Além de conhecer as pragas, doenças e os melhores produtos para solucionar os problemas na área, é necessário realizar as aplicações no momento certo e atentar para os cuidados e detalhes em cada processo para otimizar a performance de cada insumo, resultando em aumento de produtividade na lavoura.
Manejo de palha e corte de soqueira
Após a colheita da cana, muitas operações devem ser realizadas visando preparar a soqueira para a próxima safra. A primeira operação a ser realizada é o enleiramento (concentração da palha de duas linhas em uma), ou aleiramento (retirada da palha da linha da cana) de palha, essa retirada melhora a brotação da soqueira em regiões mais frias e a eficiência no controle de pragas importantes como cigarrinhas e Sphenophorus, pois diminui a umidade e aumenta a temperatura próxima a touceira.
A operação de corte de soqueira é de grande importância para o controle de Sphenophorus levis e pode ser aproveitada para o controle de outras pragas, com pão-de-galinha, cigarrinhas e nematoides. Essa aplicação deve ser realizada após ou aliada ao enleiramento de palha, o ideal nessa operação é trabalhar com aplicador 70/30 e com volume de calda acima de 300 litros/ha, pois esse interfere diretamente na eficiência do controle do Sphenophorus. Além do controle de pragas, essa operação visa incrementar a aplicação de nutrientes e bioestimulantes que promovem a brotação rápida da soqueira e suprem a demanda, entre eles podemos destacar o boro, o zinco e molibdênio, importantes para a cana-de-açúcar e com muita restrição nos solos tropicais.
Herbicidas
A aplicação de herbicidas deve ser realizada o mais rápido possível após o corte da cana, mesmo em anos secos, isso porque haverá menor quantidade de cana em pós emergência, diminuindo a fitotoxidez na cultura e aumentando o leque de opções de produtos que podem ser utilizados. O controle antecipado reduz ou elimina a presença de pós emergência de plantas daninhas, diminui a necessidade de pós emergentes, tornando o controle de plantas daninhas mais barato. A aplicação de herbicidas na seca proporciona a otimização no maquinário nas propriedades que durante essa época do ano e torna mais efetivo resultado do herbicida, pois ele já estará no solo no momento em que iniciarem as chuvas.
Condições para melhorar os resultados dos herbicidas:
- Conhecer a matologia da área;
- Produtos utilizados na seca precisam ter meia vida mais longa para que estejam ativos até o fechamento do canavial;
- Em regiões mais frias será necessário realizar aplicações sequenciais de herbicidas, porque o fechamento do canavial é mais lento;
- Não revolver o solo após a aplicação de herbicidas.
- Aplicação do herbicida em pré emergência da cultura e das plantas daninhas.
Corretivos de solo
A correção do solo é imprescindível para o sucesso da adubação, melhorando o pH do solo e, dessa forma, a disponibilidade de nutrientes para a cultura.
Em canaviais já instalados não é possível realizar o revolvimento do solo para incorporação do calcário, que tem baixa mobilidade e reatividade quando aplicado na superfície, em geral, leva mais de 4 anos apara atingir profundidades superiores a 10 cm. O ideal para que essa deficiência do corretivo não comprometa a longevidade da lavoura é fazer uma boa base de perfil com sua incorporação em profundidade no momento da instalação da cultura e, depois que a cultura está instalada, realizar a manutenção com aplicação de calcário e gesso para que o cálcio consiga distribuir-se mais facilmente no perfil do solo e incrementar o desenvolvimento radicular.
Em áreas onde a lavoura já está instalada e/ou que apresente problemas de baixa disponibilidade de cálcio e magnésio, uma opção é a aplicação de óxidos de cálcio e magnésio em substituição ou complementação a calagem e gessagem. Os óxidos são calcários calcinados em fornos a altas temperaturas e apresentam uma reação mais rápida do que o mesmo no solo e com menor quantidade de água para que a reação ocorra, além de terem demonstrado maior capacidade de corrigir camadas mais profundas de solo em relação ao calcário superficial.
