CULTURAS

Quando, como e por que realizar a poda no seu cafezal

O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café, produzindo cerca de 30% a 35% de todo o café fabricado mundialmente, com uma média de produtividade de aproximadamente 30 scs/ha no ano agrícola 2019/2020 safra 2020/2021.

Isto se deve, em grande parte, às renovações de lavouras com novas variedades, espaçamentos, podas de renovação e altas tecnologias desenvolvidas pelos nossos técnicos de pesquisa e de campo.

A poda do cafeeiro consiste na eliminação parcial ou total da parte aérea das plantas. Em função das diferentes variedades de cafés, essa prática ocorre geralmente no período de julho a setembro e tem como principais objetivos a renovação por indução de ramos produtivos de plantas debilitadas pela idade, lesões causadas por fenômenos climáticos e/ou pela incidência de pragas e doenças.

A tomada de decisão sobre podar ou arrancar uma lavoura se tornou uma constante interrogação, isto é, necessitando de uma análise prévia de alguns pontos importantes que auxiliam na decisão do que e qual fazer.

  1. O primeiro ponto a ser observado é se as lavouras a serem podadas apresentam boa genética, bom espaçamento, estande de plantas uniformes sem muitas falhas e condições fitossanitárias adequadas.
  2. O segundo ponto é se estas lavouras não encontram muito depauperadas, com a morte dos ramos do baixeiro (da saia), ou seja, quando há o “cinturamento” da lavoura.
  3. O terceiro ponto é se não há fechamento entre linhas dificultando as operações de mecanização e colheita.
  4. O quarto ponto que precisamos avaliar é se as mesmas já não se mostram responsivas à adubação de vegetação e produção.
  5. Por último, em casos extremos de condições climáticas adversas, como ocorrência de geada, seca prolongada e chuva de granizo.

É importante também verificar as condições do mercado, preço e condições financeiras do produtor.

O cafeeiro, quando podado, perde parte aérea e parte do sistema radicular, por isso, se faz necessário observar todos estes pontos citados, que irão afetar o desenvolvimento destas plantas e, consequentemente, a melhor e mais rápida recuperação da estrutura vegetativa e produtiva.

ÉPOCAS DE PODA PRODUTIVIDADE (Scs/Ha)
Julho91 a
Agosto87 a
Setembro62 b
Outubro33 c
Novembro22 c
Dezembro 16 d
Quadro: épocas das podas e produtividade, quanto antes, melhor e com maiores produtividades. Fonte: PROCAFE

O cafeicultor, por meio desta prática agrícola, também poderá programar com eficiência a condução e a produção de cafeeiros em sistemas de lavouras adensadas, reduzir a incidência de pragas e doenças do cafezal, facilitando o seu controle, promover mais luminosidade e arejamento dos cafeeiros em lavouras com fechamento, melhorar a arquitetura das plantas por renovação e ajuste da estrutura da copa, reduzir a altura e partes laterais das plantas para facilitar os tratos culturais e a colheita nos próximos anos. Assim, o cafeicultor terá aumento da vida útil de produção do cafeeiro com vigor e produtividade.

Com esses objetivos, os cafeicultores podem realizar, de acordo com as condições do cafeeiro, diferentes técnicas de poda ou a combinação delas, tais como o decote, o desponte, o esqueletamento e a recepa.

O decote: é uma poda alta e menos drástica, aplicada em plantas que ainda possuem saia, mas que apresentam esgotamento ou deformações na parte superior ou altura excessiva. Pode-se adotar um decote alto, com corte da planta realizado de 1,80 m a 2,40 m de altura, ou um decote baixo, com corte de 1,20 m a 1,80 m de altura.

O desponte: trata-se de uma técnica que consiste em cortar na lateral da planta, no sentido de cima para baixo (descendo), nas extremidades dos ramos plagiotrópicos (ramos produtivos), deixando-os com comprimento médio de 0,60 m a 1,20 m para estimular ramificações para aumento da produção.

O esqueletamento: consiste também em cortar na lateral da planta, porém, no sentido de baixo para cima (subindo), nas extremidades dos ramos plagiotrópicos, próximos ao tronco do cafeeiro, deixando-os com comprimento médio de 20 cm a 30 cm, com o objetivo de promover a abertura da lavoura e renovar as hastes produtivas.

A recepa: é uma poda baixa e mais drástica, aplicada em plantas que perderam os ramos produtivos inferiores que formam a saia da planta ou em plantas totalmente depauperadas ou deformadas. Pode ser aplicada uma recepa com pulmão ou recepa alta com o corte da planta a uma altura média de 60 cm a 80 cm do solo, ou uma recepa sem pulmão ou, ainda, recepa baixa com o corte de 30 cm a 40 cm do solo. Contudo, se a recepa for mais alta, por exemplo, a 60 cm do solo, e a brotação “nova” estiver acima de 25 cm do solo, é recomendável que se faça a 2ª poda imediatamente abaixo do broto emitido após a 1ª poda.

As desbrotas devem ser realizadas periodicamente, visando à eliminação do excesso de brotos, deixando apenas os mais vigorosos e melhor inseridos no caule, conservando o alinhamento do cafeeiro. Geralmente, são efetuadas quando os brotos atingem cerca de 20 cm, mantendo de 2 a 4 hastes.

O manejo de plantas daninhas também deve ser realizado, evitando o abafamento dos brotos e a concorrência por água, luz e nutrientes. Deve-se tomar os devidos cuidados, no caso do controle químico, com a ocorrência da deriva de herbicidas sobre as brotações do café, sendo que a mesma causa sérios problemas de Fitotoxidez ao cafeeiro.

Conclusão: a poda dos cafeeiros pode contribuir para reduzir custos, com mão-de-obra no período das colheitas, adequar o volume de colheita e estrutura pós colheita, facilitar a desbrota e os tratos culturais, como adubação potássica, proporcionar uniformidade das floradas, maturação dos frutos e tornar mais eficiente o manejo de pragas e doenças.

O ideal para tornar as produções mais constantes ao longo dos anos nas propriedades é realizar o esqueletamento em 30% da lavoura todos os anos, reduzindo, dessa forma a pressão da bienalidade e aumentar em torno de 40% a produtividade média da lavoura, além de melhorar a qualidade final do produto, e uma renovação no parque cafeeiro da propriedade.

Marcelo de Moura Almeida, Consultor especialista em café da Coopercitrus

ESPAÇO RESERVADO
PARA ANÚNCIOS

Compartilhar nas redes sociais