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Controle Biológico: Agricultura mais resiliente e produtiva

Combinando boas práticas, mix de coberturas, controle biológico e rotação de culturas, Coopercitrus leva conceito de regeneração de sistemas produtivos para cooperados.

No cenário dinâmico da agricultura moderna, a Coopercitrus promove um novo programa voltado para a agricultura sustentável. Trata-se do Bio Soluções, que demonstra um compromisso contínuo com a qualidade do solo, o aumento da produtividade, melhores rendimentos aos cooperados e a regeneração dos sistemas produtivos.

André Rossi, gerente de Desenvolvimento Técnico de Mercado da Coopercitrus, compartilha a visão principal por trás desse programa: “Um sistema de produção agrícola estabilizado tende a selecionar organismos maléficos no ambiente, principalmente quando não fazemos o manejo ideal das áreas. Nosso programa combina diversas soluções como mix de plantas de cobertura, análises do ambiente, uso de micro-organismos benéficos, rotação de culturas, seleção de cultivares e manejo integrado de pragas e doenças. Esses elementos são essenciais para um sistema de alta performance”.

Como exemplo, Rossi destaca a integração de um mix de plantas na entrelinha do café, que não apenas beneficia a criação de insetos, favorecendo a polinização, mas que também pode ser aprimorado com a introdução de colmeias de abelhas. Essas soluções integradas fornecem um diferencial significativo em termos de produtividade.

O olhar técnico integrado para o sistema de produção, com indicações de melhorias e planejamento a longo prazo fazem parte do programa da Coopercitrus. Muitos cooperados já aderiram ao plano de regeneração de sistemas de produção de três anos. No final desse ciclo eles irão receber uma análise enzimática de seus solos, fornecendo informações valiosas para otimizar ainda mais suas práticas.

Rossi destaca: “A análise química do solo com o Geofert é fundamental, mas promover a vida e a microbiota no solo garante sua resiliência contra intempéries climáticas e leva o sistema produtivo para níveis de produtividade muito acima da média.

Para apresentar os resultados concretos desse programa, a Coopercitrus irá implantar um campo de demonstração na Fundação Coopercitrus Credicitrus, combinando os pilares de controle biológico para o sistema produtivo. Isso proporcionará aos cooperados a oportunidade de conferir, em primeira mão, os impactos positivos das Bio Soluções nos cultivos de citros.

A Coopercitrus demonstra mais uma vez sua liderança e compromisso com a agricultura sustentável. Ao combinar produtos, serviços e assistência de especialistas, a cooperativa contribui com o crescimento sustentável dos cooperados e promove a regeneração dos sistemas produtivos, preparando o terreno para uma agropecuária mais saudável e eficiente.

Pioneirismo no uso de biológicos

O cooperado Lincoln Junqueira, da filial da Casa Branca (SP), é um nome conhecido na região de São José do Rio Pardo (SP) por ser pioneiro no uso de biológicos na produção de café. A decisão vem garantindo resultados muito satisfatórios, com aumento de 83% na média de produção de café, por hectare.

“Saímos de uma média de 30 sacas de café por hectare para 55 sacas neste ano e estamos muito contentes com esse resultado. Começamos a investir há seis anos”, conta Junqueira, que decidiu cultivar café em uma área que anteriormente era de hortifruti.

Para o feito, o cooperado plantou braquiária, pensando na rotação de culturas, e investiu no sistema de gotejo. “No primeiro ano o cafezal ficou bonito, mas depois ficou bem depauperado. Foi então que fizemos uma análise das raízes, que constatou nematoides no solo. Para resolver o problema, me incentivaram a aplicar nematicidas biológicos e compostos orgânicos”.

Nessa jornada o produtor rural contou com a assistência técnica da Coopercitrus, que o orientou na escolha dos biológicos e na análise de no solo. “A parceria com a Coopercitrus é de longa data, com a cooperativa nos ajudando desde a produção de cana-de-açúcar até a nossa migração para o café. Estamos sempre abertos para novidades e tecnologias. Participamos dos eventos e contamos com um agrônomo na propriedade”.

