No Brasil as espécies do gênero Brachiaria são as mais utilizadas na formação de pastagens. Isso se dá em função da rusticidade comum ao gênero, que tolera solos ácidos e de baixa fertilidade. Entre as espécies mais utilizadas, destacam-se a B. decumbens, B. humidicola e B. brizantha. Contudo, normalmente os extensos monocultivos de espécies forrageiras em pastagens contribui para o aumento da degradação das pastagens, pois permite a seleção de pragas e doenças específicas e de difícil controle. Assim, destaca-se a importância de se diversificar as espécies forrageiras das pastagens, e, portanto, o surgimento de novos híbridos em pastagem é importante para o sistema de produção de bovinos.
O desenvolvimento de cultivares se inicia pela avaliação da variabilidade natural da espécie, geração de novos híbridos por meio de cruzamentos, avaliação dos híbridos em parcelas, e em rede nacional, seleção para diversos estresses bióticos e abióticos e, por fim, sob pastejo.
Esse processo todo pode levar até 20 anos, culminando no lançamento do cultivar final após seu registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Sem o registro, o cultivar não pode ser comercializada no país. Mesmo após o lançamento dos cultivares, a pesquisa continua, principalmente em relação ao manejo da pastagem, para orientar o uso eficiente do material e esclarecer eventuais problemas que possam surgir nas fazendas.
Mas afinal, o que temos de mais novo no mercado?
Brachiaria híbrida cultivar Mulato II
Melhorada a partir dos cruzamentos entre as espécies de Brachiaria brizantha x Brachiaria decumbens e Brachiaria ruziziensis, desenvolvida pelo CIAT (Centro Internacional de Agricultura Tropical), carrega as vantagens como a alta adaptação às condições tropicais e subtropicais, bom vigor de crescimento, a tolerância a solos com drenagem deficiente, desde que não seja permanente.
Porém, requer solos de média a alta fertilidade. Além disso, a Mulato II, apresenta algumas vantagens competitivas em relação a outras gramíneas, como elevada produtividade de massa seca e qualidade da forragem produzida, tolerância à cigarrinha das pastagens, crescimento vigoroso, boa tolerância a períodos prolongados de seca, mantendo-se com alta proporção de folhas verdes durante todo o período, rápida rebrota, florescimento tardio, fácil estabelecimento tanto por sementes quanto por plântulas e alto teor de proteína (8 a 19%).
Dada a alta produtividade do Mulato II, cerca de 25 toneladas de matéria seca de forragem por ha/ano, é possível utilizar este cultivar com alta carga animal. Os estudos realizados pelo CIAT demonstram que a utilização da Brachiaria cv. Mulato II permitiu um incremento de 11% na época seca e 23% na época chuvosa, quando comparada as produções da Brachiaria decumbens cv. Basilisk e Brachiaria brizantha cv. Toledo (MG5 ou Xaraés) (Jacovetti, 2016).
Brachiaria híbrida cultivar Mavuno
A Brachiaria híbrida Mavuno é proveniente do cruzamento das Brachiarias cultivar Marandu e Ruziziensis, onde seus filhos foram novamente cruzados com uma outra braquiária africana cujo cultivar é desconhecido. Planta de média a alta exigência nutricional e precipitação média acima de 800 mm/ano. Altamente tolerante a seca, frio e ataque de cigarrinhas, porém com baixa tolerância a umidade. Em ótimas condições o Mavuno, pode apresentar até 20 toneladas de matéria seca por ha/ano, com proteína bruta média de 14% na seca e 20% nas águas.
Durante os primeiros dias de semeadura, o Mavuno concretiza o estabelecimento do seu sistema radicular, para posteriormente, sua conclusão na parte aérea. Após o plantio e estabelecimento, a planta se destaca pela sua excelente formação de perfilhos. Essa característica promove uma alta relação folha/caule, que proporciona uma maior produtividade e produção de material verde.
Panicum híbrido cultivar BRS Quênia
Esse cultivar vem para o mercado para suprir uma demanda por um cultivar de Panicum Maximum de porte intermediário, alta produtividade e qualidade de forragem, com folhas macias e colmos finos e tenros, alto perfilhamento e fácil manejo.
O BRS Quênia é uma opção para solos bem drenados de média a alta fertilidade, com índice pluviométrico superior a 800 mm anual. O cultivar não é indicado para áreas sujeitas a alagamentos, mesmo que temporários, por apresentar baixa tolerância ao encharcamento do solo. É uma planta de porte médio com folhas longas, de largura estreita média e sem pilosidade. Seu grande destaque é a abundância de folhas de alto valor nutritivo aliada à alta produtividade. Isso resultou em ganhos em peso animal de 32,5 e 28,7 arrobas por hectare por ano, sem suplementação, em Campo Grande-MS e Rio Branco-AC, respectivamente. (EMBRAPA Gado de Corte).
Novos cultivares, Sabiá e Cayana, foram lançados comercialmente na safra 2020/2021, e são híbridos interespecíficos superiores obtidos a partir de várias gerações de melhoramento genético. Estes novos cultivares são resultados do cruzamento entre as espécies de Brachiaria brizantha e Brachiaria ruziziensis, em que o melhoramento genético do produto entre essas espécies resultou em cultivares com benefícios superiores, como alta produtividade e melhor qualidade da forragem.
Cultivares estão sendo avaliados em canteiros experimentais na área de pastagem da Fundação Coopercitrus Credicitrus, situada no município de Bebedouro – SP.
Abaixo está o ranking dos dez cultivares mais produtivos:
Dr. Luis Gustavo Rossi
Consultor especialista em pastagem
Literatura consultada:
Jacovetti, R. Desempenho agronômico e nutricional do capim” Mulato II” sob doses e fontes de nitrogênio, 2016.