Adubação
A cana-de-açúcar é extremamente exigente em potássio, altas produtividades aliadas a adubações deficientes têm promovido a diminuição desse nutriente nos solos. O ideal é trabalhar em solos com níveis baixos a médios de potássio com uma relação 0,8-1,0 kg/ha de N e 1,2- 1,5kg/ha de K2O por tonelada de cana produzida.
Outro nutriente que também tem respondido em aumento de produtividade é o enxofre, muito exigido pelas gramíneas como a cana e que faz parte do ciclo do nitrogênio dentro da planta. O fornecimento de enxofre pode ser realizado através do gesso, que não tem se mostrado a melhor fonte para a cana, por descer no perfil do solo e não se concentrar onde há a maior parte do sistema radicular da cultura, que é mais superficial. Fontes com enxofre elementar conseguem liberar mais gradualmente o nutriente para a cultura e melhorar a resposta em produtividade. O boro pode ser fornecido via corte de soqueira, para auxiliar no reestabelecimento da soqueira e o uso de fonte de liberação mais lenta junto com a adubação de solo auxiliará no suprimento do nutriente no final de ciclo, devido a sua alta demanda nessa fase e baixa disponibilidade, por ser o elemento muito móvel no solo e acabar se perdendo por lixiviação.
A adubação realizada com a aplicação incorporada e revolvendo o solo na entrelinha deve ser realizada antes da aplicação do herbicida, pois essa aplicação remove o herbicida e promove o escape de plantas daninhas. A nutrição realizada após a aplicação do herbicida só deve ocorrer se a incorporação do adubo for localizada, com movimentação de solo reduzida ou aplicação sem incorporação, com a utilização de fontes de nitrogênio à base de nitrato ou ureia protegida, reduzindo dessa maneira as perdas por volatilização.
Pulverizações foliares
Após o desenvolvimento vegetativo da cultura, devemos realizar as aplicações de fungicidas, tendo como objetivo melhorar a capacidade fotossintética da cultura, aliado a isso podem ser realizadas aplicações de inseticidas, para o controle da broca, e foliares, que irão acelerar a vegetação da cana.
Os melhores momentos para as aplicações de fungicidas são os períodos em que as condições climáticas favorecem as doenças, são eles: chuvas e temperaturas mais altas, que em geral coincidem com os momentos de maior ataque da broca (novembro-janeiro) e índice foliar satisfatório da cultura, que permitem uma aplicação de foliares, porém, antes da pulverização de inseticidas, a praga deve ser monitorada através de armadilhas para melhorar o resultado dos produtos. Em relação ao controle de broca, sempre recomendamos a aplicação de produtos químicos seguidos de controle biológico.
Com objetivo de reduzir o pisoteio da cultura e aumentar a eficiência das aplicações, normalmente são realizadas operações conjuntas a fim de diminuir as entradas na área e reduzir os custos da aplicação.
Maturadores e Inibidores de Florescimento
Os inibidores de florescimento devem ser utilizados durante o período de indução do florescimento que, para a região centro sul ocorre entre o final de fevereiro e começo do mês de março, em variedades que florescem e também apresentam problemas de isoporização. Neste ano não tivemos florescimento, mas, em canaviais onde foi realizada essa aplicação, houve redução do chochamento, portanto, ganhos em TCH.
Os maturadores são utilizados no final do ciclo da cultura, aceleram a maturação da cana, incrementando os ganhos de ATR, são mais comuns em canaviais precoces, mas têm apresentando bons resultados em canaviais médios e tardios em anos ou regiões mais chuvosas.
Conclusões:
Os detalhes a cada ano têm demonstrado diferença na manutenção da lavoura e ganhos em produtividade, principalmente quando as condições climáticas não são favoráveis. Lavouras onde os fatores decisivos para manutenção da cultura têm sido levados em conta têm menor quebra de produtividade e manutenção da longevidade.
Para auxiliar na tomada de decisão para o manejo do seu canavial, procure a Coopercitrus mais próxima e conte com o apoio técnico do nosso time.
Fabiana Aparecida Fernandes , consultora especialista em cana-de-açúcar da Coopercitrus