar sistemas de MIP através de estudos e pesquisas científicas. A implementação era feita através de campos demonstrativos junto aos produtores e assim estimular a adoção da nova tecnologia com facilidade para reduzir drasticamente o número de pulverizações anuais nas safras. Os focos de cochonilhas que ocorriam eram quase sempre restritos e as colônias atraiam todos os inimigos naturais que a espécie comportavam. Assim, se estamos nos referindo à Escama Farinha do Tronco como exemplo, a medida que a população crescia atraia altas densidades da joaninha Coccidophilus citricola, um pequeno inseto de cor preta e larva castanho-amarelada e cabeça preta, ambas as formas predam larvas e ninfas da cochonilha. O mesmo ocorre com a joaninha Pentilia egena cuja larva é coberta com fios de cera branca em forma de franjas laterais. Além destes 2 predadores tem também os crisopídeos (Bichos lixeiros) Ceraeochrysa cubana, C. everes, etc. Além dos 3 predadores há 2 parasitóides importados em 1962, Aphytis spp. Junta-se aos efeitos dos predadores e parasitóides, os fungos destacando-se o Myriangium duriaei, marrom escuro a preto. Pois bem, tudo isso praticamente desapareceu com a tolerância zero ao psilídeo e ao greening e temos que lidar com isso par manter a produtividade.

Desequilíbrio. Como se processa o desequilíbrio? O principal meio de disseminação das cochonilhas tanto de carapaça como a escama farinha do tronco que é o nosso exemplo, como a Cochonilha Branca Planococcus citri, é a “larva” recém-nascida, que é livre, resistente e leve para ser levada ao vento a partir de um foco próximo ou até distante do pomar que se quer livre da praga. Agora, sabemos que ainda estas larvas se deslocam nas roupas dos colhedores, nos veículos, nos pássaros e até em insetos aleatórios e descem nas plantas do nosso pomar. O foco inicial geralmente se dá início com “larva” se fixando e mudando de estágio, até adulto, que sendo fêmea, alguns dão origem, sem acasalamento, a “larvas” de primeira geração, já no novo foco, no nosso pomar. Antes do greening essas larvas encontravam joaninhas, crisopídeos, parasitóides e entomopatógeno em abundância, que as predavam e parasitavam, cortando na base o foco que estava nascendo, evitando o desequilíbrio. Geralmente, as larvas da Escama Farinha imigrantes chegam primeiramente nos ponteiros onde dão início a uma colônia que a partir de um certo número de insetos, por exemplo 20 machos e 10 fêmeas dão origem a “larvas” que caminham para as “pernadas” e tronco, locais preferidos. Quando o tronco fica totalmente branco e se espalha pelas “pernadas”, não encontramos mais, atualmente, as joaninhas adultas e larvas dos anos 70 e 80, denotando nitidamente um DESEQUILÍBRIO.

Prof. Santin Gravena

GCONCI, KOPPERT, CONPLANT & UNESP

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