Formando em administração de empresa, Junqueira faz parte da 12ª geração de produtores rurais da família. “Sou uma pessoa aberta e muito curiosa. Procuro sempre estudar e o que não sei, busco orientação e aprender com os especialistas. Por isso, mantenho a cabeça aberta para as novidades”.

Satisfeito com os resultados do uso de biológico na lavoura, Junqueira conta que abriu a porteira da sua fazenda para promover um dia de campo para os produtores rurais da região. A ação foi realizada pela Coopercitrus em parceria com a Vittia.

“Percebemos ainda um pouco de resistência por parte dos produtores, mas esse é um caminho sem volta. Os biológicos introduzem o que já deveria ter no solo, mas ao longo dos últimos anos só subtraímos da terra. Agora, temos que equilibrar esse bioma. Meu amigo Sérgio Junqueira Reis sempre diz que a terra é a nossa poupança e que temos que cuidar do solo. Os biológicos enriquecem esse solo, criando harmonia e restaurando o equilíbrio”, salienta.

Junqueira também investiu no uso de biológico na produção de cana-de-açúcar e na compostagem: “Na cana-de-açúcar, aplicamos azospirillum para fixar nitrogênio nas raízes. A aplicação dos biológicos pode ser pulverizada ou a via dente, com jato dirigido”, explica.

O produtor rural conta que nos dois primeiros anos o investimento é maior: “No curto prazo não temos resultados tão significativos, pois ainda estamos construindo esse solo. Mas a longo prazo esses resultados são muito evidentes, tanto financeiramente quanto ambientalmente. O solo é a base de tudo e, quanto mais investimos na base, menos pragas atacam a lavoura e mais rica ele fica. E tudo isso está ligado ao biológico”.

Visão ambiental para crescer

Com o olhar atento para a sustentabilidade nos negócios, a cooperada Rosângela Vidotti, da fazenda Lagoinha, de Barretos, SP, decidiu investir no uso de biológicos quando passou a cultivar grãos, há sete anos, como explica o gerente agrícola Ludio Vidotti Villa Real.

“Quando decidimos plantar soja, fiz um curso sobre a cultura e passei a trabalhar com o pessoal de Guaíra (SP) que fazia uso dos biológicos. Logo, passamos a fazer uso associado com o químico. O nosso solo não tinha muitos nematoides e fungos, mas queríamos melhorá-lo, pois com a rotação de cultura pode aumentar a quantidade de fungos e nematoides. Posteriormente, passei a utilizar os biológicos no cultivo da cana-de-açúcar para combater a cigarrinha e os sphenophorus”, detalha o gerente.

Com foco no manejo e no planejamento, Vidotti comemora os resultados na produtividade e na redução dos custos de produção nas propriedades de Barretos, Monte Azul Paulista e Pedregulho (SP). “Assim que passamos a investir nas boas práticas, passamos a ter aumento de produtividade entre 7% e 12%, no ano, dependendo da cultura”.

A compostagem é outra prática adotada: “Temos cinco granjas de frango de corte em Monte Azul Paulista. Passamos a produzir cama de frango, a misturamos com outros produtos e jogamos nas áreas de cana, grãos e citros. Com essa prática de compostagem nós reduzimos a adubação química”.

Para alcançar os resultados tão desejados, ele conta com o suporte técnico do time de especialistas da Coopercitrus: “A cooperativa melhorou muito a assistência técnica nos últimos anos, com novas ideias, tecnologia e inovação”.

O protocolo de manejo desenvolvido para a propriedade focou na análise de solo georreferenciada, por meio do uso do Geofert, e na correção de solo com aplicação de calcário e gesso em taxa variada. “Recentemente nós adquirimos um piloto automático da Valtra pela cooperativa, e a próxima tecnologia que pretendemos aquirir é o drone pulverizador”, complementa.

Vidotti atesta a eficiência dos biológicos e indica para os agricultores: “Faço parte de um grupo de produtores e sempre falo sobre a eficiência do uso de biológico. O químico não irá se extinguir, mas será associado aos biológicos. Mas, infelizmente, os produtores não acreditam na eficiência dos biológicos. Mesmo assim, esse é um caminho a ser seguido”.

O próximo passo é investir no carbono orgânico: “O produtor precisa estar aberto para as mudanças, caso contrário ficará estagnado. É preciso olhar para mercado, inovar e investir em tecnologia para melhorar o solo, o custo de produção e ter rentabilidade alta para avançar”.

