EDITORIAS

Controle biológico de pragas

Eficácia dos Fungos

“Será que fungo tem o mesmo efeito no controle de pragas que os inseticidas na agricultura?”, essa pergunta ainda está na cabeça de alguns agricultores que insistem em usar apenas produtos químicos no controle de pragas. Se voltarmos no tempo, esse medo até podia existir, pois os pesticidas (defensivos químicos) eram a única opção eficaz

para controle das pragas. E pelo uso excessivo e indiscriminado de pesticidas, acumulavam-se efeitos colaterais indesejáveis, como quebra da normalidade do meio ambiente e inevitáveis desequilíbrios biológicos. O pior desses efeitos era a indução de tolerância ou a resistência desenvolvida pelas pragas, a qual ocorre até hoje. Assim, tais produtos químicos, além de prejuízos ao meio ambiente, representavam risco de resíduos nos alimentos ao consumidor.

 O mais impressionante é que os fungos podem ser formulados, embalados e pulverizados como os pesticidas, podendo atingir as populações de pragas — alvos biológicos — na forma inundativa causando “epizootia” (infecção generalizada, na foto de topo, temos um exemplo de infecção por Isaria fumosorosea, , sendoformulada em óleo sobre mosca branca em citros Tetraleurodes sp. As empresas de controle biológico, fabricantes de microfungos e criadores de macroinsetos predadores e parasitoides, que eram poucas e de baixa qualidade há 10 anos, agora, estão se multiplicando rapidamente e aumentando a qualidade dos produtos e serviços.

A boa notícia é que o mercado de produtos biológicos deve aumentar para US$ 18,5 bilhões até 2026, segundo a empresa de pesquisa de mercado Research and Markets. Se confirmada a projeção, o setor teria uma disparada de 74 % em apenas 4 anos em comparação com os US$ 10,6 bilhões atuais. Esses fungos entomopatógenos (causadores da morte de insetos) têm uma incrível capacidade de produzir esporos, podendo sobreviver em condições desfavoráveis. Além disso, possuem atividade saprofítica de forma facultativa. Fungos conhecidos como imperfeitos ou assexuais, como Beauveria bassiana, Lecanicillium lecanii, Metarhizium anisopliae e Isaria fumosorosea, são espécies comuns em todo o mundo e capazes de infectar Lepidoptera (lagartas), Hemiptera (pulgões, psilídeos, moscas brancas, cochonilhas), Coleoptera (broca do café), Tripes, Diptera (moscas das frutas) etc. Eles infectam os insetos e os ácaros pela digestão e pela respiração e atravessam o esqueleto externo. Na penetração do exoesqueleto, que é um dos métodos de infecção mais comum, os fungos emitem hifas (filamentos) para penetrar na epicutícula (pele externa) e progride até a procutícula, mais espessa, constituída de quitina, para completar a infecção. Uma das principais propriedades dessas espécies é emitir esporos que descansam sob condições ambientais desfavoráveis e ter propriedades facultativas ou saprofíticas, garantindo sua persistência na lavoura tratada, como forma residual. Ademais, deve-se informar que a maior vantagem dos fungos que — se sabe até hoje — é que podem ser reaplicados sem o problema de desenvolver resistência nos insetos e nos ácaros, pois possuem um modo de ação múltiplo e variado por meio de alimentação, enzimas e toxinas ao atacar a praga. Dois trabalhos de pesquisa, um da China e outro do México, comprovam que fungos não causam resistência quando repetidos, portanto, deve-se torcer para que aumente esse uso para baratear o preço e poder utilizá-los de forma inundativa para causar epizootias nas pragas mais rapidamente.

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