CULTURAS

Plantio de cana-de-açúcar: cuidados necessários na operação

A cana-de-açúcar é considerada uma cultura semiperene, pois na mesma área plantada conseguimos realizar diversas colheitas até que chegue o ponto de reforma ou renovação, onde a produtividade atinge níveis que justifiquem o investimento em um novo ciclo produtivo. O plantio é uma operação que demanda diversos cuidados; sua qualidade e o manejo adotado possibilitam o desenvolvimento inicial com a sanidade e nutrição adequadas. Por isso, este artigo visa apresentar os fatores de atenção e as características essenciais de um bom plantio.

Com o final da safra e o início do ano, o produtor se vê em um momento importante para os canaviais: o planejamento do plantio da cana “de ano e meio”, que possui esse nome pois a cultura é implantada entre janeiro e abril. para aproveitar as condições climáticas. Seu desenvolvimento inicial e perfilhamento ocorrem nos primeiros três meses; no inverno, o crescimento é reduzido e volta a vegetar nos sete meses seguintes (setembro a abril), amadurecendo até atingir 16 a 18 meses.

Dentre as modalidades de plantio estão o plantio mecanizado, adotado principalmente por usinas e grandes grupos para otimização operacional, e o plantio manual ou semimecanizado, utilizado na maioria das áreas produtivas. O plantio manual possui vantagens: menos gastos com mudas, melhor paralelismo, menos falhas e menor incidência de doenças (como a Podridão Abacaxi). Para um bom planejamento é necessário conhecer a etapas do plantio semimecanizado, que são as seguintes:

  • Sistematização e conservação de solo;
  • Preparo de solo, aplicação de corretivos (calcário, gesso, fosfato, etc.) e PPI;
  • Sulcação e adubação;
  • Distribuição de mudas;
  • Picação e alinhamento;
  • Cobrição e tratamento de sulco.

A primeira operação a ser realizada é o que chamamos de sistematização, que engloba o levantamento topográfico e mapeamento de todo o terreno, determinando os talhões, carreadores principais e secundários. A divisão de cada talhão leva em consideração suas características de solo, ambientes de produção e topografia. É comum dividir os talhões entre 10 e 20 ha. A sistematização visa a otimização operacional, estabelecendo linhas de plantio maiores, evitando manobras e pisoteio. Desse modo, os princípios de conservação de solo devem ser levados em consideração, bem como a determinação dos terraços necessários a cada terreno.

Figura 1: Projeto de sistematização.

Ao fim da sistematização, para o início do preparo de solo, é necessário conhecer melhor a área: sua fertilidade, histórico de pragas, doenças e plantas daninhas. Assim, o produtor pode estabelecer o manejo a ser seguido, determinando a ordem das operações, os corretivos a serem utilizados (para a melhora da fertilidade e construção do perfil de solo), o controle de determinadas pragas de solo, bem como a necessidade de pré-plantio incorporado (PPI) para o controle de plantas daninhas mais preocupantes. Deste modo, estes fatores poderão ser corrigidos com operações conciliadas ao preparo de solo. Após realizado o preparo e correção, seguimos para a sulcação que, através do implemento sulcador, aplica também o fertilizante NPK, garantindo a nutrição exigida pela cultura, com foco em fósforo no sulco de plantio e teores menores de nitrogênio e potássio. Este último é fornecido em maior quantidade no momento da operação de “quebra-lombo”.

Figura 2: Boletim 100, IAC (2022).

A qualidade da sulcação deve ser rigorosamente observada para que se garanta a brotação de todas as gemas e consequentemente um canavial sem falhas. Dentre os fatores que deverão ser observados estão o número de gemas viáveis/m (de 14 a 18, podendo variar a depender da variedade), paralelismo e espaçamento (1,5m, com variação de no máximo 5 cm), profundidade de sulco (20 a 35cm, de acordo com a época do plantio), sulco trapezoidal (que evite a formação de bolsões de ar) e a camada de recobrimento das mudas (de 5 a 8 cm).

