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Silagem: como e o que ensilar?

Dr. Luis Gustavo Rossi
Zootecnista e especialista em pastagem
Departamento Desenvolvimento Técnico de Mercado Coopercitrus

Os pecuaristas que criam seus animais em pastagem têm de encontrar alternativas para lidar com a baixa produção de forragem no período seco, pois o número de animais de um rebanho permanece praticamente constante ao longo do ano, diferentemente da produção da forrageira, que necessita de suplementação alimentar.

A silagem serve de alternativa para suprir as demandas dos animais por se tratar de um alimento conservado que pode ser armazenado por longos períodos. No entanto, devemos estar atentos em “como” produzir esse tipo de alimento, pois um erro sequencial resultará em grandes perdas de qualidade.

Passos essenciais para produzir uma excelente silagem:

1) Dimensionemos o silo

Devemos calcular as dimensões do silo, seja de trincheira, seja de cobertura, de acordo com o consumo pelos animais que pretendemos alimentar. Nessa etapa, também conseguimos calcular o quanto de área de lavoura será necessária.

            2) Cortemos no ponto certo

            Uma planta muito úmida poderá prejudicar a fermentação da silagem e uma planta muito seca afetará negativamente a compactação dela. Logo, devemos estar atentos ao momento exato de colhermos bem.

3) Atentemos ao tamanho de partícula

De modo geral, o tamanho deve estar entre 1 e 3 cm, pois partículas muito grandes dificultam a compactação e partículas muito pequenas podem prejudicar a ruminação, ocasionando problemas no metabolismo do gado.

4) Utilizemos inoculante

O inoculante é um aditivo à base de bactérias que auxiliam o processo de fermentação da silagem, tornando-o mais rápido, eficiente e com menor perda no pós-abertura.

            5) Compactemos bem o material

            Cada vez que a forragem picada for descarregada no silo, ela deve ser espalhada em camadas de até 25 cm e, depois, compactada para expulsar o ar entre as partículas. Dessa forma, a fermentação será de melhor qualidade.

            6) Vedemos bem o silo

            A vedação é importante para evitarmos a entrada de ar e água no silo. O material mais usado é lona de polietileno de dupla face, com tratamento contra ultravioleta e o mínimo de 200 micras de espessura.

            7) E quando devemos abrir o silo?

            Recomenda-se abri-lo entre 40 e 60 dias após o fechamento e a vedação dele. Nesse momento, a silagem está estabilizada e pode ser usada para alimentação do rebanho.

            As principais forrageiras utilizadas para silagens são milho, milheto, sorgo, cana-de-açúcar, capins tropicais e outras gramíneas. A cultura do milho é a mais utilizada pela excelente qualidade para atender às demandas do sistema de produção, pois possui alto valor nutritivo, o qual pode ser constatado pela sua alta digestibilidade e densidade energética.

Assim como o milho, a planta de sorgo apresenta concentração de matéria seca ideal, alta concentração de carboidratos solúveis e baixo poder tamponante no momento do corte, favorecendo o processo fermentativo. Por possuir menor sensibilidade ao fotoperíodo e à deficiência de água, quando comparada ao milho, essa espécie é uma excelente alternativa em cultivo secundário (safrinha).

A cana-de-açúcar alia elevada produtividade com valor nutritivo satisfatório, justificando o seu uso. Além desse fato, a espécie é agronomicamente simples quando comparada ao milho e ao sorgo devido à necessidade de tratos culturais menos frequentes e intensos. A colheita ocorre no período seco do ano e com uma janela de corte bastante extensa, o que facilita o manejo de ensilagem.

Já as silagens de capim (como Mombaça, braquiárias híbridas ou BRS Capiaçu) trazem benefícios devido à produtividade elevada de matéria seca por hectare quando bem manejadas. Além disso, há menor limitação topográfica para produzir esses capins perenes em comparação às culturas do milho e do sorgo. Por fim, vale a reflexão: não adianta fornecermos uma ração de qualidade, se a silagem for de baixa qualidade.

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