Com mercado interno e externo em expansão, o grão promete ser cada vez mais competitivo. O setor está empenhado em alçar novos voos.
O cultivo do amendoim vem ganhando cada vez mais espaço entre os produtores rurais, motivados pelos bons preços, perspectiva de crescimento no mercado nacional e internacional, além de ser uma excelente opção para diversificação e para a rotação com a cana-de-açúcar.
No Brasil, a cultura teve grande evolução na última década em termos de produção, industrialização e exportação. A produção agrícola do grão mais que dobrou de tamanho entre 2011 e 2020, saindo de 331 para 684 mil toneladas. As exportações dos produtos derivados do amendoim ficaram quatro vezes maiores em volume e três mais em valor, atendendo 100 países, segundo dados do estudo Agronegócio do Amendoim: Produção, Transformação e Oportunidades, do Departamento do Agronegócio (Deagro) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Um grão repleto de oportunidades
O bom desempenho da cultura foi incentivado pela sinergia entre os agentes da cadeia produtiva, o investimento realizado em pesquisa e na mecanização, além da especialização do produtor e a inovação na indústria. O setor está empenhado em alçar novos voos e a cultura promete ser cada vez mais competitiva.
Sempre pronta para oferecer suporte aos cooperados nas mais diversas culturas, a Coopercitrus oferece um completo pacote de insumos, máquinas, serviços e tecnologias para o produtor de amendoim atingirem os melhores resultados.
A especialista em amendoim da Coopercitrus, Fabiana Fernandes, ressalta que 2021 foi um ano muito favorável para a cultura e destaca a quebra de produção de grãos devido à seca nas principais regiões produtoras no Brasil mais a alta de outras commodities impulsionou o interesse pelo grão: “O aumento do interesse dos produtores ocorreu em função da margem deixada pela cultura, bem maior que outras culturas normalmente usadas em rotação a cana-de-açúcar, e pelo rápido retorno do ciclo entre 130-150 dia”, explica.
Segundo o diretor superintende da BM Implementos, Marco Antônio Martins, a valorização do preço motivou o produtor rural a investir no cultivo de amendoim: “No ano passado, a rentabilidade do hectare da soja foi de R$ 1.600, enquanto a do amendoim saiu por R$ 3 mil. Já o custo da saca de 125 quilos foi de R$ 120, sendo que a média histórica é de R$ 60 reais. Para esta safra, a sinalização é que saca saia por R$ 75”, aponta.
Por apresentar o desenvolvimento de seus frutos no subterrâneo, o cultivo do amendoim exige que o solo esteja muito bem preparado. Para o plantio direto em áreas de rotação de cultivo com a cana, é necessário o uso de semeadoras específicas que garantam um plantio uniforme. A amostragem do solo para análise química e física é uma etapa fundamental para realizar a calagem e adubação. Por se tratar de uma leguminosa com capacidade de se associar ao processo de fixação biológica de nitrogênio, a cultura dispensa aplicação de nitrogênio é dispensada.
A qualidade das sementes é fator essencial para o bom estabelecimento e produtividade da cultura. Antes da semeadura, o tratamento das sementes de amendoim com fungicidas é imprescindível, pela vulnerabilidade da cultura a fungos de solo na sua germinação e emergência.
“Trata-se de uma cultura com alta exigência em cálcio, além de ser exigente em boa nutrição de enxofre para a boa formação de vagens, sendo necessária uma aplicação de gesso para auxiliar nesse processo. Outro cuidado importante é no manejo de plantas daninhas, pois são poucos os produtos registrados para a cultura, alguns proibidos para exportação para o mercado europeu e ausência de produtos para controle de folhas largas em pós tardia”, explica a especialista Fernandes.
O bom manejo de tripes é muito importante devido a praga ser transmissora de viroses e seus danos servirem como porta de entrada para entrada de doenças como a verrugose, além de diminuir a capacidade fotossintética da planta. “O controle de doenças cercoporioses também é fundamental para garantir o bom enfolhamento de plantas para boa granação dos frutos e para garantir um bom arranquio”, completa.
A colheita é toda mecanizada e realizada em duas etapas. Primeiro, o trator passa fazendo o arranquio, retirando as vagens o grão de baixo da terra e jogando para cima. E assim as plantas ficam por cerca de três dias, até secar. Depois, outro trator passa para e fazer a colheita. Por ter características tão peculiares, um dos principais desafios para o cultivo da cultura são os maquinários específicos, como arrancador, batedor e revolvedor de leira.
“A ausência de resistência dos cultivares a herbicidas e lagartas exige um bom conhecimento do técnico que auxiliará o produtor na condução da lavoura, além da quantidade pequena de pesquisas sobre nutrição da lavoura e baixa quantidade de moléculas registradas para a cultura”, complementa Fabiana.
Entre as vantagens para o seu cultivo, destaca-se a resistência ao estresse hídrico maior que outras culturas na fase inicial de desenvolvimento sem comprometer tanto a produtividade. “Além disso, tem um ciclo rápido, podendo ser utilizada na rotação com a cana-de-açúcar, não é hospedeira de nematoides, remunera bem o produtor”, informa a especialista.
Rotação com amendoim ajuda canavial
O uso contínuo do solo no ciclo de produção de cana-de-açúcar provoca degradação física, química e biológica do substrato, ocasionando queda de produtividade e propiciando a infestação de doenças, pragas e plantas daninhas. A reforma do canavial tem custo relativamente alto, mas pode ser substituída por alternativa mais econômica, como a rotação com outras culturas.
