CULTURAS

Uso de micronutrientes, bioestimulantes e organominerais na cultura da cana-de-açúcar

Uma opção para elevar a produtividade da lavoura é o manejo correto dos micronutrientes,
bioestimulantes e organominerais, que tornam a nutrição do canavial mais balanceada para atingir altas produtividades.

Os micronutrientes e bioestimulantes desempenham funções vitais no metabolismo das plantas, fazendo
parte de composto metabólicos, ativações enzimáticas e hormonais, atuando no crescimento, perfilhamento, resistência a doenças, produtividade e longevidade de canavial.
Os micronutrientes essenciais na cultura da cana-de–açúcar são Boro (B), Cloro (Cl), Cobre (Cu), Ferro (Fe), Manganês (Mn), Molibdênio (Mo), Zinco (Zn) e Níquel (Ni). Estes elementos são classificados como micronutrientes, em função de sua menor quantidade absorvida e extraída pela planta quando comparada aos macronutrientes.

Porém, são de suma importância para a produtividade e sua falta pode ser fator limitante da produção.

Funções dos Micronutrientes na planta

  • Boro (B): Atua na complexação e transporte de carboidratos, na maturação e no transporte e acúmulo de açúcares. Está envolvido no crescimento e formação de raízes, influenciando o perfilhamento da cana-de-açúcar.
  • Cloro (Cl): Atua principalmente na reação da fotossíntese, como o fotólise da água e fotossistema II, sendo importante para o bom desenvolvimento da cana-de-açúcar.
  • Cobre (Cu): Um dos micronutrientes de maior importância para a cana-de-açúcar, atuando na resistência a doenças na cultura.
  • Ferro (Fe): Atua nos transportes de elétrons nas células, sendo fundamental na síntese de clorofila.
  • Manganês (Mn): Sua principal atuação é na respiração e fotossíntese das plantas.
  • Molibdênio (Mo): Tem atuação direta na atividade da redutase do nitrato, relacionada a possibilidade de aumentar a absorção e a assimilação de N, seja oriundo de aplicação de adubos orgânicos ou minerais. Dessa forma, a falta de Molibdênio (Mo) pode limitar a resposta de cana-de açúcar ao nitrogênio. Este micronutriente é importante para o melhor aproveitamento do nitrogênio pela planta.
  • Níquel (Ni): Desempenha função sobre as enzimas no metabolismo no Nitrogênio (N), além de
    participar do processo de fixação biológica do nitrogênio (FBN)
  • Zinco (Zn): Tem sido um dos mais importantes na cultura, pois sua deficiência no solo é frequentemente observada nas análises em cana-de-açúcar. Atua diretamente no perfilhamento e crescimento da planta, fatores fundamentais na produtividade e longevidade de soqueira. Este micro é um precursor da auxina-AIA, atuando no alongamento de entrenós.

A figura 1 ilustra a atuação dos micronutrientes na planta, reforçando a importância destes no processo produtivo.

Figura 1: ilustração da atuação dos micronutrientes na planta.

Estudos realizados por Vale et al. (2008) observaram os resultados de boro, cobre, ferro, manganês e zinco presentes no solo e folha. O Gráfico 1 abaixo esclarece a deficiência no solo e folha de Zinco e Boro abaixo dos níveis críticos exigidos pela cultura, seguido pelo Cobre.

O uso de Calcário para a correção de solo eleva o pH e maximiza a absorção dos macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg e S), mas afeta a absorção destes micronutrientes pela raiz no solo. Por isso, é importante fazer o uso de micronutrientes em aplicações via foliar, sulco de plantio e corte de soqueira.

A dose recomendada deve levar em consideração a produtividade esperada e os níveis críticos destes nutrientes no solo. Para as produtividades acima de três dígitos, deve-se trabalhar com micronutrientes na maioria ou em todas as entradas de operações na cana-de-açúcar, fracionado a dose total a ser aplicada no ano-safra, na cobrição ou corte de soqueira, fertilizantes e via foliar.

Gráfico 1. Micronutrientes que apresentam deficiência (solo e folha) de acordo com Vale et al. (2008).

Bioestimulante:

Produto constituído por biorreguladores hormonais, podendo ser sintético e não sintético, que podem estar associados a aminoácidos, nutrientes, entre outros compostos.

Os bioestimulantes em baixas concentrações de seus compostos são capazes de modificar o crescimento ou induzir o desenvolvimento da planta. Atuam no controle hormonal de plantas e agem positivamente na potência genética, colaboram para o desenvolvimento vegetal através da divisão celular, melhorando o desenvolvimento da raiz e, consequentemente, promovendo uma maior produtividade. O seu uso em sulco de plantio e corte de soqueira promove maior crescimento radicular.

Também pode ser aplicado via foliar, ativando processos específicos nas plantas, promovendo, inibindo ou modificando certas características dos vegetais. As auxinas têm ação na dominância apical e crescimento de raiz, as citocininas têm ação resistente a estresse e as giberelinas atuam na quebra de dormência, alongamento celular e florescimento.

Organominerais

Os fertilizantes organominerais são resultantes de um fertilizante orgânico, podendo haver uma combinação de fertilizantes minerais e orgânicos simultaneamente.

São uma alternativa que gera diversos benefícios, principalmente por atuarem além da fertilidade do solo e aumentarem os teores de matéria orgânica do solo, resultando na melhoria da capacidade de troca catiônica do solo (CTC do solo) e da atividade microbiota do solo, possibilitando um aumento de capacidade de retenção de água.

Esta ferramenta material é responsiva em solos arenosos, devido a estes solos possuírem baixo teor de matéria orgânica (MO) e baixa capacidade de troca de cátions, geralmente CTC abaixo de 40, que são características destes solos, que favorece ou promove a lixiviação de fertilizantes convencionais. A matéria orgânica (MO) é responsável de 60% a 70% da CTC do solo.

Solos de médio a alto teor de argila possuem uma CTC acima de 50, portanto estes solos naturalmente possuem alta capacidade de retenção de macronutrientes catiônicos no solo.

“A grande vantagem organomineral é a união do fertilizante orgânico com o fertilizante mineral, que provoca uma mistura física e uma combinação química, criando novos compostos aumentando o aproveitamento do fertilizante mineral”. (KIEHL, 2008).
Como desvantagem, tem-se altas doses aplicadas no solo para suprir demandas nutricionais exigidas pela planta, e por ser um material orgânico, a disponibilidade do nutriente é lenta e deve-se tomar cuidado com a fonte orgânica utilizada, para evitar agente contaminante como metais pesados.
Os profissionais da Coopercitrus estão aptos a realizar a recomendação das quantidades e doses de cada micronutriente, bioestimulante e organimineral de acordo com a necessidade das áreas produtiva dos cooperados.


Adriano Veronez da Silva, Marcos Antonio Zeneratto
Departamento de Tecnologia Agrícola

ESPAÇO RESERVADO
PARA ANÚNCIOS

Compartilhar nas redes sociais