Figura 3:Implemento sulcador.
Fonte: Prof. Dr. Alexandrius M. Barbosa

A sanidade das mudas que serão utilizadas deve ser altíssima, fornecendo brotação eficiente. No plantio semimecanizado as mudas são cortadas com facão, transportadas ao local de plantio e distribuídas de forma manual. Após a distribuição no sulco, serão picadas e alinhadas (também manualmente) para posterior cobrição mecânica. A escolha da variedade a ser utilizada na formação do canavial é um ponto chave. O produtor deve optar por aquela que melhor se adapta às características de solo e ambiente de sua propriedade, a fim de que se tenha a expressão máxima do potencial produtivo. Além disso, a resistência ou tolerância do material a determinadas doenças, sua precocidade e riqueza em açúcar são fatores determinantes para a escolha da variedade correta.

Figura 4: Corte e distribuição de mudas no sistema de meiosi.

A cobrição é realizada pelo implemento cobridor que, antes de cobrir as mudas alocadas no sulco, pulveriza o que chamamos de “tratamento de sulco de plantio”. Esse tratamento é realizado com a aplicação de calda visando o controle de pragas e doenças, fornecimento de micronutrientes e estímulo ao desenvolvimento e brotação da cultura. Para isso, utilizam-se defensivos químicos e/ou biológicos, fontes de nutrição, condicionadores de solo e bioestimulantes. Conhecer o histórico da área é de suma importância para que se adote o manejo adequado a cada realidade.

Figura 5: Implemento cobridor.

Para áreas de plantio a atenção ao controle de pragas e doenças é ponto chave no sucesso da operação. Dentre as principais pragas podemos citar os cupins, o Sphenophorus levis, conhecido como bicudo da cana, e o Migdolus Fryanus que, isolados ou em presença simultânea, causam diversos prejuízos ao estabelecimento do canavial. Além disso, nos últimos anos, diversos estudos evidenciaram a necessidade do tratamento para controle de nematóides (patógenos parasitas do sistema radicular da cultura). Seu ataque reduz a absorção de água e nutrientes, gerando perdas de até 30% do potencial produtivo dos talhões.

Dentre as doenças de sulco de plantio, a mais relevante é a Podridão Abacaxi, causada pelo fungo Thielaviopsis paradoxa (forma imperfeita do fungo Ceratocystis paradoxa), que penetra na planta através de cortes e ferimentos, tais como aqueles gerados pela picação das mudas. Outros fatores como baixas temperaturas, utilização de gemas velhas, sulcação muito profunda e plantios em solos secos ou muito encharcados favorecem a manifestação da doença. Os sintomas mais comuns são encharcamento das extremidades e coloração avermelhada dos tecidos danificados, que com o tempo ficam pretos. Outro sintoma característico é a fermentação dos toletes, apresentando forte cheiro de abacaxi. Para o controle da doença no tratamento de sulco de plantio é possível utilizar métodos químicos e biológicos, assim como a prevenção mecânica, que consiste na realização do menor número possível de cortes nas mudas. Assim, é necessário atenção ao preparo da calda do tratamento do sulco de plantio, priorizando a utilização de produtos compatíveis ou até mesmo sinérgicos. Recomenda-se a utilização de adjuvantes, como por exemplo os compatibilizantes de calda, e o volume a ser aplicado pelo cobridor deverá ser de 100 a 150L/ha. Na figura abaixo podemos observar a ordem de mistura a ser seguida para o preparo da calda:

Figura 6: Ordem de mistura.
Fonte: Damo et. al. 2020 (Adaptado de Decaro Junior, 2019).

Portanto, os cuidados na operação de plantio, expressos neste artigo, são necessários para que se obtenha sucesso na implantação de novas áreas. Uma base bem formada, com a nutrição exigida pela cultura, a escolha da variedade correta e o bom manejo de pragas e doenças são os primeiros passos para um canavial longevo e saudável. É valido ressaltar que todas as ferramentas e recomendações expostas anteriormente podem ser obtidas com o time da Coopercitrus. Procure a unidade de negócios mais próxima e agende uma visita de nossos agrônomos para auxiliá-lo em todo o sistema de produção da cana-de-açúcar.

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