CULTURAS

Alternativas eficazes para correção de solo: Óxidos e Cobertura Vegetal

Com o avanço das pesquisas têm-se descoberto alternativas para a correção dos nossos solos e se olhado para outros indicadores além do ambiente químico, mas também o biológico.

O clima tropical e subequatorial, predominante no território brasileiro, é um acelerador para a formação dos solos como conhecemos hoje. As chuvas intensas e ambientes mais quentes promovem o intemperismo químico e físico, além disso, criam um cenário propício para a ação de microrganismos na transformação do solo. O conjunto desses fatores ao longo do tempo desenvolveu os solos bastante intemperizados como conhecemos hoje no Brasil, com a acidez alta, teores elevados de alumínio, com predominância de minerais cauliníticos e óxidos de ferro e alumínio, e consequentemente com CTC e fertilidade baixa, além da alta fixação de fósforo.

Cenários como esses vistos no Brasil exigem atividades corretivas a fim de elevar esse pH, retirar o alumínio tóxico às plantas, fornecer um piso (quantidades mínimas) em nutrientes para as plantas, e assim criar ambientes mais favoráveis ao desenvolvimento de lavouras, com destaque para a formação de raízes.

O uso da calagem, bastante estudado e utilizado em todo o país, promove a elevação do pH do solo pela neutralização do H+, complexação do Al3+ e fornecimento de bases essenciais para o desenvolvimento da planta: Ca2+ e Mg2+. No entanto, a ação do calcário é lenta, com aproximadamente 20 a 50% da dose aplicada, sendo disponibilizada entre 90 a 180 dias, precisando ser muito bem planejada com bastante antecedência. Juntamente com a calagem, outro processo corretivo comumente feito é a gessagem, a qual promove a complexação do Al3+, fornece Ca2+ e S para a planta e, diferentemente do anterior, é capaz de agir em profundidades maiores, abaixo de 20cm, carregando alguns cátions e melhorando o ambiente para o desenvolvimento radicular.

A fosfatagem, por sua vez, consiste na aplicação de fontes de fósforo – geralmente fontes de baixa solubilidade com o objetivo de saturar os sítios de adsorção de fósforo, melhorando a ação da adubação fosfatada. Dessa maneira, o adubo é aplicado a lanço e incorporado no solo.

Com o avanço das pesquisas têm-se descoberto alternativas para a correção dos nossos solos e se olhado para outros indicadores além do ambiente químico, mas também o biológico.

Óxidos de cálcio e magnésio

Os óxidos de cálcio e magnésio, também conhecidos como cal virgem, são produzidos industrialmente a partir da queima/calcinação do calcário, transformando o calcário (CaCO3) em CaO, que, ao reagir com água no solo forma Ca(OH)2, adquire uma solubilidade e poder de reatividade extremamente elevados. Podemos observar que, ao passo que o calcário tem entre 60 a 90% de PRNT, os óxidos chegam a ter entre 160 a 170% de PRNT.

Abaixo, acompanhe as reações que os óxidos de cálcio possuem no solo, complexando o H+ e liberando Ca2+, tudo em um intervalo de tempo reduzido comparado ao calcário – o mesmo vale para o óxido de magnésio.

A janela de oportunidade para o uso dos óxidos na agricultura existe pelo fato da reação do calcário ser bastante lenta – entre 90 e 180 dias, como já mencionado, ao passo que os óxidos reagem em poucas semanas, elevando o pH, complexando Al3+ e promovendo melhor disponibilidade dos outros nutrientes. Portanto, a viabilidade da sua utilização ocorre em situações que se necessita de uma correção mais acelerada, tais como plantio de cana, lavouras de soja após reforma de canaviais; em uma sucessão de cultura com 2 a 3 safras; áreas arrendadas, pastagens onde se perdeu a janela de aplicação do calcário no período seco, entre outros.

Correção biológica do solo

O olhar sobre a fração biológica do solo nunca obteve tanta atenção como nos últimos anos. Ao passo que tempos atrás, ao enviar uma amostra de solo para o laboratório e as análises obtidas eram apenas acerca da fração química e física, hoje com a nova tecnologia da Embrapa, a BioAS, é possível obtermos uma diagnose da saúde biológica do solo.

A partir da quantificação de duas enzimas presentes nos ciclos do enxofre e do carbono, a arilsulfatase e a beta-glicosidase, respectivamente, o produtor é capaz de avaliar como está a microbiota do seu solo, o que muitas vezes explica ótimos níveis de fertilidade e uma produtividade aquém da desejada, precisando “corrigir” a biologia do seu solo.

Mas vem a pergunta, como melhorar a saúde biológica do solo?

A resposta para tal pergunta passa pelas mesmas técnicas corretivas já conhecidas, como a calagem, a gessagem e outros. No entanto, adicionalmente, a esses fatores está a cobertura vegetal. Estabelecer plantas de cobertura no período seco, promover uma integração lavoura-pecuária e o sistema de plantio direto são o caminho para melhorar a atividade dos microrganismos do solo e então, observamos melhoras nesses índices. Além disso, inocular o solo com microrganismos benéficos já conhecidos em solos com cobertura vegetal tende a otimizar mais ainda o sistema.

Cabe relembrar que o maior aporte de matéria orgânica melhora a atividade dos microrganismos no solo, que por sua vez aumentam a mineralização, maior estruturação do solo, retenção de água etc., promovendo melhor desenvolvimento das lavouras.

A Coopercitrus possui uma gama de sementes para formação de cobertura vegetal, desde espécies isoladas, como braquiárias, mas também mix de sementes, como girassol, nabo, crotalárias, além de ampla linha de biológicos que podem fazer o controle de pragas e doenças auxiliando o controle químico.

Por Eng. Agr. Cesário Aparecido Doná , Especialista Agropecuário, e Eng. Agr. Guilherme Caus, Assistente técnico.

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