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Gestão de águas na propriedade rural

“Tínhamos uma visão mais reducionista do agricultor como produtor efetivamente de alimentos para a cidade, mas, não é só isso, temos o entendimento de que a água limpa também é um produto da agricultura para a sociedade”. Engenheiro agrônomo Afonso Peche Filho

“A recuperação de nascentes não é despesa, é investimento!”. Eder Carlos Cardozo.

No dia 22 de março, Dia Mundial da Água, a Coopercitrus, em parceria com o IAC, CRO Agropecuária, Nortox, Valley e Netafim, promoveu o workshop “Gestão de águas na propriedade rural”, que está disponível no Youtube da Coopercitrus pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=Zp-uwdFKiao. O workshop teve como objetivo disseminar o papel das propriedades rurais no ciclo hidrológico e a sua contribuição na oferta de alimentos e água com qualidade para a sociedade.

O maior uso da água no mundo e no Brasil ocorre na agricultura irrigada. No Brasil, a irrigação é responsável por cerca de 50 % de toda a água retirada dos corpos hídricos, de acordo com o Atlas da Irrigação, da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). 

Diferentemente do que acontece após o uso da água em cidades e fábricas, em que normalmente o efluente sai com níveis de contaminação que demandam sistemas de tratamento do efluente antes de seu retorno ao meio ambiente, na agropecuária, a maior parte da água utilizada volta ao ciclo hidrológico pela evaporação ou pela transpiração das plantas, um porcentual fica retido no solo e apenas uma pequena parcela é retida na matéria vegetal, a qual transformamos em alimentos ou bioprodutos do agro. Assim, não há a necessidade de tratamento da água após sua utilização na irrigação, pois ela se mantém limpa em seu ciclo hidrológico fechado. Por conta disso e por seu uso estar associado à outorga, autorização baseada na disponibilidade de cada reservatório, a irrigação não representa ameaça de escassez a outros usuários.

Esse uso é sustentável e essencial à segurança alimentar. Assim, pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas Afonso Peche Filho, engenheiro agrônomo, ressalta que o papel do empresário rural consiste na oferta de produtos do agronegócio e na produção de água.

“Tínhamos uma visão mais reducionista do agricultor como produtor efetivamente de alimentos para a cidade, mas, não é só isso, temos o entendimento de que a água limpa também é um produto da agricultura para a sociedade”, comenta Peche.

Sistemas naturais saudáveis são responsáveis pela geração de água limpa e abundante. Nesse sentido, em áreas agricultáveis, as bacias hidrográficas podem ser entendidas como um conjunto de propriedades rurais que, quando bem manejadas, contribuem positivamente para o ciclo hidrológico e, consequentemente, para a produção de água com qualidade para o agro e para toda a comunidade. O agricultor tem incentivo para preservar e, até mesmo, aumentar a disponibilidade de água em sua propriedade. Como não existe agricultura sem água, observa-se a importância de ter no agricultor um gestor de águas. Como ele pode entender e gerenciar melhor as diferentes áreas da propriedade: produção, proteção, construídas, locomoção e lindeiras, a gestão adaptativa dessas áreas impacta positivamente o ciclo hidrológico e, consequentemente, a qualidade da água produzida no campo. Para o pesquisador, “a cooperação social é o caminho para o círculo virtuoso entre preservação ambiental e produtividade”. A gestão hidrológica é essencial para a manutenção da oferta atual e futura de água com qualidade e, assim, gerar um futuro melhor para todos.

Conheça como a Coopercitrus promove o uso sustentável da água e dos recursos hídricos com os seus cooperados:

Restauração de nascentes e de áreas de preservação ambiental

Tão importante quanto o uso consciente da água na propriedade rural é produzi-la. Água limpa e abundante depende da manutenção de sistemas que favoreçam o ciclo hidrológico nas propriedades. Peche Filho ressalta a importância da gestão coletiva das microbacias hidrográficas onde estão presentes as nascentes, que, por sua vez, irão formar os riachos e rios de uso coletivo. “Ao recuperarmos nascentes, estamos trabalhando na gestão de bacias hidrográficas de primeira ordem, que são responsáveis, em última instância, pela manutenção dos grandes rios, considerados bacias de quarta ordem”. Nesse sentido, a Coopercitrus e a Credicitrus, por meio da Fundação Coopercitrus Credicitrus, mantêm parceria com a Nortox e Basf, os programas Cooper Nascentes e Cooper Semear. Eles dão suporte aos produtores rurais no planejamento e na restauração de nascentes e florestas nas propriedades.

Exemplo de sucesso, a CRO Agropecuária colhe os bons frutos da recuperação das nascentes. De acordo com Eder Carlos Cardozo, gerente agrícola da CRO desde 2017, nas propriedades, foram observados os efeitos negativos da maior irregularidade do regime de chuvas. Na fazenda Trindade, mesmo sendo considerada rica em água, havia a preocupação da liderança em manter e assegurar a disponibilidade de águas para os anos vindouros. Cardozo apresentou aos acionistas da CRO o projeto de recuperação de nascentes, que resultou na recuperação de sete nascentes na propriedade. Na fazenda Trindade, três nascentes recuperadas abastecem juntas uma represa com capacidade de armazenamento de 103 milhões de litros de água. Água utilizada também para suportar a operação de irrigação por pivô, gerando ainda excedente, que segue para rios que abastecem as comunidades a jusante.

“A recuperação de nascentes não é despesa, é investimento!”, afirma Eder Carlos Cardozo.

Irrigação

Em parceria com a Valley e Netafim, oferecemos suporte ao produtor rural na gestão e na implantação de sistemas de irrigação, da precisão dos sistemas por gotejo aos eficientes pivôs centrais, por meio de tecnologias modernas e eficientes, que visam à otimização da água na irrigação. 

Há muita tecnologia embarcada nos sistemas de irrigação. Oferecemos aos produtores, na palma da mão, o monitoramento em tempo real das condições da cultura e do solo que, alinhado a outras informações, como fase fenológica da cultura, evapotranspiração, tensiometria e previsão meteorológica, auxilia o produtor a otimizar o uso da água e a produtividade da cultura.

Sandro Rodrigues, gerente comercial da Brasil Valley, afirma a importância do uso desses controles na irrigação: “Quando não há o acompanhamento destes fatores, o produtor costuma aplicar mais água do que é necessário. Não por desejo, mas porque, na prática, é mais fácil perceber a falta do que o excesso de água da irrigação. O excesso, além do desperdício de energia, também prejudica a produtividade ao lixiviar nutrientes no solo. Em média, sistemas de irrigação bem geridos geram economia de até 20% no consumo de água”.

Bruno Toniello, gerente de Digital Farming da Netafim, destaca o papel das tecnologias disponíveis para que a água utilizada fique na zona radicular das plantas e, assim, alcance os índices de produtividade desejados. Até 2040, estima-se a incorporação de 4,2 milhões de hectares irrigados (+76 %), com um impacto menor sobre a expansão do uso da água (+66 %) devido à maior expansão de métodos mais eficientes. Áreas irrigadas podem ser até três vezes mais produtivas que a agricultura de sequeiro. Ao aumentar a produtividade por hectare, os produtores também contribuem para a diminuição do desmatamento, reduzindo a pressão pela abertura de novas áreas agrícolas.

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