CULTURAS

Interpretação da análise foliar como ferramenta para incremento da produtividade dos citros

O segredo para otimizar a adubação safra após safra é aumentar a produtividade do pomar e elencar os nutrientes mais limitantes à produção e fazer adubações planejadas para sustentar a produtividade e corrigir os teores dos limitantes.

Todos que estudaram ou leram materiais sobre as teorias da nutrição mineral das plantas, se depararam com as teorias concretizadas por muitos pesquisadores.

Através de seus estudos concluíram que:

  • 1º – o crescimento de uma planta é dependente da presença dos nutrientes essenciais.
  • 2º – cada nutriente é requerido em quantidades diferentes.
  • 3º – O crescimento desta planta será limitado pelo nutriente que não for fornecido em quantidade adequada, mesmo que seja o nutriente requerido em menor quantidade (como é o caso dos micronutrientes).

Colocando em termos práticos, não adianta fazermos uma generosa adubação com Nitrogênio, Fósforo e Potássio (NPK), se o Boro for o nutriente mais limitante.

Entendidos os conceitos, pensemos agora como podemos operacionalizar isso no dia a dia das propriedades citrícolas.

As plantas podem absorver nutrientes presentes no solo através de seu sistema radicular, principalmente, mas também podem absorver nutrientes através das folhas. Temos então duas vias para fornecimento de nutrientes para as plantas e devemos, com inteligência, utilizá-las de maneira coordenada para que a planta receba a quantidade adequada e requerida de cada nutriente.

Agora sabemos como colocar os nutrientes à disposição da planta. Só falta saber qual quantidade devemos aplicar de cada um dos nutrientes requeridos. E eis aqui a grande questão, divergência e motivo de desentendimento entre pesquisadores, estudiosos e extensionistas.

Os primeiros modelos para cálculo de adubação foram estruturados para indicar a quantidade necessária, de cada nutriente, em função da quantidade presente no solo. Hoje temos considerada fundamental da análise de solo, porém, para determinação da necessidade de calagem, gessagem e fosfatagem. Para o cálculo da adubação com Nitrogênio, Potássio e demais macro e micronutrientes recomendamos fortemente a interpretação da análise foliar.

Se queremos avaliar o estado nutricional das plantas devemos analisar o tecido vegetal. A partir daí elencamos os nutrientes desde o mais deficiente até o mais excedente e então deve ser feito o plano de adubação para atender a necessidade para produção de frutos, crescimento da planta e correção dos nutrientes em deficiência.

Para avaliação do estado nutricional das plantas de citros, devemos coletar folhas e encaminhar para algum laboratório capacitado para analisar os teores de nutrientes nas folhas.

A coleta das folhas deve seguir rigorosamente o padrão da coleta de folhas de citros. Devem ser coletadas quatro folhas por planta (uma em cada quadrante cardinal) em 25 plantas por talhão. Deve ser coletada a 3ª ou 4ª folha de um ramo frutífero e esse fruto deve estar com cerca de 50% do tamanho final (conhecemos como ping-pong) ou também podemos utilizar a referência de um ramo frutífero após seis meses do início daquele florescimento. Totalizando uma amostra com 100 folhas (Figura 1).

É importante respeitar o padrão de coleta, visto que todas as calibrações e cálculos foram gerados a partir de análises foliares coletadas com esses parâmetros.

Atualmente podemos realizar a interpretação dessa análise foliar através de 3 métodos a saber:

Faixas de suficiência, onde avaliamos se o nutriente está dentro, acima ou abaixo de uma faixa considerada ideal. É um método muito simplista, que não nos permite ranquear os nutrientes com mais prioridade de correção com boa precisão.

Os outros dois são distintos no método matemático, porém muito próximos quanto à interpretação dos resultados. O Diagnose da Composição Nutricional (CND) e o Sistema Integrado de Diagnose e Recomendação (DRIS). Consideramos ambos os métodos como mais detalhados em função do ranqueamento dos nutrientes quanto à prioridade de correção.

O princípio lógico dos dois últimos é comparar a composição mineral das folhas coletadas em um talhão com a composição mineral média de folhas coletadas em talhões modelos, composta por plantas saudáveis e de boa produtividade. Assim, geraremos um plano de adubação que faça com que nossas plantas fiquem nutricionalmente iguais às plantas modelo.

O teor nutricional de cada nutriente será substituído por um índice, que pode ser negativo, positivo ou nulo. Valores negativos indicam a deficiência, valores positivos indicam excesso e o valor nulo indica o ideal teórico. Quando avaliamos o índice de cada nutriente na população modelo, vemos que para qualquer nutriente, quanto mais o índice se afasta do zero, tanto com valores negativos como positivos, há redução na produtividade. Comprovando que tanto a deficiência quanto o excesso são prejudiciais para as plantas (Figura 2).

Observamos também ocorrência de baixas produtividades com índices nutricionais próximos ao equilíbrio. Isso é devido ao fato de que a nutrição não é o único fator que afeta a produtividade dos pomares. Ocorrência de altas temperaturas no florescimento e deficiência hídrica acentuada pode comprometer a produtividade, mesmo que a planta esteja nutricionalmente equilibrada.

A figura 3 mostra claramente os nutrientes deficientes e em excesso, através do seu índice nutricional. Deveríamos, neste caso, estruturar um plano de adubação para sustentar o crescimento das plantas, a produtividade potencial desse pomar e ainda, fundamental, que corrija a deficiência do Boro e do Zinco, esses são os nutrientes limitantes à produção desse pomar em estudo.

Este milênio está sendo marcado pela evolução tecnológica computacional, esta evolução nos permite, hoje, estruturar algoritmos muito mais elaborados e precisos na recomendação de fertilizantes. Recomendamos fortemente que os produtores adotem sistemas mais modernos de recomendação de adubação para que possam ser mais sustentáveis, aplicando fertilizantes nas quantidades necessárias para levar seus pomares às produtividades próximas ao seu potencial.

Eng. Agr. Danilo Franco
Consultor Farmatac
Eng. Agr. Leandro Aparecido Fukuda
Consultor Farmatac

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