Considerada a principal praga da cultura do café, o Bicho Mineiro (BM), na fase de lagarta ou larva, faz “minas” nas folhas do cafeeiro (Figura 1), diminuindo a área foliar e provocando a queda delas. Consequentemente, a planta afetada realiza menos fotossíntese, reduzindo a produtividade da lavoura; em casos extremos, ocorre a seca de ramos devido à desfolha. Fatores como clima e presença, ou até mesmo ausência, de inimigos naturais afetam o equilíbrio da praga, o que pode causar grandes prejuízos.
O ciclo do BM é consideravelmente influenciado pelo clima, assim, quanto mais seco e quente estiver, mais rápido ele será (Figura 2). O inverso também é verdadeiro, pois períodos chuvosos e temperaturas amenas criam dificuldades para a praga aumentar e danificar o cafeeiro, já que há a diapausa das pupas ou das crisálidas – emersão de adultos (mariposas) – diminui consideravelmente pelas condições climáticas. Em condições de déficit hídrico, altas temperaturas e maior luminosidade, o ataque da praga aumenta e, se não houver nenhuma intervenção, como mudança climática ou aplicação de inseticidas, o prejuízo será inevitável. Outra razão do aumento desse ataque está relacionada ao desequilíbrio dos inimigos naturais, como vespas predadoras, parasitas, bactérias e fungos, os quais fazem o controle moderado da praga na fase de mina, prejudicando as plantas atacadas. Por isso, na ausência dos inimigos naturais e em condições climáticas adversas, como baixa umidade e altas temperaturas, o ambiente estará favorável ao desenvolvimento e ao ataque do BM. Dessa maneira, por conta das condições climáticas brasileiras, nas regiões produtoras de café, principalmente nas de arábica, a infestação do BM no período chuvoso é baixa, com poucas folhas minadas, porém, a partir da redução das chuvas e da chegada do período seco, há um maior ataque, conforme demonstra o Gráfico 1.
Devido às estações do ano serem bem definidas, o cafeicultor não deve deixar de fazer uso de inseticidas para controle do BM, pois, a partir do fim do período chuvoso, há o aumento da infestação da praga. As aplicações via solo, sejam via mangueiras de irrigação, processo conhecido como quimigação, seja via drench, jato contínuo no solo, ocorrem ainda no período chuvoso, pois dependem da umidade do solo para que o ingrediente ativo do produto seja absorvido pelas raízes e, por meio dos vasos condutores de seiva do cafeeiro, chegue até as folhas. A partir disso, os ovos postos pelas mariposas, ao eclodirem sobre a superfície das folhas e iniciarem a fase de mina, ou as larvas ainda jovens começam a se alimentar do tecido foliar com o ingrediente ativo do inseticida e morrem.
Outra forma eficaz de controle do BM é a aplicação de inseticidas foliares, porque controlam a praga na fase de larva e, principalmente, os ovos – as fases de mariposa e crisálidas são as mais difíceis de se controlar. É necessário lembrar que somente a fase larval ou mina causam prejuízos à lavoura. Apesar disso, a diminuição do inseto em qualquer fase é importante para o controle da praga. Se tiver dúvidas sobre o controle dessa praga, que ataca a cultura do café em todo território nacional, entre em contato em uma unidade Coopercitrus.
Figura 1. Folhas de café minadas pelo BM Fonte: Arquivo pessoal
Figura 2. Ciclo do BM
Fonte: Epamig
Gráfico 1: Flutuação da infestação BM nas regiões do Sul de Minas e do Cerrado ao longo do ano.
Fonte: Agroteste
Francisco Corrêa, consultor especialista de café da Coopercitrus