O cultivo de amendoim em áreas de renovação da cana-de-açúcar possibilita uma série de benefícios agronômicos para o setor sucroalcooleiro. O grão contribui para a conservação e recuperação do solo, controle de pragas, elevando a produtividade dos canaviais. Além disso, a leguminosa contribui para evitar a erosão do solo durante o período de chuvas mais volumosas, pois tem sistema radicular bem desenvolvido. O amendoim tem baixa exigência de fertilidade do solo, mas é rica em nitrogênio e em outros nutrientes que são fornecidos ao solo por meio da palhada.
A experiência de quem cultiva
Para se manter na agricultura e melhorar a rentabilidade da lavoura, o cooperado César de Antônio, de Ibitinga, SP, investiu no cultivo de amendoim há 10 anos. “Sempre trabalhei com a agricultura com o meu pai. Temos uma propriedade pequena onde plantávamos algodão, milho, laranja, cana-de-açúcar e pecuária leiteira, mas começamos a ter dificuldades, foi então que enxergamos uma boa oportunidade no cultivo de amendoim”, relembra o cooperado.
A aposta foi certeira e, atualmente, a cultura é considerada o carro-chefe do negócio familiar, 920 hectares de área plantada, com produção de 200 sacas por hectare. “Na época tínhamos facilidade de arredamento de cana e o amendoim foi uma alternativa de rotação com a cultura que nos propiciou uma melhor renda. Ao longo das safras, fomos conhecendo o manejo, investimos na variedade branca, que resultou numa boa produtividade e adaptação ao solo. Para se ter um amendoim de qualidade, tudo começa por uma boa semente e o manejo agrícola correto”, conta o cooperado que destina a sua produção para a usina.
O agricultor ressalta a necessidade de boas parcerias para o sucesso da lavoura: “É preciso ter parceiros e ajuda de bons profissionais na orientação do cultivo”. Nessa empreitada, ele conta com a expertise da Coopercitrus: “A cooperativa trabalha com uma linha de fertilizantes de alta qualidade que nos oferece segurança. Trata-se de uma boa parceria e ainda contamos com os especialistas que estão sempre dispostos a nos ajudar. O amendoim é uma cultura que ganhou espaço e quem decidir investir com amor, carinho e conhecimento técnico terá sucesso”.
O cultivo do amendoim também despertou a atenção do Grupo Queiroz de Queiroz, de Frutal, MG, cuja tradição é na pecuária de corte. Mas desde 2006, o grupo passou a empreender no setor sucroalcooleiro, com o cultivo de 10 mil hectares de cana-de-açúcar e na agricultura irrigada de soja, milho e feijão.
“A diversificação de culturas diminui os riscos e o amendoim veio dar mais opções para os agricultores”, ressalta Raphael de Queiroz, diretor agrícola do Grupo.
Em 2020, o grupo decidiu experimentar o cultivo do amendoim na rotatividade, com plantação de 3.600 hectares. O resultado foi surpreendente: “Em nossa primeira safra e tivemos bastante sucesso com a cultura, com produtividade de 202 sacas por hectare. É uma boa média a nível nacional, mas podemos potencializar mais”, ressalta Raphael.
O produtor destaca que, para alcançar alta produtividade e lucratividade, é necessário investir na agricultura de precisão e conhecimento técnico: “Embora a produção do amendoim seja mais rústica, os equipamentos não são compatíveis com outras culturas, então exige um investimento inicial. Outro ponto é a pulverização. Na soja, por exemplo, realizamos em média quatro pulverizações, enquanto no amendoim são oito. Além disso, o risco da colheita do amendoim é maior, porque acontece em duas etapas”.
Mesmo frente aos desafios, o produtor afirma que a cultura traz um retorno interessante. Os resultados do primeiro ano motivaram o grupo a expandir a produção e para a safra 2022/23, o grupo irá investir no cultivo de 4.600 hectares de amendoim.
“Não deixaremos de produzir soja, mas o amendoim é uma cultura que veio para somar. Toda atividade que gera uma rentabilidade financeira maior, gera riscos maiores. A soja é mais fácil no manejo, porém tem perdas maiores. Já o amendoim tem rentabilidade melhor, porém é necessário investir na mecanização. É interessante manter as duas culturas porque equalizamos esses riscos e a diversificação proporciona esse equilíbrio. Além disso, na cultura do amendoim, temos um mercado interno a ser aquecido e o externo a ser potencializado”, projeta Raphael.
De olho nesse mercado, Queiroz investe em tecnologias para tornar a atividade agrícola mais eficiente. “Investimos na amostragem georreferenciada, depois é feito uma triagem dessas análises para gerar um mapa de fertilidade. Com base nesse mapa, criamos a aplicação de taxa variável, com a quantidade exata a ser aplicada no solo. Enquanto uma área pode demandar quatro toneladas de calcário, em outra, pode ser metade disso. Com isso, corrigimos os pontos necessários, com economia e mais eficiência”, comenta o produtor.
A produção do Grupo Queiroz de Queiroz é comandada por Raphael, junto ao pai, Adalberto José Queiroz e os irmãos, Thiago e Florêncio. Já de olho no futuro, Raphael incentiva seu filho, Adalberto Neto, de apenas 10 anos, a se inteirar da produção e prosseguir com a tradição.
E por falar em tradição, a Coopercitrus está ao lado do grupo fornecendo os insumos necessários para suas atividades agropecuárias. “A Coopercitrus é a nossa parceria desde a época da pecuária, tanto na parte de fornecimento de insumos, máquinas e irrigação. A cooperativa sempre traz novidades e formas de gerenciar as culturas para aumentar a produtividade”, ressalta Raphael.