A percepção de ambiente e de seu entorno foi, durante muito tempo, considerada estritamente pessoal e, até certo ponto, tomada como uma opção cujo desenvolvimento era mais relacionado a uma visão de mundo, de valores, de perspectivas de existência. Com o passar do tempo e na medida em que as questões ambientais passaram a ganhar mais espaço nas preocupações cotidianas das diferentes sociedades, essa perspectiva foi sofrendo mudanças graduais e sendo trazida a um campo mais global, menos particularizado.
Assim, a consciência ambiental, entendida como a percepção da integralidade indivíduo-ambiente e dos efeitos cruzados entre ambos, passou a ser categorizada como um ativo importante e uma característica marcadamente desejável na sociedade atual. De fato, muitas questões relacionadas ao consumo sustentável e ao desejo de que essa nova forma de consumir se volte para pressionar uma nova forma de produzir ampliaram rapidamente a visibilidade em vários ambientes e fóruns acadêmicos, institucionais ou governamentais. Afinal, há vários estudos que já comprovam que os hábitos de consumo atuais, de boa parcela da humanidade, respondem por boa parte dos grandes desafios ambientais. Para Mondini et al (2018),
Questões relacionadas à produção limpa, uso eficiente dos recursos e tratamento de resíduos pós-consumo se tornaram pauta frequente em discussões ambientais nas últimas décadas […] Dentro destas temáticas, o comportamento de consumo passou a ser cada vez mais incorporado pela arena pública de ativismo, e os consumidores, encorajados a fazer a sua parte adquirindo apenas produtos considerados verdes, sustentáveis ou ambientalmente amigáveis […] Promover o consumo sustentável implica em enfrentar questões delicadas que envolvem os princípios de soberania e hábitos do consumidor, a determinação das quantidades de consumo suficientes e a visão cultural da felicidade atrelada à prosperidade material […] Apesar da ainda pouca especificidade relacionada ao tema, é certo que os maiores problemas ambientais decorrem da inadequação dos padrões de consumo contemporâneos […]. (MONDINI, et al, 2018, 117).
Esse debate, naturalmente, não se distancia de nenhum setor e não exime a agricultura ou o negócio agro em nenhum de seus contornos. Cada consumidor e produtor, em cada reflexão sobre o que comprar, como comprar e quais questões considerar na decisão de compra — final ou intermediário —, passa a ganhar um novo contorno quando a percepção ambiental passa a equacionar essa decisão, ou seja, tudo muda quando cada um se considera parte decisória do grande processo de construção do futuro ambiental. Afinal, “a consciência ambiental está diretamente relacionada à sustentabilidade porque ser sustentável significa colocar em prática as ações para preservar os recursos.
