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Controle de cigarrinhas das pastagens com manejo de biológicos

As cigarrinhas das pastagens são, já faz alguns anos, uma praga de forte importância econômica devido aos prejuízos que têm causado às áreas de pastagens do país. Além dos danos que provocam diretamente às gramíneas, elas trazem um problema de grande relevância: a diminuição da área de pastejo e, consequentemente, baixa capacidade de suporte, culminando na redução da produção de carne e leite. 

São insetos sugadores que atacam os capins de origem tropical, fazendo com que as plantas fiquem com um aspecto amarelado — como se tivessem sido queimadas.

Geralmente aparecem de setembro a abril, e os danos ocorrem de novembro a março, quando há aumento das temperaturas e da umidade pelas chuvas mais abundantes e frequentes.

Espécies O termo “cigarrinha das pastagens” engloba várias espécies do inseto. Algumas delas são: Deois flavopicta e Notozulia entreriana. As pastagens também podem ser atacadas pelas cigarrinhas Mahanarva spp. Algumas espécies desse gênero vêm causando grandes prejuízos para os pecuaristas.

Ciclo O ciclo das cigarrinhas pode variar de acordo com a espécie e condições climáticas do local. Em média, encontramos ciclos de 50 a 60 dias, divididos nas seguintes fases e durações: fase ovo, de 10 a 15 dias; fase ninfa, 30 dias em média; fase adulta, de 10 a 15 dias. Ao longo do seu desenvolvimento, a ninfa, ao se alimentar em raízes superficiais ou na base da planta ao nível do solo, produz e passa a viver dentro de uma massa de espuma. Esta, por sua vez, lhe confere proteção contra perda de umidade e, até certo ponto, contra a ação de inimigos naturais.

Os ataques das cigarrinhas ocorrem em reboleiras, mas rapidamente podem se expandir para toda a área de pastagem. Por conta disso, o pecuarista deve sempre monitorar as áreas.

Tanto as ninfas quanto os insetos adultos causam danos nas pastagens, mas os adultos são os mais prejudiciais. As ninfas se desenvolvem no solo e se alimentam nas raízes, sugando a seiva das plantas e destruindo os vasos condutores, causando uma desordem fisiológica no transporte de seiva e debilitando a planta. Já os adultos, ao se alimentarem, injetam toxinas presentes na saliva nas plantas. Como resultado, pode-se observar listras cloróticas (amarelas) nas folhas, que, dependendo da suscetibilidade da planta, podem evoluir para faixas necróticas (escuras) e afetar toda a área foliar, causando a morte das folhas e até mesmo da planta.

Por consequência, as cigarrinhas afetam a produtividade, o que diminui a produção de raízes das gramíneas. Isso gera um aumento no teor de fibras e redução nos teores de proteína bruta, fosforo e magnésio, interferindo assim na qualidade do pasto. As perdas podem ser temporárias se a infestação for em nível baixo. Entretanto, se o nível de infestação for alto, toda a pastagem pode ser comprometida.

Controle biológico

O controle biológico consiste na introdução de espécies predadoras ou parasitas benéficos em sistemas de cultivo nos quais estavam anteriormente ausentes ou presentes apenas em níveis populacionais baixos. O uso de fungos no controle biológico de insetos está fundamentado no grau de contaminação sobre os insetos, causando doença e morte. O fungo Metarhizium anisopliae tem sido utilizado no controle biológico de cigarrinhas que atacam pastagens e cana-de-açúcar, sendo um dos programas mais antigos, no qual foram realizados estudos de coleta e seleção de isolados com diferentes graus de virulência, especificidade para cada praga visada e adaptação a condições ambientais diversas.

O uso desse fungo demonstra eficiência de até 80% no controle das cigarrinhas da cana-de-açúcar e de até 60% no controle das cigarrinhas das pastagens. A aplicação pode ser realizada com uso de pulverizadores costais, tratores ou aviões, sem a necessidade de retirar os animais da pastagem. Uma das principais vantagens desse método é que o fungo não prejudica o meio ambiente e nem é nocivo à saúde humana. Além disso, o fungo pode permanecer na pastagem por um tempo maior, desde que não haja dias ensolarados e secos até o seu estabelecimento.

O controle biológico é uma alternativa rentável e sustentável para o controle de cigarrinhas da pastagem. No Brasil, o controle biológico tem crescimento exponencial e acelerado com previsão de crescimento de 25% ao ano, média acima do restante do mundo, cuja previsão é de 17%.

Estudos adicionais são necessários com outros fungos entomopatogênicos e agentes de controle biológico, como o micro-himenóptero Anagrus urich, um parasitoide de ovos de cigarrinhas; a larva da mosca Salpingogaster nigra, eficiente predador de ninfas; adultos da mosca Porasilus barbiellini, predadora de adultos de cigarrinhas; e também formigas que podem atuar sobre populações de cigarrinhas, particularmente sobre ninfas recém eclodidas.

Se estes sintomas estão presentes no seu pasto, é sinal de que tem cigarrinha também:

  • Presença de espuma nos pastos;
  • Estrias amareladas nas folhas;
  • Ressecamento das plantas;
  • Morte da pastagem.

Luis Gustavo Rossi, Desenvolvimento Técnico de Mercado Coopercitrus

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