Viviani Silva Lirio
O final do ano sempre nos remete ao um balanço, uma avaliação de saldo entre os desafios e os sucessos, em uma espécie de tentativa de aferição dos quadros de superação vividos. Trata-se de um fenômeno afeito a todas as áreas da vida humana, sempre que nos deparamos com algum ponto de inflexão em nossas vidas, e o fim do ano nos remete a final de ciclo, e nos incita a esse olhar avaliativo.
Pensando de maneira ampla, o ano de 2022 foi desafiador, econômica, política e socialmente. Colhemos os frutos (sem trocadilhos agro) amargos de dois anos de vivência pandêmica, somados ao início de uma guerra cujos transbordamentos ainda se fazem sentir de maneira importante, particularmente com o avançar do inverno do hemisfério norte. Tensão, fadiga econômica, exigência de resiliência… esses foram termos necessários e vivência cotidianas paras as sociedades e, particularmente, para os gestores de todas as áreas.
O agronegócio viveu 2022 com muitas experiências e de vários perfis. De um lado, o retorno às possibilidades dos encontros presenciais permitiu a renovação da realização de eventos importantes, tais como as feiras e as exposições, retomando práticas de network importantes, com muitas externalidades positivas. As safras recordes, a exemplo da soja e do milho, também não podem ser esquecidas; todavia, houve muitos desafios, já que o próprio design das cadeias globais de exportação (particularmente de grãos) ficou afetado pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia. O mesmo conflito afetou diretamente o custo dos insumos, particularmente dos fertilizantes e impactou diretamente os produtores sendo que, para alguns, teve um peso alto demais, levando ao endividamento e à perda de competitividade.
Também não se pode perder de vista os desafios vividos com as variações no preço dos combustíveis. Sendo o Brasil um país continental, e ainda bastante dependente da malha rodoviária, o aumento nos preços dos combustíveis tem impacto direto sobre o escoamento da safra, afetando diretamente o abastecimento. Nesse sentido, cadeias mais dependentes de escoamento rápido, a exemplo das pecuárias ou as a elas relacionadas foram mais afetadas, pressionando, para cima, a inflação.
Há, para 2022, muitas possibilidades de olhar e muitas reflexões e aprendizados a considerar. Há, para o ano de 2023, muitos prognósticos também; todavia, em meio a esta multiplicidade de possibilidades, há uma convergência inquestionável: o agronegócio desempenhou e desempenhará um papel central na recuperação e manutenção da estrutura e desenvolvimento do Brasil. Seu vigor, pujança e capilaridade são uma essência intrínseca ao próprio organismo nacional e, por isso, é preciso reconhecê-lo como tal.
Mais que safras, há empregos. Mas que números, há pessoas… milhões de pessoas que direta e indiretamente relacionam-se cotidianamente com esse setor que, se de um lado vive as regras naturais da economia aberta que rege o nosso país, de outro assinala com suas ações a própria vida, já que produz, como base, alimentos, sendo, portanto, a mais relevante estrutura produtiva a ser atendida e reverenciada. Esse é, em essência, o saldo do agro nacional: resiliência, dedicação, sustento e vida.