A safrinha corresponde a 75% da produção anual total de milho no Brasil e alguns fatores são importantes para o êxito no cultivo do milho. São eles:
- Janela de plantio
- Híbridos
- Plantabilidade
- Nutrição
- Pragas, doenças e daninhas
- Colheita
Confira a seguir como cada uma dessas etapas devem ser aplicadas para o sucesso do cultivo!
Janela de plantio
O agricultor deve conhecer o histórico de chuvas em sua região e planejar sua área de acordo com sua capacidade operacional. Se o plantio ocorrer no mês de março, podemos optar por culturas mais rústicas, como o sorgo e o trigo, por exemplo.
O primeiro passo é preparar o ambiente pós-safra para que a safrinha seja semeada o quanto antes, aproveitando as melhores condições possíveis para o estabelecimento da cultura. O plantio direto é uma importante ferramenta de manejo que auxilia nesse ganho de agilidade, pois não é necessária qualquer intervenção mecânica no solo.
Na fase reprodutiva, o milho precisa de 7 mm de água por dia, sendo, no total do ciclo, algo em torno de 600 mm. Para minimizar a falta d’água nessa época e aumentar a produtividade, dê preferência a cultivar a safrinha em áreas com maior teor de argila, corrigidas em profundidade com calagem e gessagem e que possuam alguma matéria vegetal seca cobrindo o solo para evitar a evapotranspiração.
Híbridos
Híbridos com ciclo mais curto conseguem atingir as fases mais exigentes de consumo hídrico antes, aproveitando mais as reservas de água no solo e até antecipando a maturação do grão antes de uma eventual geada.
A evolução da genética tem consolidado os híbridos simples, apresentando maior potencial e estabilidade produtiva, além da possibilidade de melhoramentos em pontos específicos para cada região. Toda essa tecnologia exige um investimento maior em nutrição e em tratamentos fitossanitários.
A produtividade do milho saiu de 1500 kg/ha na década de 70 para mais de 6000 kg/ha nos dias de hoje. Devemos esse ganho aos avanços na genética, no manejo e nas práticas de conservação de solo.
Plantabilidade
Cada material possui uma recomendação específica de população que garantirá o melhor desenvolvimento das plantas e proporcionará o maior rendimento por área. O plantio deve ser realizado seguindo a velocidade adequada (4 a 6 km/h).
A correta escolha do conjunto disco/anel também evita danos mecânicos nas sementes e diminui a possibilidade de falhas ou plantas duplas. Em plantadeiras pneumáticas, a correta regulagem do vácuo e o correto dimensionamento dos furos dos discos auxiliam na distribuição uniforme das sementes.
Nutrição
Altas produtividades demandam investimento em nutrição, e o milho responde bem a isso.
A maior exigência é do nitrogênio. No caso do cultivo após a soja, boa parte desse nutriente é aproveitada do residual deixado pela soja, tornando possível a redução de fertilizantes nitrogenados. O importante é proporcionar a disponibilidade total de 60 kg a 120 kg N/ha durante o ciclo da cultura para garantir que não haja deficiência nas plantas. No sistema de rotação de culturas, podemos considerar 1 kg de N por saco produzido de soja. O complemento de N pode ser feito via inoculantes à base de Azospirillum brasiliense, uma bactéria benéfica promotora de crescimento que auxilia na fixação biológica de N e produção de hormônios a um custo muito baixo.
O fósforo é um macronutriente fundamental. Para alcançar boas produtividades na safrinha, deve-se fornecer cerca de 60 kg/ha de P2O5, podendo chegar a mais de 100 kg/ha em solos com baixa disponibilidade.
O potássio é mais móvel, com ação fundamental na fisiologia da planta. Para a safrinha, o ideal é fornecer entre 50 a 80 kg de K2O/ha.
Outro macronutriente importante é o enxofre, sendo necessário 15 a 30 kg/ha para uma boa produtividade, podendo ser fornecido via gesso, enxofre pastilhado, cobertura com sulfato de amônia ou na adubação de base, via super simples ou algum formulado com S elementar.
Quanto aos micronutrientes, o mais exigido é o zinco. Recomenda-se 2 a 4 kg de Zn/ha.
Bioestimulantes, como os extratos vegetais, são importantes promotores hormonais e auxiliam na preparação da planta para momentos de estresse. Devem ser utilizados de maneira preventiva, via folha, por exemplo, para que a planta esteja sempre o mais forte possível.
Pragas, doenças e daninhas
Os percevejos restantes da cultura da soja e lagartas de solo podem diminuir o estande e causar plantas malformadas. O melhor caminho é sempre utilizar sementes com um bom tratamento industrial.
A lagarta do cartucho causa uma grande perda de área foliar. As biotecnologias presentes na genética são a primeira ferramenta de controle, mas devemos realizar a aplicação de inseticidas se necessário. O uso de inseticidas biológicos como o Metarhizium anisopliae também ajuda muito no controle dessa praga e preserva a produtividade.
Para a cigarrinha do milho, escolher híbridos mais tolerantes é um primeiro passo e aplicar inseticidas rotacionados o mais cedo possível. Evitar o aumento da população na fase inicial da cultura é fundamental para evitar perdas com enfezamentos e viroses. Os produtos biológicos à base de Beauveria bassiana têm excelente ação sobre a cigarrinha e também conferem o controle de algumas espécies de ácaros.
As doenças mais comuns são as manchas foliares e a ferrugem. O uso de fungicidas é economicamente viável e indispensável na safrinha.
O monitoramento da lavoura é primordial para determinar o momento certo de realizar as aplicações.
O manejo de daninhas deve ser realizado no início da cultura, quando ainda é possível acertar a aplicação no alvo que está próximo ao solo.
Colheita
O processo de extração da espiga é feito exclusivamente com plataforma de milho, e o ajuste do espaçamento exato para a cultura é essencial para evitar perdas e o tombamento das plantas. É muito importante ajustar as peneiras e ventilação para uma boa limpeza e evitar perdas por impurezas e quebra de grãos. Colhedoras de sistema axial tendem a apresentar um melhor rendimento no processo de debulha e limpeza dos grãos. Para colhedoras de sistema saca palha, o ideal é trabalhar com cilindro de barras e ajustar a distância do côncavo e rotação buscando a menor quebra de grãos possível.
A meta no processo de colheita deve ser perder no máximo 1,5 sc/ha, e o processo pode iniciar a partir de 25% de umidade, sendo até 20% o momento ótimo de debulha e menores índices de perdas, apesar dos futuros descontos de umidade.
Para o recebimento, o padrão de umidade é de 14%, porém, vale a pena colher antes e realizar o processo no armazém.
Conclusão
A safrinha necessita de planejamento e investimentos nos pontos-chave. Passamos aqui por alguns tópicos que vão auxiliar no aumento da produtividade. Procure a Coopercitrus mais próxima de você e planeje sua segunda safra com eficiência.
Por Flávio Américo Pizetta, Consultor Especialista em Cereais