No cenário atual da agricultura, produtores de alimentos têm como desafio usar suas áreas produtivas de forma sustentável e com responsabilidade econômica e ambiental. Assim, neste momento em que temos uma janela mais curta de plantio de safrinha e a possibilidade de escassez hídrica, uma das alternativas viáveis economicamente a ser explorada é a cultura do sorgo. Segundo dados da Conab, nos últimos dez anos, a exploração agrícola cresceu em torno de 17%, porém a produtividade apenas 8%.
Com esse aumento de área e sem maiores resultados em produtividade em Kg/ha, destacaremos um dos possíveis gargalos da cultura que está ligado principalmente ao manejo de pragas de solo e de parte aérea. Dentro do complexo de pragas de solo, há cupins subterrâneos, larva arame, percevejo de solo, corós e lagarta elasmo. Contra essas pragas, uma das ferramentas de controle mais simples e eficaz é a semente com tratamento industrializado ou TSI. Ela pode trazer uma segurança inicial para a germinação da cultura e o estabelecimento de uma lavoura próspera. Entre os tratamentos de sementes, estão disponíveis no mercado produtos à base de diferentes ingredientes ativos, bem como mecanismos de ação por contato/ingestão com atuação direta no sistema nervoso e digestivo. Com relação às opções de ativos, estão: Clorantraniliprole, Clotianidina, Imidacloprido e Tiodicarbe, que começam a ação na praga logo após a contaminação, na tentativa de causar dano na semente ou na fase inicial da cultura. Por meio da ingestão, seja pelo aparato bucal mastigador em lagartas seja pelo sugador em percevejos, reações químicas ocorrem no sistema nervoso ou digestivo e ocasionam diversos distúrbios fisiológicos que os levam à morte.
Além disso, há as pragas aéreas, principalmente as de pulgões e lagartas. O Pulgão Verde (Melanaphis sacchari), o Pulgão do Milho (Rhopalosiphum maidis) e a lagarta Spodoptera rugiperda, sem dúvida, são os insetos aos quais devemos dar mais atenção. O pulgão, por ser um inseto sugador, pode transmitir viroses ao lesionar a folha, que, posteriormente, pode ser entrada de doenças.
Já a lagarta causa a redução da área foliar, prejudicando principalmente a função de realizar fotossíntese, translocar metabólitos e acumular açucares da folha. Como formas de manejo, há os ingredientes ativos e as combinações deles. Destacamos: Lambda cialotrina (Piretróide), Tiametoxan (Neonicotinoide), Clorpirifós (Organofosforado) e Sulfoxaflor (Sulfoxaminas) e, até mesmo, a associação deles.
Dessa forma, temos mais uma ferramenta em mãos para ser explorada. Ainda temos poucas informações sobre ela, porém não deixa de ser uma excelente opção após a janela ideal do plantio do milho safrinha pelo fato de conseguir suportar o déficit hídrico da estação climática com baixa pluviosidade. Portanto, faz-se necessário analisar as condições climáticas e os fatores ambientais para o aprofundamento de informações sobre o cultivo de sorgo para que ele se torne cada vez mais produtivo e rentável.
Fabio Marques, especialista em grãos da Coopercitrus