Um mercado sem volta para o mercado competitivo

Ao lado do pai, Gerson, o cooperado Renan Casagrande investiu no uso dos biológicos no cultivo de cana-de-açúcar, amendoim e citros em Novo Horizonte (SP) e comemora os bons resultados da lavoura. A gestão do negócio é dividida entre os membros da família, com Gerson acompanhando o dia a dia no campo, sendo responsável pela parte agrícola. Renan trabalha no segmento de inovação de produtos e tecnologias e sua esposa Juliana atua na reprodução bovina na propriedade de Mato Grosso do Sul.

Formando em Engenharia Agronômica, Casagrande passou a estudar sobre a eficácia do uso dos biológicos: “Trabalhei numa companhia que passou a investir na produção de biológicos. Trabalhei em usinas que também falavam muito sobre o uso dos biológicos e procurei estudar e entender sobre o assunto. Nós, seres humanos, prejudicamos muito a diversidade do solo. O nosso foco foi reduzir o uso de defensivos químicos, agregando produtos biológicos ao manejo e reduzindo a carga química. Como consequência, obtemos um sistema mais equilibrado. Outro ponto é a reestruturação do solo, uma vez que a utilização de insumos biológicos traz benefícios extras à microbiota”.

Casagrande explica que os resultados são mensurados a médio e longo prazo: “Conseguimos ter uma grande resposta em termos de produtividade e redução de custos. Mas o resultado não é imediato. Ele chega substancialmente no terceiro ano, com bons resultados na saúde do solo, melhorando com a construção de biodiversidade”.

Casagrande conta que, para realizar o manejo regenerativo, é preciso entender a saúde do solo: “O produtor precisa saber o que foi feito no solo, como a base do manejo, e quais produtos foram utilizados. Com base nessas informações, tomamos uma decisão de como será realizada a construção desse solo. Tudo é estudado. Além de melhorar a qualidade do solo, os biológicos oferecem segurança ao produtor — especialmente aos produtos que são exportados”.

Para Casagrande, o uso dos biológicos é um caminho sem volta: “Investir nessa biotecnologia não aumenta os custos. Depois que o solo estiver estabelecido, ouso dos defensivos químicos é reduzido e fica mais fácil manter o controle de pragas, além de melhorar a saúde do solo”.

Ele conta que, atualmente, o manuseio dos biológicos ficou mais fácil: “Antigamente os produtos tinham que ficar na geladeira, e muitos produtores também eram resistentes por conta dessa dificuldade. Hoje os produtos contam com tecnologias avançadas que suportam temperaturas ambientes. Como os biológicos são organismo vivos, é preciso ter cuidado. Os produtores que adotaram os biológicos de empresas idôneas e que oferecem produtos de boa qualidade têm conquistado bons resultados de produtividade, redução de custos e melhoria no solo”.

Ele conta que aplicou em seu canavial solubilizadores de fósforo, que são microrganismos que, em associação com rochas naturais, são capazes de solubilizar o fósforo e torná-lo disponível para as plantas. São geralmente encontrados no solo ou na superfície das sementes, em pequenas quantidades, e fazem parte da microbiota do solo.

“Ainda irei fazer a análise do solo para mensurar quais foram os resultados com essa aplicação. Com base nessas informações, vamos analisar a base de raiz e entender se poderemos reduzir o uso de fósforo”, explica.

Para a próxima safra, Casagrande prevê a utilização de 100% do uso dos biológicos, como metarhizium, nematicidas, beauveria, inoculantes, aminoácido biológico, solubilizadores de fósforo, condicionador de rizosfera e outros.

Agricultura regenerativa

Ao mudar o sistema de plantio, a família Vital, da filial de Monte Alto, elevou a sustentabilidade na fazenda Germania, em Taiaçú (SP), e ampliou o desempenho na produção milho e leite. Ao lado dos irmãos, o zootecnista Antônio Vital Filho e o médico veterinário Mauricio Vital, o engenheiro agrônomo Marcelo Vital administra o negócio familiar com o suporte da Coopercitrus.

“A parceria com a cooperativa é de muitos anos com a minha mãe Lourdes Abuassi Vital sendo a cooperada. Os meus irmãos são responsáveis pela pecuária e financeiro, e eu administro a parte agrícola”, explica Marcelo Vital.

A família passou a investir no uso de biológicos em 2018 para participar do projeto da Nestlé, que lançou sua primeira linha de produção de leite orgânico. A companhia encerrou a linha de produtos no fim de 2021, mas a família manteve as boas práticas na pecuária e no setor agrícola.

“Na agricultura orgânica não se pode usar adubo químico, herbicida e inseticida. Então substituímos o adubo por esterco, o herbicida pela gradagem e cultivador e, no lugar dos inseticidas, passamos a trabalhar com os biológicos. Na nossa produção, a adubação é feita com o esterco das nossas vacas. Aplicamos cerca de 20 toneladas de esterco bovino por hectare”, explica.

A família investiu no cultivo de milho para fornecer silagem e grãos. “As forragens produzidas eram de milheto, sorgo e milho, mas atualmente, temos priorizado o milho”, complementa.

Graças ao investimento em boas práticas, a família melhorou as condições físicas, químicas e biológicas do solo e a produtividade foi aumentando ao longo do tempo. “Nós saímos de uma produtividade média de 16 toneladas por hectare de silagem de milho para 39 toneladas por hectare, em área de sequeiro. Faço análise de solo desde 2018 e temos observado melhorias no solo a cada ano, quimicamente, com aumento nos teores de fósforo, potássio, cálcio e magnésio. Utilizamos os biológicos no controle de pragas e doenças, porém o nosso maior foco é melhorar as condições fisiológicas e de defesa das plantas”.

Vital detalha quais foram os biológicos que utilizou em tratamento de semente e ou aplicação via sulco de plantio “Aplicamos azospirillum para melhorar a eficiência na absorção do nitrogênio e produção de fito-hormônios promotores de crescimento das raízes e das plantas; aryabhattai que produz substâncias que dão as plantas maior tolerância aos estresses hídricos; Trichoderma, que protege as plantas dos patógenos que estão no solo, além da Beauveria e Isaria para o combate da cigarrinha”.

Para melhorar a eficiência em sua produção, Vital está sempre em busca de informações para investir na produção agrícola sustentável. “Hoje, estamos partindo para o plantio direto, um sistema já consagrado. A adubação que fazemos é com esterco bovino e, futuramente, devemos implantar um sistema de irrigação, todas práticas da agricultura regenerativa”.

Com foco na produção sustentável, a família investiu na instalação de duas usinas fotovoltaicas. “Também temos o projeto de investir em um biodigestor. Os investimentos são altos e não conseguimos fazer todos de uma só vez. Então, investimos gradativamente para termos uma produção sustentável”.

Para os produtores que pretendem investir no uso dos biológicos, Vital aconselha: “Invistam sem medo, pois os biológicos não têm contraindicações, só benefícios. A mudança acontece, mas não é da noite para o dia. E os benefícios compensam os investimentos”.

O avanço dos bioinsumos na agricultura sustentável

O Brasil está liderando a adoção e implementação de bioinsumos. De acordo com o estudo divulgado FarmTrak, divulgado pela consultoria Kynetec, as vendas de insumos agrícolas biológicos cresceram 67% na safra 2021/22 em comparação com o ciclo anterior, totalizando R$ 2,9 bilhões. Isso representa 4% do total das transações no setor de proteção de plantas.

O estudo destacou também a abrangência desses bioinsumos no país. O uso de biológicos abrange 52% da área nacional plantada de cana-de-açúcar, 28% de soja, 26% do milho safrinha, 17% do milho verão e 64% do plantio de algodão.

Na Coopercitrus essa tendência também é notável. Durante a Expo 2023, o faturamento relacionado aos bioinsumos dobrou em relação ao ano anterior, indicando uma aceitação cada vez maior dessas soluções entre os cooperados.

Uma pesquisa da McKinsey, que ouviu mais de 1.500 agricultores no mundo todo, revelou a liderança do Brasil no uso de biológicos. A pesquisa mostrou que 55% dos agricultores brasileiros utilizam o controle biológico em suas fazendas, em comparação com 23% na Europa, 6% nos Estados Unidos e 4% na Argentina. 

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